Os bardos estão de volta. Hansi Kürsch, André Olbrich, Marcus Siepen e Frederik Ehmke trazem a nós At the Edge of Time. Após os medianos A Night at the Opera e A Twist In The Myth, a banda ousou em novas sonoridades nesse novo trabalho e resgatou sons antigos do começo de carreira, mas diminuindo na pomposidade dos trabalhos anteriores citados. Mas os riffs extremamentes trabalhados, as canções folk-medievais e toda a gama de poder da banda ainda está lá.


O disco abre com Sacred Worlds, uma composição quase totalmente orquestrada (tocada pela FILMharmonic Orchestra  de Praga e conduzida pelo maestro Adam Klemens) em seus 9 minutos, mostrando novos caminhos sonoros, tanto na orquestra como nos riffs e melodias, o que ressoa pelo disco todo. Mas as típicas Power Metal estão lá, com a Voice In The Dark e a certeira Road to Obssession (essa a que mais lembra os sons antigos, podendo estar facilmente em discos como Somewhere Far Beyond); outras mostram o lado criativo da banda em arranjos, como em Valkyries e Control the Divine. A banda também não esquece os tons e melodias medievais. War of the Thrones mostra esses elementos num caminho mais Progressivo, enquanto na belíssima Curse My Name vem em tons mais folclóricos. O disco fecha com a épica Wheel of Time, uma das melhores composições que já criaram.


Como muitas bandas que já tem anos de estrada e sempre estão atrás de algo novo, se pensam que vão ouvir algo como Nightfall in Middle-Earth ou Imaginations From the Other Side, esqueçam, mas o disco é bem superior à seus últimos trabalhos. A banda evoluiu de uma tal maneira que hoje ela é daquelas que não tem como enquadrar em algum sub-estilo, é simplesmente Heavy Metal, e a qualidade de arranjos e produção do Blind Guardian chegou ao seu ápice: cristalino, perfeito e soando cada vez mais natural (o único porém fica em algumas partes que são extremamentes difíceis, principalmente as orquestradas ou as que usam instrumentos não usuais numa banda de Metal, o que pode dificultar sua execução ao vivo). Um perfeito trabalho, mas ainda a banda precisa lançar algo que se equivale a discos já lançados. Com os rumos tomados no At the Edge of Time, a banda tem competência para fazer isso.
 

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.