Resenhas

Ihsahn - 2010 - After

Por Fabiano Cruz | Em 22/05/2010 - 21:05
Fonte: Alquimia Rock Club

Por ser considerado um estilo que muitas pessoas consideram como “barulho”, excelentes músicos da música extrema do Heavy Metal são deixados de serem conhecidos, e com excelentes trabalhos em sua bagagem musical. Um deles é Ihsahn, vocalista da banda de Black Metal Emperor.  Diferente do Black Sinfônico de sua antiga banda, sua carreira solo é calcada num lado mais Avant-guarde do Heavy Metal, usando e abusando de conceitos musicais difíceis de serem vistos no meio do Metal.


Para perceber isso só escutando esse trabalho. Abrindo com a faixa The Barren Lands, já percebemos caminhos harmônicos e melódicos não tão comuns em bandas do estilo. Ihsahn sempre fez tudo em sua banda solo, mas nesse ele conta com os músicos Asgeir Mickelson (bateria), Lars Koppang Norberg (baixo) e Jørgen Munkeby (saxofone), e o sax tem destaque na pancadaria A Grave Inversed; numa peça puramente Black é magistral os caminhos e resoluções melódicas e rítmicas que ele arranja inclusive encaixando um sax totalmente dissonante, mas sem sair do contexto musical, algo que só os mestres saxofonistas do Jazz conseguiram fazer. A cadenciada After e Austere nos mostram um lado mais lírico de Ihsahn, com climas totalmente depressivos e com um belíssimo solo de baixo fretless no final. A épica Undercurrent é a mais eclética, misturando passagens pesadas com climas sombrios impostos pelo dedilhado da guitarra. E o disco fecha com a magistral On The Shores; não tem como ficar abismado com a textura sonora de fundo misturando o sax com a guitarra  dedilhada, dando um suporte nunca visto antes num trabalho de Heavy Metal para uma voz meio gutural, meio rasgada (e nem comento as partes totalmente progressivo/jazzístico com vozes duelando com o sax, uma mistura de Queen com Ornette Coleman)
 

Um disco totalmente ousado para o Heavy Metal. As composições e os arranjos com instrumentos atípicos (além do saxofone e do fretless já citados, muitos riffs foram construídos em uma guitarra de 10 cordas!), só mostram que esse estilo musical não é so berros e guitarras distorcidas como muita gente pensa. Vale lembrar que saiu uma versão em vinil limitadíssimo a 500 cópias e uma edição limitada com DVD com uam entrevista, studio reports e um show gravado no Rockefeller em Oslo, Noruega. Com certeza um dos melhores trabalhos do ano, mas talvez ele seja incompreendido por muitas pessoas, dentro e fora do Heavy Metal.



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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