Resenhas

Black Country Communion - 2010 - Black Country

Por Fabiano Cruz | Em 12/10/2010 - 20:02
Fonte: Alquimia Rock Club

A história todos já conhece: o produtor Kevin Shirley (que já trabalhou com o Black Crowes, Aerosmith, Led Zepellin e os últimos do Iron Maiden) viu nos meados de 2009 no evento Guitar Center’s King of The Blues, em Los Angeles, uma apresentação bombástica de Glenn Hughes junto com o guitarrista Joe Bonamassa. Na hora o produtor teve a idéia de juntar os dois em um trabalho – o que toparam na hora – e foi atrás de outros músicos pra completar a banda. Os nomes? Derek Sherinian e Jason Bohan. Mais um “supergrupo” estava formado.


Falar das qualidades dos integrados ao projeto é idiotice (inclusive do próprio Shirley, o que foi muito massacrado nos últimos anos pelos fâs do Iron Maiden), mas ao se juntarem como uma banda, mostram uma grande capacidade de criação e poder musical. O problema é que faltou – apesar de que muitos podem discordar – uma própria identidade na banda. O disco é ótimo! Mas é um Hard Rock calcado nos anos 70, uma mistura de Led Zepellin, Deep Purple e da carreira solo de Hughes, o que não mostram nada de novo.


Desde os primeiros acordes pesados de Black Country á viagem quase psicodélica nos onze minutos de Jam na Too Late For The Sun, temos um disco bem consistente e com belas passagens. One Last Soul – que se enquadraria em qualquer trabalho solo de Hughes -, a meio “sabbáthica” Down Again e No Time agradará os fãs mais de um Classic Rock, enquanto as pauladas de Beggarman, The Revolution in Me e a faixa que abre o disco vai mai pro lado pesado do Hard Rock. Três sons se destacam perante as outras: Song of Yesterday, que tem uma das guitarras mais inspiradas  - principalmente no solo - que já escutei e um arranjo de cair o queixo no fim dela; a regravação da clássica Medusa do Trapeze e a comovente Sista Jane


Glenn Hughes continua o mesmo: uma das principais vozes da história do Rock – quiçá da história da música popular no geral – e seu baixo roncando como um motor de carro velho, com linhas perfeitas e certeiras; aqui ele não abusa de sua virtuose, joga totalmente pra banda. Joe Bonamassa gravou riffs e solos bem sentimentais, fazendo um de seus melhores trabalhos; e ainda arrisca a cantar alguns sons (Song Of Yesterday e The Revolution In Me) e dividir as vozes com Hughes em outros (Sista Jane e Too Late For The Sun). Jason Boham toca demais, talvez a maior surpresa do disco; por muitos anos ele tocou em bandas que não teve tanto destaque ou vivendo às sombras de seu pai, mas aqui ele se mostra um excelente músico e muito bem solto para mostrar o que sabe. O menos presente foi Derek Sherinian... pela qualidade e currículo do tecladista, achei que ele teria mais destaque, mas ficou como a “cama” para agüentar os riffs e melodias de Bonamassa e de Hughes; mas, mesmo assim, ele mostrou um grandioso gosto na escolhas de timbres e arranjos (timbres muito bem estudados para ter a aura dos anos setenta, mas sem soar datado). E a produção de Shirley... bem, não temos do que reclamar. Aqui é perfeita, límpida e com destaque nos graves, sua marca registrada.


O disco é bom, mas falta uma identidade própria da banda. O mesmo que senti no disco de estréia de outro “supergrupo”, o Chickenfoot. Vamos esperar um segundo lançamento da banda, pois se as duas, principalmente o Black Country Communion – conseguirem achar uma identidade, pode ter certeza que vai ser difícil ter bandas que alcancem o nível delas. Poder, qualidade e excelentes músicos já têm.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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