Resenhas

Guns 'n' Roses - 2008 - Chinese Democracy

Por Paulo Araújo | Em 06/04/2009 - 15:28
Fonte: Alquimia Rock Club

Esta é uma resenha muito difícil de escrever, por que? Explico: Uma banda que praticamente foi esfacelada, ficando na linha de frente criativa a pessoa que era praticamente a última neste processo, com músicos escolhidos a seu gosto.

Dentro do cenário proposto é preciso abrir a mente e desconectar tudo o que conhecemos como Guns ‘n’ Roses até o momento, aceitar este disco como uma nova banda.

Até este ponto tudo bem, mas o problema é que o próprio album não lhe deixa fazer isso, encontramos muitos elementos repetidos no disco, isto seria muito bom se fossem colocados de forma natural nas músicas, mas vemos uma repetição mecânica, principalmente o que classifiquei de sindrome de Slash. Percebemos logo na música de abertura Chinese Democracy um excesso de solos e escalas parafraseadas em meio aos versos.

É visivel também a grande influência que trouxe à banda o guitarrista Robin Finck, este que é o único membro que realmente durou dentro da banda, estando lá a 13 anos. O som da banda começou a soar bastante industrial, mas é sabido pelos mais assíduos que este era um dos desejos do Sr. Rose.

O Albúm tem alguns momentos de lucidez como na segunda faixa Shackler’s Revenge, o instrumental dos versos é muito bom, mas é no minimo estranha sua introdução e refrão que sofrem muito da doença que citei anteriormente, na verdade ouvindo a primeira parte do albúm tenho a nitida impressão de estar numa pastelaria tamanha a fritação de guitarras, mas admito que os versos desta faixa me agradaram.

A faixa seguinte Better começa muito estranha, matendo a linha industrial, mas após a introdução somos supreendidos novamente com uma linha  de vocal bem executada por Axl, mas a musica volta a pecar no refrão industrial e berrado, após o solo temos um momento Metallica fase load e reload que é muito estranho, apesar da mudança drástica de vocais a todo momento é uma das faixas mais lúcidas de Axl.

Street Of Dreams é uma faixa que lembra a fase use your illusion, ou seja mais uma vez o album não me deixa esquecer o antigo guns n roses.

A musica If the Word não consegui defini-la, ao mesmo tempo que tenho a nitida impressão da influência latina na musica, me perco em meio a elementos industriais do trabalho.

There Whas a time é mais uma faixa em que temos a nova faceta da banda exposta, abusando do vocal meloso e de elementos industriais nas guitarras, mas o ponto alto desta faixa é que ela  se mantém em uma única toada, não variando abruptamente. Mas nesta faixa sofremos novamente da sindrome de Slash, tenho a nitida sensação de ter ouvido o solo da música, nos remete escandalosamente a fase use your illusion.

Cachter in the rye começa totalmente a lá David Coverdale (o que é bom por sinal), mas neste ponto do album começamos a ficar enjoados do disco com a repetição constante dos mesmos elementos das outras faixas, principalmente a linha de vocal de Axl, que se repete vez após vez.

Scraped é uma música bisonha logo de cara com Axl tentando fazer  um solo vocal, nos passa a impressão de que irá começar uma musica suave, mas somos surpreendidos com um som Sujo e pesado com bastante elementos de new metal, a faixa até seria boa se não fosse cantada por axl, que está mais irritante do que nunca com seus berros.

Riad n’ the bedouins começa sombria assim como a musica tema, mas logo de cara irrita com os berros remendados de Axl, nesta música é visivel as remendas de estudio do album, fora que temos a nitida sensação de ele querer provar que ainda pode cantar em alto nivel nesta música, mas em resumo irrita, mais uma musica que se o vocalista fosse outro seria uma faixa interessante.

 A décima faixa sorry, poderia ser nomeada como don’t cry II, creio que seria menos constrangedor a tentativa de resgate de momentos anteriores da banda.

I.R.S. é mais uma faixa que não me deixa pensar em outra coisa a não ser uma tentativa mal-sucedida de resgate do antigo Guns, mais uma faixa que Axl grita demais e irrita o ouvinte.

A faixa Madagascar creio que foi a única faixa que me agradou por completo deste albúm, não sou fã do som apresentado, porém é a faixa mais limpa e coesa do disco, esta é uma das faixas mais conhecidas pelos fãs, esta inclusive foi executada no Rock In Rio III. Apesar de um mergulho em Use your illusion o resultado é satisfatório.

This I love classificada por muitos fãs da banda como uma obra prima, sinceramente não agradou, Axl volta a exagerar em sua tentativa de provar algo a que ninguém o desafiou.

Mudando do ambiente de amor para a promiscuidade chegamos a faixa de encerramento prostitute, a musica  com elementos repetidos no inicio, nos  supreende com uma passagem pesada do som e com orgãos bem executados, é mais uma música que não estaria no meu mp3, mas conseguiu deixar uma boa impressão, deixando apenas como ponto baixo o excesso de gritos do Sr. Rose.

Fico muito curioso para assistir uma performance ao vivo das faixas deste album, pois Axl abusa dos efeitos em seus vocais, e muitas vezes dobrando-os consigo mesmo, fiquei muito curioso em saber como ele repetirá esta proesa ao vivo, acredito que estas faixas terão uma perda enorme ao vivo,  justamente por isso.

Outro ponto negativo do album é que percebemos nitidamente a mudança de estilos dos vários integrantes da banda, deixando o trabalho confuso, muitas vezes irritando o ouvinte.

A Feliz surpresa do Album fica por conta do baterista Brain (infelizmente está afastado da banda), superou as expectativas conseguindo encaixar perfeitamente seu estilo a todas as mudanças e direções interpretadas pelo diversos músicos.

Chinese Democracy é um album que podemos dividi-lo em duas partes, a primeira uma furada tentativa de provar que o Guns sobrevive sem o Slash (coisa que eu realmente acredito que sobreviva, o que o Guns não sobrevive é sem seu primeiro guitarrista base Izzy Stradlin) e a segunda parte em que Axl quer provar que ainda é um grande vocalista.

Fui um grade Fã de Guns n’ Roses, porém após o fatídico retorno de 2001 passei a desconsiderar o pseudo Guns de Axl Rose e seus alugados.

 



Paulo Araújo

 Membro Fundador




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