Resenhas

SWU Festival 1ª Parte - Dia 09.10.2010

Por Fabiano Cruz | Em 20/10/2010 - 22:03
Fonte: Alquimia Rock Club

Após receber a notícia de que havia ganho 3 pares de ingressos, um par pra cada dia, para conferir o festival SWU, arrumar acomodação e carona foi o menor dos meus problemas. No dia 09, saímos da chácara onde fiquei em Indaiatuba por volta de umas 16:30. Chegando até o estacionamento do Kartódromo Schincariol, mais em conta, pegamos um ônibus até o evento. Na entrada o porte do lugar impressionou. Tínhamos entendido errado as informações no site e levamos comida nas bolsas, que foi confiscada na entrada, porém sob a alegação de que ficaria guardada e poderíamos reavê-la depois do show. Já não acreditei na hora, mas...


Infelizmente perdi o Macaco Bong e o Black Drawing Chalks, duas bandas nacionais que gosto muito. Consegui pegar o show do Infectious Grooves da metade pra frente, que se saiu muito bem, fazendo um show competente que levantou mesmo os que não conheciam a banda. O vocalista Mike Muir chamou ao palco mais de uma vez pessoas da platéia que estavam assistindo ao show usando camisetas e bonés do Suicidal Tendencies, sua banda de maior repercussão.


Logo após, começou o show dos Mutantes, que não me chamou muito a atenção, e fui procurar meus amigos perdidos e fazer um reconhecimento da área. Qual não foi minha surpresa ao descobrir que o nextel não pegava por nada e quase todas as operadoras de celular idem; exceção feita à Oi, patrocinadora do evento, o que me leva a desconfiar de algum tipo de boicote. Por obra do acaso encontrei alguns amigos e na seqüência teve o show dos Los Hermanos, que não é das minha preferidas também, então aproveitei pra colocar o papo em dia e andar de roda gigante. De volta ao palco fui assistir ao The Mars Volta, que, apesar de ser uma banda muito boa, deixou claro que experimentalismos não se prestam à situação de rock de arena, e destoou um pouco do clima no momento. Se o Infectious Grooves fosse nesse horário, antes do RATM, seria perfeito.


E era chegada a hora mais esperada pra mim, do RATM. Rage Against foi uma banda seminal da minha adolescência, influenciou muitas bandas mais recentes que gosto e Tom Morello é um dos guitarristas mais criativos de sua geração, tem um estilo único, inimitável e ainda hoje não entendo como ele tira aqueles sons da guitarra!! Frio na barriga, e com um pouquinho de atraso (que pareceu uma eternidade) começa o show. Entram logo com Testify, petardo do disco Battle of Los Angeles. É grande a emoção ao ver a banda, mas desde o início se notam os problemas no som, que estava baixo, apesar de a banda tocando ser igual ao cd rolando. O show transcorre relativamente bem até o momento em que o PA pára, no meio da música, cerca de 20 minutos após do set list. Vaias e comoção geral na platéia, a banda tocando sem perceber o que tinha acontecido. O som volta e terminam a música. Na próxima do set, lá pela metade, o som pára novamente e a cena da banda tocando sem perceber o que havia ocorrido se repete. Claramente os retornos deles estavam funcionando. Todo mundo xinga o técnico de som, que é sempre o primeiro a ser culpado nessas situações, quando é claramente uma falha de equipamento. Finalmente alguém avisa os caras do Rage do problema e se segue um longo e torturante intervalo, do qual eles voltam tocando, mas já sem o mesmo ânimo do início. "Coito interrompido" foi uma das metáforas que ouvi descrevendo a sensação, e achei bastante apropriada por sinal. Demorou pra todo mundo entrar no clima de novo, mas lá pelo meio da Bullet in the Head o pique tinha sido retomado pela platéia, apesar de os músicos ainda parecerem meio contrariados. E não é pra menos. Tenho certeza que há muito tempo uma banda do porte do RATM não passa por um stress desse tipo, um erro crasso como o PA parar no meio do show. Não se espera isso de um evento desse porte, é algo que não pode acontecer. Só imagino com que impressão saíram do Brasil, sendo essa sua primeira vez por aqui. Ainda tiveram que interromper o show mais uma vez pra pedir para as pessoas darem um passo para trás, pois havia gente sendo pisoteada na área vip, ou coisa que o valha. Fecharam com Killing in the Name, como não poderia deixar de ser. Saí do show com uma sensação mista de felicidade e insatisfação, com a sensação de algo que foi bom, mas poderia ter sido muito, muito melhor.


Agora, se você pensa que os problemas acabaram aí, está redondamente enganado. Na saída fomos procurar a segurança que disse que ia guardar nossos chocolates e salgadinhos e fomos gentilmente informados pela galera que a comida tinha ido parar no lixo!! Sustentabilidade é isso aí, não é mesmo? Daí pegamos carona com nosso amigo, do estacionamento ao lado da arena Maeda (R$ 100,00 com até 3 pessoas no carro, R$ 50,00 com mais de 4, na entrada, mas nenhum desconto na saída) e levamos mais de 2h e meia só pra sair da área do estacionamento e pegar a estrada! Fenomenal!! Ainda bem que apaguei no carro.


Infectious Grooves
- show competente que levantou mesmo os que não conheciam a banda


RATM - a banda tocando é um cd, mas a energia falhou e isso acabou com a dinâmica de show da banda, que voltava das paradas meio morna. Saímos todos com a sensação de que poderia ter sido melhor. Uma parada rápida no início, após uns 15 minutos de show, logo depois uma parada durante muito tempo... e desde então intervalos muito grandes entre as músicas... Certeza que o RATM há muito tempo não passava por algo assim e vai sair do Brasil com uma impressão de amadorismo. Como fazem um evento desse tamanho sem gerador? A energia parou devido à falta de energia solar? Ou foi o pessoal das bicicletas que parou de pedalar? Sustentabilidade genial, heim?


Geral - confiscaram comida na entrada dizendo que poderíamos retirar na saída e ao sair disseram que a comida tinha sido jogada no lixo! Super a ver com o tema do evento!


In other news - após o SWU já sei como um mendigo se sente, enrolado em um pano morrendo de frio e de fome e tendo que dormir no chão!!


(Matéria feita pela colaboradora Luana Moreno e fotos diradas do site Tenho Mais Discos Que Amigos - http://www.tenhomaisdiscosqueamigos.com/2010/10/10/resumo-do-swu-no-dia-09-e-fotos-exclusivas/)



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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