Resenhas

W.A.S.P. - 10.04.10 - Santana Hall - SP

Por Fabiano Cruz | Em 13/04/2010 - 14:52
Fonte: Alquimia Rock Club

Impossível resenhar algo sobre o W.A.S.P. sem falar em mitos, polêmicas e rumores em que envolve o nome Black Lawless. Uma conturbada turnê sul-americana envolveu a banda, com cancelamentos em vários locais e que terminaria em nosso país. Com o cancelamento em Curitiba - conforme a produtora nacional responsável pelos shows no Brasil foi cancelado pela falta de equipamentos e estrutura, o que foi desmitificado em alguns lugares de divulgação pela produtora local, que afirmou que a banda não tocou por dificultar a produção, inclusive falando que o palco estavam conforme o Rider mandado a eles, o que gerou discussões entre as duas -, muitos ficaram apreensivos com a apresentação em São Paulo. Bem... Motivos não faltaram. Primeiro pelo atraso enorme que teve. Marcado para começar 18:30 pontualmente, as portas do Santana Hall só abriram 19:30, com o show começando as 20:30. Muitas pessoas ficaram extremamente nervosas, se achando lesadas e sem respeito. Inúmeros boatos surgiram, mas o fato divulgado pela Rádio Corsário, responsável pelo show em São Paulo, foi o atraso na viagem de Curitiba a São Paulo e o trânsito infernal que enfrentaram no caminho do aeroporto ao local da apresentação (devido a um evento no Anhembi). Isso fez com que a banda ainda tivesse que passar o som e Black Lawless quis fazer isso sem pressa. Boatos e boatos surgiram, de que a banda cansada não queria tocar, de que Lawless meteu o dedo na cara do dono do Santana Hall (o que apressava para começar o show, pois teria mais uma apresentação) e outros rumores, mas nada que possamos aqui escrever com certeza absoluta ou apontar os responsáveis pois não temos nada oficial – a não ser a nota do trânsito em São Paulo -, mas o fato que o atraso deixou muitos fãs nervosos e decepcionados, a ponto de venderem o bilhete e irem para casa.


Mas o atraso teve lá seus lados positivos. Os persistentes ficaram e cada minutos que passavam, mais pessoas chegavam, o que lotou a casa de um jeito que quase não dava para se mover lá dentro. Outro ponto negativo foi o tratamento que a casa deu ao público. Não davam informações (o Alquimia Rock Club com credencial ficava pra lá e pra cá sem saber por onde imprensa entrava), uma única fila para pegar os ingressos, tanto convites, credenciais e público pagante. Isso realmente desanimava, pois era uma total falta de respeito a quem estava lá, principalmente já aturando o atraso. Resultado: fila enorme e tumulto na entrada (com algumas pessoas entrando depois do início da apresentação). E mais um fator: a ignorância dos seguranças do local apressando o público como se nós que tínhamos culpa de tudo aquilo...


Isso afetou negativamente o show? De jeito nenhum! Não sei o que aconteceu nos bastidores, mas a banda entrou arrasando tudo e todos ao som de On Your Knees emendada com The Real Me após a Intro do show. Som perfeito e uma produção de palco simples e magnífica, principalmente pelo gigantesco telão que foi colocado no fundo do palco onde passavam imagens de clipes antigos ou filmagens relacionadas as músicas. L.O.V.E. Machine fez todos os presentes cantar, indo o Santana Hall abaixo logo na terceira música! Crazy, faixa de abertura de Babylon, e Babylon’s Burning, faixas do último trabalho da banda lançado ano passado, mostra que os fãs já conhecia bem as músicas. A banda é perfeita ao vivo. Mesmo com alguns playbacks no fundo (devido ao backing vocals e teclados), as guitarras de Lawless e o excelente instrumentista Doug Blair estavam intimamente precisas, e a cozinha feita pelo baixista (a anos no W.A.S.P.) Mike Duda e o baterista Mike Dupke seguraram a bronca perfeitamente.


Um dos pontos altos da apresentação chega com Wild Child levanto os fãs à loucura. A postura de palco de Lawless é muito boa, um verdadeiro frontman, correndo de um lado ao outro enquanto não canta, e com seu físico de bonachão (na boa, mas o cara ta totalmente fora de forma) o torna ainda mais carismático em cima do palco. O mega-meddley feito com os clássicos Hellion, I Don’t Need No Doctor e Scream Until You Like It deixou todos no Santana Hall sem fôlego por mais de 10 minutos! Espetacular! Um dos discos mais polêmicos (e talvez até injustiçado) do W.A.S.P. ficou presente em três sons seguidos. The Eternal Idol ficou eternizado no show de São Paulo com as músicas Arena of Pleasure, Chainsaw Charlie (Muders in the Rue Morgue) e The Idol. Apesar da agitação que a Chainsaw Charlie causou, deu uma pequena esfriada no público, mas parece que os fãs estavam se guardando com o ápice da apresentação com a I Wanna Be Somebody. Lawless mal tocou no microfone, TODOS na casa cantaram a música, da primeira estrofe ao refrão final. Em anos de shows somente presenciei isso em estádios e com poucas bandas. Num lugar fechado a sensação foi incrível! E com certeza a banda sentiu isso, dava pra ver a cara impressionada dos quatros no palco. Em poucos minutos a banda volta ao bis com a Heaven’s Hung in Black e com a fenomenal (particularmente, acho a mais divertida música do W.A.S.P.) Blind in Texas, o que seria desnecessário falar que o público soltava o refrão com a toda força dos pulmões.


Bem, algumas coisas têm que ser ditas. Primeiro o profissionalismo da banda. Como já falei, não sabemos o que realmente aconteceu nos bastidores e as polêmicas envolvidas com Lawless, mas que foi um dos melhores shows que vi, com certeza foi – inclusive nem tem comparação com a apresentação que fizeram em 2006. E mesmo assim, senti falta de alguns sons, como Ballcrusher, Helldorado, Animal e Kill Fuck Die. Também esperava mais da teatralidade do Lawless... Apesar de ser característico ele não ficar quieto no palco, faltou muita de suas loucuras em palco (como algumas vezes ele trucidando pedaços de carne), como também seu famoso pedestal personalizado; mas nada que tenha diminuído a apresentação. Segundo, a casa que foi motivo de várias discussões. Não me importa nem um pouco se depois teve show de forró. Foi o segundo show que vi La (antes tinha visto o Opeth e o Cannibal Corpse) e se mostrou muito preparada SIM para receber apresentações de Heavy Metal, inclusive com uma acústica bem melhor que muitas casas famosas (alguém ai gritou Credicard Hall?) e com a vista para o palco muito boa; dava porá ver a apresentação de boa em qualquer lugar que você estivesse (e nem vou começar a comentar aqui horários e preços porque o texto vai ficar longo e desvirtuado do assunto)


Enfim, apesar de todos os problemas que fãs, produtores e banda passaram (e que devem ter passado que não sabemos), foi uma das melhores apresentações que vi em vida. So acho que dificilmente o W.A.S.P. volte tão cedo a América do Sul por causa dos ocorridos...


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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