Entrevistas

Pop Javali: Rumo à Europa

Por André BG | Em 12/09/2015 - 14:55
Fonte: Alquimia Rock Club

 

Com seus mais de 20 anos de estrada e se firmando como uma das melhores bandas do Brasil em seu estilo, o power trio de Hard Rock/Heavy Metal Pop Javali formado por Marcelo Frizzo (baixo e vocal), Jaéder Menossi (guitarra) e Loks Rasmussen (bateria) vem divulgando seu segundo álbum de estúdio, o elogiado  The Game Of Fate, trabalho que vem rendendo ótimas criticas por parte de publico e mídias especializadas,   já tendo sua primeira turnê pela Europa marcada para o mês de outubro. Marcelo Frizzo e Loks Rasmussen falaram sobre esse e outros assuntos na entrevista que você confere a seguir:

 

Alquimia Rock Club: Primeiramente gostaríamos de agradecer por concederem essa entrevista para o Alquimia Rock Club. Vamos começar falando um pouco sobre o Pop Javali para quem ainda não conhece a banda. Como e quando vocês começaram e quais são as influencias e propostas da banda?

 

Marcelo Frizzo: Nós é que agradecemos pela oportunidade, é uma grande honra! Pop Javali é uma banda de Hard/Heavy Rock, formada em 1992, com uma proposta de som autoral, cantado em inglês, influenciado pelas bandas clássicas do gênero, principalmente dos anos 70 e 80. Led Zeppelin, Deep Purple, Iron Maiden e Rush são algumas das influências marcantes da banda.

 

Alquimia Rock Club: Vocês já são músicos bem experientes e obviamente devem ter muitas ideias e gostos distintos, como vocês lidam com isso na hora de compor?  

 

Marcelo: Na verdade nosso gosto é bem parecido. Somos de uma mesma geração de roqueiros e crescemos ouvindo as mesmas coisas. Na hora de compor isso fica bem evidente e há uma sintonia muito forte entre nós.

 

Loks: Além das influencias em comum, também temos o costume de um mostrar para o outro algumas bandas novas. Na hora de compor vale muito a proposta de cada música, todos opinam nos arranjos e detalhes, e isso é encarado de forma natural por todos.

 

Alquimia Rock Club: Vocês estão divulgando seu segundo álbum de estúdio, The Game Of Fate, lançado no ano passado, fale um pouco sobre esse trabalho, como se deu o processo de composição, produção e como tem sido a repercussão?

 

Marcelo: The Game Of Fate foi produzido pelos irmãos Ivan e Andria Busic (Dr. Sin) e traz 11 músicas inéditas da banda, compostas entre 2012 e 2013, numa fase mais madura dos músicos. A repercussão é a melhor possível, no Brasil e em outros países. 

 

Loks: As composições fluíram muito naturalmente durante um período que estávamos divulgando nosso primeiro álbum, No Reason To Be Lonely. Nesse meio tempo já tocávamos algumas músicas que estão no The Game Of Fate, até por teste de como soavam ao vivo. Estamos trabalhando na divulgação com ótimas parcerias de marketing e através disso temos sentido uma repercussão muito além de nossa imaginação, Tanto que estamos embarcando para o velho mundo por conta desse ótimo trabalho que vem se estabelecendo.

 

Alquimia Rock Club: Apesar de estarem lançando apenas o segundo álbum de estúdio, a banda já tem um tempo bem razoável de estrada, sendo formada em 1992. Entre a formação da banda e o álbum de estreia lançado apenas em 2011, há um intervalo considerável, qual o motivo da demora em lançar o primeiro álbum de estúdio? 

 

Marcelo: Decidimos aguardar um momento de maturidade musical e não queríamos lançar um trabalho de forma independente. Assim, quando pintou uma chance de gravar com apoio de uma gravadora, resolvemos compilar o que tínhamos de melhor em termos de composições ao longo de anos e registramos o álbum “No Reason to be Lonely” em 2011. 

