Resenhas

Melechesh - 2010 - The Epigenesis

Por Fabiano Cruz | Em 10/11/2010 - 20:36
Fonte: Alquimia Rock Club

Particularmente sempre procurei bandas que vão além dos limites impostos pela “forma musical” que o Heavy Metal tem – criando uma quebra aqui, em aulas de composição musical que tive sempre escutei que os Mestres que se destacam na música são justamente aqueles que fogem da proposta formal de estilos e técnicas, mas sem sair totalmente do que se propõe a compor. E chegou em minhas mãos esse disco, The Epigenesis, do Melechesh, uma banda em que nunca tinha escutado nada até então. E aos primeiros riffs da cadenciada e exótica Ghouls Of Nineveh, meu cérebro ficou como uma ovelha numa tempestade com tantas informações musicais em que não estou acostumado a ouvir no Heavy Metal, vindo de raízes árabes e orientais.


A banda formada por Melechesh Ashmedi (voz, guitarra, baixo, teclado, percussão), Moloch (guitarras, bouzouki e outros instrumentos exóticos), Rahm (baio) e Xul (bateria), faz nesse disco algo extraordinário. Não tem como rotular a banda; muitos sites estão “classificando” eles de Melodic Black Metal, mas as referências vai muito além disso: Death, Thrash e até riffs mais voltados ao Tradicional. Mas o que chama a atenção são as raízes voltadas às origens de povos antigos que formaram o povo de Israel (país natal da banda), principalmente o antigo povo sumeriano e mesopotâmico. E isso é claríssimo no som e letras, voltados à cultura e mitologias desses povos do Meio Oriente)


As estruturas das músicas são totalmente baseados na música exótica vindo das terras em que se inspira. Basta ouvir Grand Gathas Of Baal Sin, um som com riffs que mais parecem um tanque de guerra passando por todo mundo que chega numa parte totalmente calcada em ritmos étnicos, ou a cadenciada Sacret Geometry que tem um ar totalmente ritualístico. The Magickan And The Drones tem uma força sobrenatural, um som que prende a atenção de qualquer um, impulsionado pela mágica conjunta de letra e riffs de guitarra. Os instrumentos exóticos que usam ficam nas instrumentais When Halos Of Candles Collide e A Greater Chain Of Being, duas peças que são totalmente fora do disco, pois não são Heavy Metal, e sim músicas étnicas que mostram a rica cultura musical que a banda tem.  A criatividade tem seu ápice na última faixa que leva o nome do disco. Melodias árabes, e riffs sobrenaturais dão espaço a uma “jam progressiva” que evoca um passado mágico e glorioso dos mesopotâmicos. Simplesmente mágico.


A banda é perfeita. Todos são excelentes músicos, mas a voz de Ashmedi, com seu timbre rasgado, e as virtuosas guitarras - principalmente nos riffs – de Moloch se sobressaem a qualquer outra coisa. O disco foi gravado no Estúdio Babajim em Istanbul, Turquia, e foi mixado por Reuben de Lautour, o que mostrou um ótimo trabalho, pois não deve ter sido fácil mixar todos os instrumentos exóticos que a banda utilizou nas gravações. Um dos melhores discos de Heavy Metal do ano.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




blog comments powered by Disqus