Entrevistas

Nox Eterna

Por Fabiano Cruz | Em 31/08/2009 - 22:01
Fonte: Alquimia Rock Club


O Brasil sempre teve competentes bandas no Heavy Metal, porém a maioria, sendo profissionais e tendo excelentes trabalhos, ainda são desconhecidas pela maioria do público. Muitos meios de comunicação ajudam nessa parte, e no Metal Battle de 2007 – uma disputa entre bandas que a vencedora consegue uma vaga pra tocar no famoso festival Wacken Open Air na Alemanha – uma banda de Jundiaí, interior de São Paulo, se destacou com seu Heavy Metal Tradicional. O Nox Eterna, depois de 10 anos no undergroud, ficou conhecido na cena de São Paulo. Recém lançado seu primeiro full-lenght, o Alquimia Rock Club teve o prazer de conversar com o vocalista Renato Zomignani, onde ele nos conta um pouco do trabalho e da história do Noz Eterna

 


Alquimia - O Nox Eterna já tem mais de 10 anos de estrada, que foi formada em 1996. Como foram os primeiros anos de banda até a chegada do primeiro registro, a Demo de 2003?

 


Renato Zomignani - Nos primeiros 5 anos a banda apenas ensaiava, pois tínhamos uma preocupação de apenas tocar em público quando todos os integrantes se sentissem à vontade para fazê-lo. Desde o início, porém, a gente já compunha nossas próprias músicas e tínhamos como objetivo sempre nos manter criando. Claro que também tocávamos covers, mas o foco sempre foi o material próprio. Nesses primeiros anos a formação da banda mudou bastante e isso contribuiu com a demora para fazermos nosso primeiro show, que só ocorreu em abril de 2001 (nesse dia tocamos 15 músicas, das quais 13 eram nossas). A banda estabilizou-se em termos de alterações e foi com o line-up dessa primeira apresentação que gravamos a demo de 2003. Felizmente as resenhas foram muito satisfatórias, realmente muito boas e isso nos deu muita confiança enquanto banda.

 


Alquimia - Com o EP Lady in White, de 2007, a banda começou a despontar no Heavy Metal nacional, inclusive participando da seletiva Brazil Metal Battle, onde o vencedor garante uma vaga pra tocar no Wacken Open Air. Como foi participar desse importante evento?

 


Renato Zomignani - Esse nosso segundo registro foi o destaque na seção “Garage Demos” da revista Roadie Crew. Creio que a partir desse ponto nosso nome ganhou um pouco mais de atenção, tanto que fomos selecionados pro Metal Battle, que é organizado pela própria revista. Participar do evento foi muito interessante, não apenas do ponto de vista de aparecer para um público maior, mas também de ganharmos experiência, mais tarimba enquanto banda ao vivo. Participamos exatamente da mesma seletiva do campeão daquele ano, o Torture Squad, que mais adiante venceria também a etapa mundial do concurso, na Alemanha.

 


Alquimia - A banda recentemente lançou Mind Abduction, o primeiro full-lenght, o que se destaca pela excelente produção e gravação, lançado de forma independente. Como foi o processo de criação dele?

 


Renato Zomignani - Na verdade a demo “Lady In White” acabou se tornando um “single” pro álbum, já que as 3 faixas estão presentes no “full length”. O que fizemos foi gravar mais 5 faixas (uma delas uma regravação de uma música da primeira demo) e uma intro. Realmente a produção e a gravação merecem os elogios, já que o fizemos no Cia do Som, um renomado estúdio da nossa terra natal Jundiaí, sob os cuidados do nosso grande amigo Ricardo Cecchi. O processo de criação e gravação foi bastante natural, pois juntamos algumas músicas mais antigas com as mais recentes até então e creio que ficaram bem balanceadas no contexto do álbum.

 


Alquimia - As músicas têm um peso e belas melodias na medida exata, num Heavy Metal Tradicional empolgante, com algumas passagens bem Hard Rock. Quais as influências da banda? E, em particular, os vocalistas que te influenciaram?