 

Loks: A oportunidade mais interessante que tivemos veio apenas depois de todo esse tempo. Antes tínhamos umas pré-produções, esperamos o momento certo para lançar. Também nesse período tivemos alguns compromissos particulares que acabaram adiando um pouco nosso trabalho em conjunto, mas estamos mais produtivos do que nunca e já está no forno o terceiro álbum. Novidades em breve.

 

Alquimia Rock Club: Com esse intervalo considerável para lançar o primeiro trabalho, obviamente que muita coisa deve ter mudado, houve uma grande evolução técnica na banda que obviamente deve ter refletindo no resultado final em estúdio. Quais foram as principais mudanças e evoluções na opinião da banda?

 

Marcelo: As principais mudanças são na parte física. Hoje temos que tomar muitos anti-inflamatórios e relaxantes musculares (risos). Mas, falando sério, houve uma evolução técnica em grupo e individualmente, sem dúvida. Tanto pelas “horas de vôo” quanto pelo fato de que nunca paramos de estudar. Todos estudam por horas, todos os dias, até hoje. Sabemos que estamos começando todos os dias.

 

Loks: Tivemos tempo de estudar mais, nos preparar mais, além da experiência. Todos se esforçaram muito fora banda para alcançarmos um ótimo desempenho. Uma coisa que considero muito importante também, foi o fato da banda não “parar no tempo”. Estamos sempre buscando novas influencias e tendências que nos incentivam muito como músicos e banda.  

 

Alquimia Rock Club: Muita coisa mudou na cena Rock/Metal no Brasil desde que a banda foi formada, como vocês vêm a cena nos dias de hoje e onde o Pop Javali se encaixa nesse contexto? 

 

Marcelo: Imagine um “filho”. Se você tem um filho, vai sempre achá-lo lindo! E, normalmente, acha que é mais lindo que os demais. O que acontece na cena brasileira atual é que todo mundo tem um “filho”, ou seja, as facilidades do mundo moderno provocaram um fenômeno em que facilitou a vida pra que todo mundo seja músico e/ou tenha uma banda. Isso explica em parte o ‘porquê’ da cena atual estar tão difícil. Antes, as pessoas tinham prazer em ver outros músicos tocando, seja para prestigiar, seja para aprender. Eu, particularmente, aprendi muito assistindo grandes músicos tocando ao vivo.  Hoje, há uma “preguiça” e uma apatia para isso; a maioria dos ‘roqueiros’ não acha necessário ver outros músicos tocando, muitas vezes acredita que não vai acrescentar nada ao seu ‘conhecimento’. Isso resulta em eventos sem público.

 

Loks: O mundo mudou com a internet, poucos vão a shows, compram discos e se interessam por bandas novas e autorais. Isso fez parte de nossa adolescência (ir a shows, comprar discos, etc). Temos que nos adaptar com essa nova realidade.

 

Alquimia Rock Club: Ainda falando sobre a cena nacional, recentemente o Dr. Sin anunciou o fim de suas atividades, vocês tem uma história bem próxima a eles, como  viram o encerramento das atividades deles? 

 

Marcelo: Foi a pior notícia do ano pra gente. Estamos muito tristes. Mas a relação de amizade e laços fraternos que temos nos leva a respeitar a decisão deles. Mas sempre terão nosso apoio e torcida caso voltem atrás com essa decisão daqui há um tempo.

 

Loks: Eu particularmente vejo de uma maneira, não sei se a mesma de meus companheiros. O desgaste emocional é muito grande pra manter uma banda como o Dr. Sin aqui no Brasil. Tem que matar um leão por dia pra sobreviver e talvez as mudanças na cena foram tão rápidas que eles não tiveram tempo de absorver isso. É muito triste pra todos nós ter uma de nossas maiores referências anunciando o fim da banda, mas consigo entender os motivos. Pare para analisar o trabalho dos caras do Dr. Sin e compare com o que “é sucesso” na mídia. Eu não sei como eles não estão vivendo a base de antidepressivos e não tentaram o suicídio.

