Resenhas

Ozzy Osbourne - 2010 - Scream

Por Fabiano Cruz | Em 10/08/2010 - 12:35
Fonte: Alquimia Rock Club

Sem um lançamento em três anos, a lenda Ozzy Osbourne volta renovado em seu mais novo trabalho. Contando agora com um time bom, mas sem estrelas, Ozzy aparenta querer resgatar se “tempo perdido” – tempo que ficou mais preocupado com seu reality show na MTV americana e com problemas de saúde. A principal mudança foi na guitarra, onde saiu Zakk Wylde, guitarrista que trabalhou mais tempo ao lado de Ozzy, para a entrada de Gus G. Na bateria, a estréia de Tommy Clufetos, que integra a cozinha ao lado de Rob “Blasko”. Completa a banda o filho do lendário tecladista do Yes, Adam Wakeman


Bem, o que ouvimos é uma tentativa se mudar o som, indo de carona as tendências do Heavy mais atual (ou seja, timbres graves com certos grooves e efeitos) sem sair do passado. Ruim? Nem tanto, mas esse fator as vezes faz o disco perder força. Começa bem com as músicas Let it Die, um tema extremamente pesado, e com a Let Me Hear Your Scream, candidata a melhor do disco, com riffs que lembram a fase áurea de Ozzy com o No More Tears – com certeza, já nasceu clássica e fará a festa dos fãs ao vivo com seu refrão poderoso. Mas a empolgação talvez para algumas pessoas irá parar ai. Soul Sucker, apesar de pesada e bem melódica, abusaram muito efeitos e acabou ficando abaixo da média. Life Won’t Wait tem uma interessante rítmica meio folk que contrasta com as partes pesadas. A soturna Diggin’ Me Down começa com violões para cair num nervoso riff, mas acaba ficando meio enjoativa no decorrer dela. Crucify, Time e Fearless são totalmente dispensáveis, apesar de uns riffs aqui e acolá soarem interessantes. O trabalho fecha com Latimer’s Mercy que, apesar de um baixo bem trabalhado – lembrando muito o estilo de Gezzer Butler – deixa um ar meio “é só isso?”, ainda mais pelo desfecho da vinheta I Love You All – uma homenagem de Ozzy aos fãs, totalmente dispensável.


Gug G. fez um bom trabalho, mas seu estilo próprio se perdeu no meio turbilhado entre se renovar junto ao Ozzy e os riffs de Wylde. A cozinha horas fazem um arregaço tremendo, hora parece não se entenderem – talvez por Clufetos estar a pouco tempo na banda, em muitas partes não acompanha o baixo extremamente trabalhado de Blasko. E Ozzy, bem... Mesmo com mais de 60 anos de idade, mostrou nesse disco que ainda tem vigor o suficiente para, pelo menos, gravar; resta saber como vai soar ao vivo. E no meio disso tudo, é um disco ruim? Não esperem algo como Blizzard of Oz ou No More Tears, mas com certeza é melhor coisa que o Madman fez nos últimos 15 ou 20 anos. E se tiver pique para mais um trabalho e manter essa formação, talvez no futuro lance um trabalho de respeito.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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