Resenhas

Halford - 24.10.2010 - Carioca Club - SP

Por Fabiano Cruz | Em 25/10/2010 - 21:45
Fonte: Alquimia Rock Club

Domingo de clássico Paulista no Brasileirão. Inevitável eu não citar a euforia em que passava por causa do excelente show do Death Angel no sábado e a vitória do Corinthians diante de nosso maior rival. Sai do Pacaembu e fui direto ao Carioca Club, palco que aconteceria a apresentação da banda Halford. Cheguei por volta da 19:00 e a multidão em frente à casa já era grande. Afinal, Halford lançou Made of Metal, um disco feito em pouquíssimo tempo e numa recente entrevista alegou que não faria uma grande turnê para ele, devido a sua idade (pois já beira os 60 anos!) e ao Judas Priest, que ano que vem já volta do descanso; sendo assim ele escolheria onde valeria a pena ele levar sua banda solo. Temos que agradecer a tudo que é deuses por ele ter se lembrado do Brasil


Casa cheia – já vi inúmeras apresentações no Carioca Club, nunca tão lotada, o que falarei sobre isso no fim da matéria – e sem banda de abertura. Com o VT do clássico no telão (para tortura de uns e alegria de outros), o show marcado para as 20:00 atrasou um pouco, começando 15 minutos atrasado – que para muitos pareceu uma eternidade. Subindo o telão da cada, banda já no palco e o Halford lá, imponente, fazendo jus ao apelido de God of Metal. E a primeira música a tocarem já foi a clássica Resurrection. Público eufórico, Halford emenda com mais duas de seu primeiro disco: Made in Hell – que curiosamente cita o Brasil como caminho de suas turnês – e Locked and Loaded. Bastaram somente essas três composições para ele ter a pouco mais de 2.000 pessoas na casa em suas mãos.


Drop Out? (faixa do Metal God Essentials: Volume 1) foi a quarta da noite, e passado a “magia” que Halford lançou em nós, começamos a perceber os outros integrantes de sua banda. O já conhecido do público brasileiro Roy Z esbanjava felicidade no palco e seu companheiro de guitarra, "Metal" Chlasciak, um verdadeiro mestre das 6 cordas, sempre rindo e interagindo com o público; e totalmente entrosados os dois guitarristas. Made of Metal foi a primeira do novo trabalho na noite, seguida de duas bordoadas sonoras: Undisputed e a única do Fight, Nail to The Gun, onde os fãs cantaram em uníssono e o baterista Bobby Jarzombek deu um show a parte. Como toca ao vivo, um mostro na bateria! Uma das coisas que me chamou a atenção foram dois pratos de ataque posicionados atrás dele, que tocava como a maior facilidade nas viradas como se estivesses à sua frente. E o baixista Mike Davis segurou as bases furiosas das duas guitarras muito bem desde o começo, e no pesado som do disco Crucible, Golgotha, deu para ver bem sua performance no baixo.


Depois de Fire and Ice, Halford, sempre com bom humor, falou um pouco de sua carreira, onde comentou os diversos tipos de música que teve contado em 40 anos de carreira. Foi a porta para tocarem The Green Manalishi (With the Two-Prong Crown), o que arrancou lágrimas de muitos, ainda mais emendada com uma arrasadora versão para Diamonds and Rust. Apesar de serem covers que o Judas Priest gravou, na banda solo dele ficou totalmente diferentes os arranjos. E por falar em Judas Priest, a casa veio abaixo com Jawbreaker. There’s No Tomorrow deu uma acalmada para o público cantar a nova Thunder and Lighting, e após um pequeno desabafo sobre a internet e tecnologias de hoje – o que pelo Halford atrapalha muito o trabalho das bandas, principalmente os downloads e as paranafernálias de gravações que existe hoje em dia – a banda manda Cyber World.


Uma pequena pausa, e Halford volta com o bis voltando ao palco enrolado na bandeira brasileira. Antes de fechar a apresentação, uma bonita homenagem àquele que é considerado ao seu lado um dos melhores vocalistas do Heavy Metal. Vendo uma camisa com o logo do Dio, ele pega ela do público e levanta, apontando para o céu... Preciso afirmar que a casa veio abaixo? E a banda termina com mais uam música da principal banda de Halford - o que para muitos foi uma supresa tremenda - Heart of a Lion e Saviour.


Arrasador. Magnífico. Perfeito. Um dos melhores shows que vi em vida. Deixei para falar da performance do Halford no fim. Quase aos 60 anos, não desafina uma nota sequer; está cantando como nunca. Sua jovialidade é enorme... E sua postura em palco foi diferente do que estamos acostumados a ver no Judas. Como é sua banda solo, ele é mais solto, mais íntimo ao público; inclusive sua homossexualidade é clara no palco, devido a alguns passos e gestos que faz – o que não é desmérito nenhum e muito menos existe nada com que se pareça com racismo dentro do Heavy Metal. E, se não bastasse, somente sua presença no palco, sem cantar ou falar, já é forte o suficiente para hipnotizar muitos.


E sobre a casa... Bem, o povo sofreu. Com lotação máxima, o calor lá dentro beirou quase o insuportável, com o ar condicionado não dando conta. Mas eu me perguntei várias vezes: será que tivesse ocorrido em casa de maior porte – com o HSBC – a apresentação teria sido perfeita? Com os últimos shows que andei vendo, a aproximação dentre artista e fãs foi muito forte, uma troca de energia no nível máximo. E isso que faz muitas apresentações serem perfeitas. Agora resta aguardar o Judas Priest aportar no Brasil em sua próxima turnê


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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