Resenhas

Pain of Salvation - 2010 - Road Salt One

Por Fabiano Cruz | Em 03/09/2010 - 20:34
Fonte: Alquimia Rock Club

Tem algo na água da Europa Setentrional, principalmente na Suécia. Certeza. E acho que já falei isso aqui no Alquimia Rock Club em algum lugar, tamanha criatividade que os músicos vindos de lá tem, não importando o estilo musical. E uma dessas bandas é o Pain of Salvation. Sempre se renovando em seu estilo, nunca presos a nenhum dogma ou estilo, a banda surpreende mais uma vez. Road Salt One (o primeiro disco de duas partes) nos trás a banda inspiradíssima e altamente criativa, num patamar onde é impossível dizer o que a banda toca, porém ela não se perde em suas composições – o que acontece com a maioria quando se aventura em trabalhos que tem inúmeras referências. Para terem uma idéia, num release oficial do disco em que eu recebi diz que “Suas composições e arranjos inteligentes misturam Metal, Pop, Funk, Disco, Blues Gótico e Funk com influências árabes e orientais, como outros estilos musicais, num trabalho homogêneo”. Prepotente? Não, pois é isso que o álbum realmente é. 


A abertura com No Way e She Likes to Hide nos deixam nos anos 70, numa viagem ao som das bandas tradicionais da época. O coral de Of Dust é totalmente calcado nos corais de igrejas norte-americanas, os mesmos que deram origens a muitas coisas que escutamos no Jazz e no Blues. Em falar em Blues, a perfeita Tell Me You Don’t Know faz com que nós dancemos ao seu ritmo. Sleeping Under the Star tem uma característica totalmente teatral, enquanto a densa e bela Sister beira o Folk em algumas passagens. Impressionantes também são a totalmente rocker Linoleum – single que a banda soltou antes do disco -, a densa e sinistra Darkness of Mine – lembra em algumas partes o The Mas Volta – e a mais perto de um atípica canção progressiva, Innocence.


Claro que tudo isso não teria sido possível se não fosse a inteligência do vocalista e guitarrista  Daniel Gildenlöw. Ele comanda a banda perfeitamente nesse jogo alucinante de ritmos e influências e ainda consegue ter uma atuação na voz que beira a perfeição, tamanha variedade, timbres e atmosferas que ele consegue fazer cantando. Não me lembro de escutar um vocalista que mude tanto de variações na voz como ele faz nesse disco


Para os fãs, o disco tem uma versão especial limitada em digipack que contém  uma intro chamada What She Means to Me e duas versões extendidas: uma de No Way e outra de Road Salt. Um trabalho para escutar várias e várias vezes, percebendo os intrigantes detalhes harmônicos das músicas muito bem compostas e se aventurar pelas inúmeras atmosferas contidas nele. E que venha a segunda parte!
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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