 

Alquimia Rock Club: O Pop Javali já dividiu o palco com bandas consagradas mundialmente como Deep Purple, Uriah Heep e mais recentemente o Ugly Kid Joe, como foi a experiência de dividir o palco com essas feras?

 

Marcelo: Sem dúvida uma experiência incrível. Os caras do ‘UKL’ são muito simpáticos e receptivos! Uriah Heep é um ícone do gênero. Mas o ápice foi tocar ao lado do Purple, é um sonho que até hoje nos deixa encantados! Foi absolutamente demais e nos trouxe uma ótima bagagem em termos de ‘shows internacionais’. Aprende-se muito num evento singular como esse.

 

Loks: Vi uma luz no fim do túnel, ao mesmo tempo em que me senti parte dessa festa que é o rock. Às vezes levamos tudo muito a sério, quando o que basta é ser feliz. Abrir para essas bandas, além de nos expor no mercado e nos trazer muita felicidade, pôde nos mostrar que é possível um dia estar fazendo isso pelo mundo afora com muitos outros artistas.

 

Alquimia Rock Club: A banda está prestes a embarcar em sua primeira turnê pela Europa, como surgiu a oportunidade e quais as expectativas com relação a essa primeira experiência no velho continente?

 

Marcelo: O advento da internet proporciona essas oportunidades. A música de um artista brasileiro pode romper barreiras e chegar aos ouvidos do mundo de forma intensa. Foi assim que a Europa conheceu o Pop Javali – e gostou! O resultado é essa ‘tour’ de 10 shows para os quais as expectativas são as melhores possíveis! Vamos fazer o nosso “melhor” pra que a repercussão seja altamente positiva!

 

Loks: As expectativas aumentam cada minuto que passa, e é uma mistura de sentimentos. Ansiedade, preocupação, euforia, tudo ao mesmo tempo, mas vamos fazer o que mais amamos que é tocar e creio que isso tudo se deva pelo fato de ser uma experiência nova pra banda e tudo deve acabar quando embarcarmos. A meta é estabelecer vínculos e conseguir ampliar nossa carreira, ganhar respeito e ficarmos conhecidos internacionalmente, e colher frutos que no Brasil estão cada vez mais escassos.

 

Alquimia Rock Club: Quais os planos para o futuro próximo da banda? Vocês já trabalham em novas composições para um lançamento futuro ou ainda é cedo para pensar nisso?

 

Marcelo: Já temos as músicas do próximo álbum. Esse é um objetivo bem claro, o terceiro álbum. Mas, por conta da tour européia, ainda não definimos detalhes de datas de gravação e lançamento do trabalho. Assim que voltarmos da viagem, esse assunto passa a ser prioridade!

 

Loks: Também vamos gravar um álbum ao vivo na Europa e provavelmente deve sair no começo do ano. Já temos outro álbum praticamente pronto e ainda tem os clipes que estamos desenvolvendo. Ou seja, muito, muito trabalho.

 

Alquimia Rock Club: Mais uma vez, agradecemos por concederem essa entrevista para o Alquimia Rock Club, o espaço é todo de vocês para darem um recado final ao publico. 

 

Marcelo: A cena pode estar passando por um momento de ‘baixa’, mas graças ao trabalho louvável de mídias como o Alquimia Rock Club,  vamos continuar firmes e fortes e, em breve, vai haver uma reviravolta no cenário. Rock não é moda, é um estilo de vida, uma atitude! E isso nunca morre! Parabéns pelo excelente trabalho a todos os envolvidos no Alquimia Rock Clube! E a todos os amigos e leitores, muitíssimo obrigado! Long Live!

 

Loks: Obrigado mais uma vez. Á Alquimia Rock Club, Long Live. São tempos difíceis, mas ainda não é o fim do mundo. Seguimos tentando chegar a algum lugar, mas que lugar é esse? Não sabemos ao certo, mas dias melhores virão, e são esses que o Pop Javali quer dividir com vocês.

 

 

 

Confira a resenha do álbum The Game Of Fate, segundo trabalho da banda: http://www.alquimiarockclub.com.br/resenhas/4619/

 

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