Resenhas

Banda do Sol - 2010 - Tempo

Por Fabiano Cruz | Em 15/09/2010 - 21:36
Fonte: Alquimia Rock Club

Em se tratando de Rock Progressivo no Brasil, inúmeros trabalhos e bandas apareceram nos anos setenta e oitenta, e praticamente todos são de qualidade excelente, mas por causa do avanço do som “pop” e das dificuldades que as bandas tinham em se manter em nosso país, muitas deixaram somente um ou dois registros para a história, e a Banda do Sol se enquadra nelas. Com seu primeiro disco lançado no meio dos anos oitenta, um grande trabalho nos anos oitenta, a banda passou por várias dificuldades, chegando a ficar inativa por um tempo (na entrevista com o vocalista e guitarrista Moa Jr. e com o baterista Fábio Fernandes que está na seção Entrevistas, eles explicam os ocorridos), mas com  força e garra, retomaram os trabalhos.


Com os trabalhos finais feitos pelo Billy Sherwood (Yes, Conspiracy entre outros) e Marcelo Bugre na mixagem e com Joe Gastwirt na masterização, as composições da Banda do Sol, que já são fortes por natureza, em seu novo trabalho Tempo ganharam forças inimagináveis. Um progressivo mais calmo, sem muitas notas e grandes vituosismos, agregado a leves tons indianos e brasileiros, dá o clima desse trabalho. Desde a belíssima faixa de introdução Som do Sol até a última Janavatar temos vários momentos que prendem nossa atenção. A calcada no blues Yes Blues e o clima indiano Sinal da Liberdade (inclusive com cimbalos, sitar e tabla), são os pontos altos do trabalho. Mas não podemos deixar de lado os momentos totalmente progressivos, com excelentes solos de guitarra em Voar e na faixa título, ou no momento com mais “groove” no som Fabito..


Claro que tudo isso não seria possível sem a qualidade dos músicos em questão. Com longa carreira musical, os músicos souberam explorar perfeitamente os timbres e tessituras de seus instrumentos, principalmente o tecladista Allex Bessa e o baixista Cesinha Rodrigues, onde não se mostram virtuosos, mas cada nota sua gravada foi perfeita, de extremo bom gosto nas escolhas do arranjo; e o Moa Jr. se mostrou um compositor de mão cheia, tendo criado belíssimas passagens melódicas e harmônicas.

Um belo trabalho para a história do Rock Progressivo feito no Brasil, composto para se ouvir e ouvir muitas vezes.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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