Resenhas

Peter Frampton - 2010 - Thank You Mr. Churchill

Por Fabiano Cruz | Em 18/09/2010 - 21:13
Fonte: Alquimia Rock Club

Em muitos trabalhos musicais a intimidade com o instrumento a composição e a aura ao seu redor do artista em questão faz nos falarmos de “um trabalho totalmente íntimo e pessoal”, e o novo trabalho do Peter Frampton, Thank You Mr. Churchill é o maior exemplo disso que já vi dentro do Rock’n’Roll. Explicado pelo próprio musico como sendo “este álbum é muito autobiográfico. Começa com meu nascimento, quando agradeço [Winston] Churchill por trazer meu pai de volta da Segunda Guerra Mundial”, ele começa pela surpeendende faixa título. E realmente acaba sendo a história de sua vida. O passado é representado também pela Vaudeville Nanna and the Banjolele, um belíssimo tema em um bandolim feito em homenagem a sua avó – a pessoa que lhe deu sua primeira guitarra quando criança -, e o presente na já clássica e melhor música do disco Road to the Sun (feat. Smoking Gun), onde temos a participação de seu filho Julian Frampton, também guitarrista. E as lembranças autobiográficas chegam a ser extra-musicais, como o trabalho com seu primeiro produtor Chris Kimsey (que produziu o primeiro disco solo de Peter, Wind of Change) e o local de toda a produção, o próprio estúdio particular em sua residência.


E as músicas não ficam somente em lembranças saudosas e gostosas. Peter aborda a queda de Wall Street na Restrain ou o caso de rapto da garota japonesa Megumi Yokota pela Coréia do Norte, num dos maiores atos de espionagem da história na canção Asleep at the Wheel. Essas músicas, densas, são um perfeito contraste com as partes mais “familiares”. E no meio, tem as bem “rockers”, como a com timbre quase Heavy Metal Solutions e na deliciosa I’m Due a You.


E a qualidade atingida pela guitarra e voz de Peter Frampton é algo extraordinário. Acordes e riffs perfeitos, links maravilhosos, solos magníficos. Cada nota, mesmo soando bem natural, parece que foi muito bem escolhida em rígidos critérios. Só ouvir seu virtuosismo na instrumental Suite Liberte ou na cheia de groove Invisible Man (com direito a um simples, mas certeiro coral aos moldes do Soul). E o time que se encontra ao seu lado segura bem o pique imposto pelo guitarrista, principalmente o baterista Matt Cameron, que aqui mostra levadas de bateria nunca antes tocada em sua banda Pearl Jam. Mais um perfeito trabalho de Peter Frampton, que desde sua antiga banda Humble Pie nunca decepcionou seus fãs. E o clima intimista e familiar faz com que esse disco possa soar bem pessoal a muitas pessoas.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




blog comments powered by Disqus