Resenhas

Barry Cleveland - 2010 - Hologramatron

Por Fabiano Cruz | Em 10/11/2010 - 20:10
Fonte: Alquimia Rock Club

Barry Cleveland é daqueles excepcionais instrumentistas com uma carreira já solida, porém pouco reconhecido por seus discos. Cleveland tem mais nome em seu trabalho como jornalista na conceituada revista Guitar Player, onde é editor paralelo a esse trabalho, ele solta seu quinto disco. Hologramaton é uma junção de músicos do mais alto gabarito juntado por Cleveland, como o baixista Michael Manring (mais conhecido no meio jazzístico) e o baterista Celso Alberti. Esse trabalho foi indicado pelo Grammy Award na categoria “Alternative Rock Album 2010”, e não é a toa que foi indicado.
 

Cleveland compôs um disco conceitual – as letras chegam a ter duras críticas sócio-políticas do mundo Ocidental, indo de carona na Arte Contemporânea em geral, onde pintores, escultores, cineastas e outros músicos estão produzindo obras cada vez mais carregadas de protestos e conceitos políticos – com um ar de Progressivo, porém passa por diversos conceitos musicais, incluindo ai a psicodelia, o Fusion e até mesmo o Heavy Metal. O disco abre com Lake of Fire, um som com um peso absurdo e um trabalho de voz de Amy X Neuburg fantástico, que continua na Money Speaks, música que além da voz de Amy, se sobressai também as linhas de baixo de Manring. A criatividade de Cleveleand é além do comum; as músicas, por mais complexas sejam instrumentalmente, não saem da comum estrutura canto-refrão-canto e não passam de seis minutos de duração, caindo por terra a alcunha de que no Progressivo música complexa tem que ter inúmeras partes e mais de 20 minutos. Essa complexidade escutamos pelo disco todo, mas principalmente em Warning e Suicide Train.
 

As faixas instrumentais You’ll Just Have to See It to Believe e Abandoned Mines é carregada de emoções e climas sonoros, inclusive pela guitarra pedal-steel de Robert Powell. Outra bem emotiva – e o momento mais calmo do disco, que é bem denso em toda sua duração – fica na Stars of Sayulita, onde os vocalistas convidados Harry Manx e Deborah Holland mostram um belíssimo trabalho. Além de compor e reunir um time pra lá de especial, Cleveland também gravou e mixou o disco, mostrando que também entende de produção (o disco que a Moonjune me mandou tem alguns bônus, inclusive outras remixagens por outros artistas, como a Abandones Mines remixada por Forrest Fang).
 

Um dos trabalhos mais interessantes que escutei nesses últimos anos. O disco pode soar estranho de começo para algumas pessoas, mas é uma mera questão de ouvir mais vezes (a junção de guitarra pedal-steel, baixo fretless e guitarra de 12 cordas criam timbres que muitas pessoas não estão acostumados a ouvir). Mais um lançamento acima no nível que o selo Moonjune Records nos trás. Imperdível, principalmente para os amantes do Fusion e do Progressivo.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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