Resenhas

Orphaned Land - 2010 - The Never Ending Way of ORwarriOR

Por Fabiano Cruz | Em 13/04/2010 - 15:09
Fonte: Alquimia Rock Club

Quem estuda e conhece a Música Erudita sabe como se deu os fenômeno musical chamado Música Nacionalista. A grosso modo, são composições onde o artista coloca formas e melodias de sua terra natal; Bartók construía melodias baseadas em sua língua Natal, Shostackovitch compunha baseado em danças folclóricas russas e Villa-Lobos nos trouxe o Choro ao Erudito. Mas isso tempos mais tarde veio em várias vertentes da música, inclusive no Heavy Metal. Os exemplos mais claros vêm com o Sepultura – principalmente no Roots – e com o Rotting Christ com os elementos da cultura grega, influenciando muitas bandas a levantarem a bandeira da cultura de seus países. E do Oriente Médio, mais preciso de Israel, vem o Orphaned Land.


Acompanho a banda desde sua primeira demo. A mistura de Heavy Metal com as melodias árabes sempre achei perfeita. Mas ao ouvir esse último trabalho lançado nesse ano, The Never Ending Way of ORwarriOR, tive a plena convicção que é um dos melhores trabalhos que já escutei em se tratando de Arte Musical. Logo nos primeiros acordes de Sapari, uma canção folclórica revistada pela banda, já mostra o que escutaremos: belíssimas melodias e harmonias, instrumentos típicos árabes (que já usavam, mas aqui usam e abusam) e composições complexas e magníficas. A banda liderada pelo músico Kobi Farhi nos traz músicas que nos fazem dar o replay, como a From Broken Vessels e The Warrior. Um disco conceitual, baseado num guerreiro lendário entre a luta de bem e mal, muito clichê diga-se de passagem, consegue driblar com lindas passagens poéticas, tanto liricamente e musicalmente; só escutar Bereft in the Abyss e New Jerusalem – a melhor faixa do disco. Produzido pelo Steven Wilson, do Porcupine Tree, vemos que a influência dele é clara em algumas passagens, como na música His Leaf Shall Not Wither. Olat Hatamid e M i? nos transporta às terras árabes, chegam quase a ser folclóricas. E no meio disso tudo, a banda não esquece o peso, inclusive com voz gutural no fim do trabalho com as músicas Barakah e Codeword: Uprising.


É difícil falar o que a banda realmente faz. Hora é progressiva, hora é extrema. Uma verdadeira aula de Heavy Metal com elementos folclóricos. Inclusive os elementos árabes também estão presentes na magnífica arte do CD; a capa é belíssima! Só realmente escutando esse magnífico trabalho pra entender a proposta do Orphaned Land. Anos de espera resultou num dos mais belos álbuns de Heavy Metal e com certeza será figura carimbada entre os melhores trabalhos de 2010. Pra mim, já é.



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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