Resenhas

Ian Gillan - 2009 - One Eye to Marroco

Por Fabiano Cruz | Em 27/04/2009 - 13:23
Fonte: Alquimia Rock Club

Como fã de tudo que sai do Deep Purple e suas inúmeras bandas e álbuns solos derivados, claro que quando lançasse o novo álbum solo do Ian Gillan (para mim, uma das melhores vozes – se não a melhor! – da história do Hard Rock) iria trás.

 

Pois bem... Já digo logo agora que, se esperam ouvir algo na linha que Gillan já fez no passado, pode se decepcionar. E Muito. O álbum abre com a faixa título, One Eye to Marroco, um tema que a melodia principal calcada na música árabe é feita em um sax, e vai tornando um som gostoso de ouvir, mas bem orientado ao AOR. Na seguinte, No Lotion For That, temos um tímido Hard Rock que lembra os trabalhos solos de Gillan, seguida da Don’t Stop, onde Gillan parece estar fazendo uma jam session com o Dire Straits, tamanha semelhança essa música tem com os trabalhos da banda de Mark Knoplfer – até os licks de guitarra pela música e o solo são parecidos!.

 

Outro Hard Rock bem tímido, Change My Ways, é levado pela harmônica, seguida pela meia baladinha Girl Goes to Show. Até aqui – e até no fim do álbum - os arranjos de metais são bem presentes no álbum, algumas mais que as outras, que dá um clima bem legal aos temas. O blues Better Days chega para acalmar (mais ainda) os ânimos. Até que chega a estranha Deal With It, com sua introdução um tanto eletrônica, mas com uma linha vocal bem diferenciada de tudo que Gillan fez até hoje, porém uma faixa dispensável no álbum.

 

Ultimate Groove e a interessante The Sky is Falling Down são boas composições, porém não acrescentam nada ao álbum e nem difere em nada do que Gillan já tenha feito em carreira. Texas State of Mind, a meu ver, é a melhor faixa do disco, mesmo sendo a mais parecida com os trabalhos que Gillan fez junto ao Deep Purple – principalmente os trabalhos feitos após a entrada de Steve Morse na banda. It Wold Be Nice tem um solo de trompete bem jazzístico e uma pegada típica já vista em trabalhos do Purple (lembrando um pouco a Sometimes I fell Like Screaming) enquanto a balada Always the Traveller fecha o disco de uma forma um tanto quanto melancólica.

 

Bem, um álbum mediano, mas que temos que aplaudir Gillan pela suas idéias que diferenciam algumas músicas de todo seu trabalho até agora, porém algumas músicas poderiam ter ficado de fora. Também temos que colocar em mente que o Silver Voice já passou de seus 60 anos de idade, e junto com seu físico bem debilitado, entendemos a freada que ele deu em suas composições e trabalho da sua voz, mas se espera que vai ouvir um Hard Rock ao nível de trabalhos do Purple na época setentista ou o começo de sua carreira solo, passe longe, pois você vai odiar.

 

Enfim, um álbum que talvez somente os fãs gostem.



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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