 


Renato Zomignani - Obrigado pelos elogios. As influências são bastante variadas, pois cada um de nós gosta de muitas coisas que acabam sendo diferentes umas das outras. Com certeza isso acaba ajudando muito na essência do som do Nox. Naturalmente nota-se algumas delas no nosso som, porém creio que nossa identidade esteja acima delas. Penso que evoluímos muito nos últimos anos e sinto que isso continuará acontecendo nos próximos. Tem alguns nomes que nos influenciam mais diretamente, como Iron Maiden, Savatage, In Flames, Iced Earth entre outros, além de uma veia bem Hard Rock em algumas passagens e refrões. Particularmente, como vocalista, tenho muitas influências. Primeiramente Bruce Dickinson, absoluto. Também curto demais Ian Gillan, Dan McCafferty, David Coverdale, Sebastian Bach, Joe Lynn Turner, Zak Stevens, Paul Di´anno entre outros.

 


Alquimia - A faixa Corporate Mind Abduction foi citada numa revista como uma das principais e melhores composições de uma banda nacional no ano. Pode-se afirmar que ela mostra a identidade do Nox Eterna?

 


Renato Zomignani - Foi muito legal esse reconhecimento. Na minha opinião é uma faixa fortíssima, digna de abertura do álbum mesmo e é lisonjeador quando pessoas gabaritadas notam o valor na sua criação. A partir disso espero que muitos leitores tenham ficado curiosos em escutar e ver se teriam a mesma conclusão pois acho que não iam se desapontar (risos). A opinião deles é igualmente importante pro nosso trabalho. Sobre a questão de ela mostrar nossa identidade, acho complicado afirmar pois na minha opinião nossas músicas variam entre si e todas elas tem o nosso toque. Por outro lado tenho certeza sim que é um excelente cartão de visitas.

 


Alquimia - Outra faixa de destaque, A Romantic Act of Tragedy, tem um trabalho de guitarras bem legal, principalmente por em alguns trechos lembrar muito o Iron Maiden na fase do Blaze Bailey, mostrando um perfeito trabalho dos guitarristas.

 


Renato Zomignani
- Exato. Quando estávamos reunidos compondo essa música me lembro bem de ter dito ao Renato (guitarrista) que os duetos e o clima do solo me lembrara especificamente a época do “The X Factor”. Porém o restante da música já foge disso.

 


Alquimia - As três faixas do Ep Lady in White ( Behind, 10.000 Points of Light e Lady in White ) mais a …And Lost My Will to Live – para mim uma das melhores músicas da banda e um dos pontos altos do CD! – foram reaproveitadas. Elas foram regravadas pela atual formação ou somente remixadas? E o porquê de utilizar elas novamente? Um material inédito não seria mais vantajoso?

 


Renato Zomignani - Quando se trabalha de maneira independente, onde os custos recaem única e exclusivamente nos nossos ombros, nem sempre conseguimos fazer tudo numa empreitada só. Sendo assim, optamos por aproveitar as 3 faixas do EP anterior. A “...And Lost My Wil to Live” foi uma opção pois sempre desejamos que ela estivesse no nosso primeiro full, já que em todos os shows a tocamos e parte do pessoal a conhece bem, cantando sempre junto inclusive. Sem contar que com isso dá pra notar claramente a evolução que a banda teve desde a gravação dela em 2003 e acaba servindo como parâmetro pra quem também escutar nosso primeiro registro. Portanto essa faixa foi gravada já pela formação atual (exceto o Ricardo, baterista, que entrou pouco depois, a tempo de ter as fotos no encarte), diferentemente das outras 3 citadas, que apenas passaram por um processo de “aproximação” com a sonoridade das novas músicas.

 


Alquimia - E quais os sons que vem sendo destaque nas apresentações ao vivo do Nox Eterna? Já tem alguma que seja bem conhecida dos fãs?

 


Renato Zomignani - Em geral todos eles tem funcionado bem. Como disse, “...And Lost My Will To Live” já é uma velha preferida da galera. “Corporate Mind Abduction” e “Flirting With The Devil” agitam bastante também. Mesmo algumas composições mais recentes, pós “Mind Abduction”, já vem sendo mostradas ao vivo e o pessoal tem dado uma ótima resposta. Não posso deixar de destacar, porém, “On And On”. Desde quando a compusemos todos sabíamos do potencial dela, especialmente por ser uma música repleta de feeling culminando no refrão, o qual é bem fácil de cantar. Confesso que a cada show me surpreendo com a resposta do público com esse som. Mesmo pessoas que nunca a ouviram antes acabam cantando junto, é uma sensação maravilhosa tocá-la ao vivo.

 


Alquimia - Nesses anos de carreira, o Nox Eterna sempre teve problemas com formações de integrantes, sendo você o único remanescente desde 1996. Como você vê o legado que cada integrante que passou deixou para a banda? E a atual formação pode-se considerar já estabilizada e a melhor que a banda já teve?

 


Renato Zomignani - Com certeza tem muita gente que passou pela banda que merece um lugar especial em nossa memória (seria injusto citar apenas um ou outro), ao mesmo tempo em que alguns não deixaram um pingo de saudade (risos). Mas a maioria sempre se dedicou a fazer sua parte e durante o tempo que estiveram na banda vestiram a camisa. E sim, olhando pra trás, para todos esses anos passados, pessoas indo e vindo, posso afirmar que essa é a melhor formação que o Nox Eterna já teve. Lembro-me de mais duas ou três formações passadas que foram marcantes e importantíssimas, porém espero que essa seja a definitiva. A química, especialmente na hora de compor, nunca esteve tão aflorada. Absolutamente todos contribuem e não apenas em termos de composições, mas também de correr atrás das coisas, de fazer algo para que a banda aconteça. Definitivamente, todos estamos remando pro mesmo lado.

 


Alquimia - A belíssima arte do CD e o novo logo foram criados pelo Luis Felipe. Ele criou tudo sozinho ou foi a banda conjunta, como podemos ver nas composições onde todos participam do processo?

 


Renato Zomignani - O Luís tem um talento enorme não apenas como baixista, pode-se notar (risos). O novo logotipo já era uma antiga requisição nossa, já que o anterior não era muito Heavy Metal, parecia mais Thrash, Death e apesar de gostarmos dele, não tinha tanto a ver com a banda. Sendo assim ele criou esse novo, que agora sim entendemos ser a nossa cara. A capa ele fez a partir do momento que resolvemos batizar o álbum de “Mind Abduction”, com um ou outro toque que íamos sugerindo e ele aperfeiçoando. Se você prestar bastante atenção nas letras, vai poder notar várias referências de algumas das músicas na própria capa. Ela é realmente linda. O encarte também é tudo criação do Luís. Todos adoramos o resultado final.

 


Alquimia - Quais os projetos para a banda agora após o lançamento do primeiro álbum?

 


Renato Zomignani - Batalhar firme na divulgação do Cd, de diversas formas. Estamos sempre abertos a propostas por shows e esperamos que sejam cada vez mais frequentes agora. Também estamos lutando bastante para que o nome do Nox Eterna seja levado adiante e entrevistas como essa ajudam muito. E claro, a internet (incluindo as rádios online), que é uma ferramenta de divulgação indispensável hoje em dia. Tudo está interligado e faz parte do nosso interesse global, que é cada vez crescer mais.

 


Alquimia - O Alquimia Rock Club agradece a entrevista e deixa o espaço aberto para a banda!

 


Renato Zomignani
- O Nox é que agradece o espaço. Desejamos muita sorte para vocês também e que continuem com o trabalho de primeira. Queria muito também agradecer ao pessoal que sempre nos deu força e aos novos que se juntam a eles logo que conhecem a banda. Espero que você leitor também fique curioso e pesquise nosso som. Trabalho honesto com certeza absoluta será encontrado. Caso gostem, façam barulho, mostrem pros seus amigos, corram atrás de mais informações. Aos poucos o Nox está caminhando, e na direção certa (risos). Esperamos encontrá-los nessa caminhada. Um forte abraço a todos!! Nox Rox!!



 





Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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