Resenhas

Yes - 28.11.2010 - HSBC Hall

Por Fabiano Cruz | Em 29/11/2010 - 22:44
Fonte: Alquimia Rock Club

É um tanto difícil resenhar um show de uma das maiores forças que o Rock já concebeu sem se emocionar. Pessoalmente, antes de literalmente rumar correndo ao HSBC Hall, tinha acabado de ver uma de minhas maiores influências como músico, o pai do Free Jazz Ornette Coleman. Já estava um tanto eufórico com a imagem da apresentação de tarde fresca na mente, mas já pensando no que seria ver o Yes ao vivo. Numa organização ímpar do HSBC para a entrada dos credenciados como também de clientes dele e dos fãs – ponto positivo para a casa, pois organização é uma das coisas que pouco falta hoje em dia nas salas de espetáculos de São Paulo; lá só teve pequenos problemas na saída para organizar a fila que quem esperava o carro do estacionamento -, no horário marcado para o espetáculo começar já estava tudo pronto, mas um problema com a viagem da banda de Florianópolis até São Paulo fez com que atrasasse um pouco mais de uma hora o show, começando as 22:30. O público ficou um pouco nervoso e afobado, mas as instalações de mesas de cadeiras e o excelente atendimento da casa, inclusive sempre informando o que estava acontecendo com a banda, deixaram o público um pouco mais calmo.


Com a intro Firebird Suite nos P.A.s, a banda sobe ao palco totalmente ovacionada e com instrumentos em mãos mandam de começo um dos maiores clássicos da história do Rock Progressivo, Siberian Kathru. Sem muita enrolação, as primeiras notas de I've Seen All Good People e em poucos minutos de apresentação a banda já tinha a casa em suas mãos. Ver os senhores que fizeram – e ainda fazem – uma parte da história do Rock ao vivo é algo não menos que mágico. Steve Howe, Chris Squire e Alan White são verdadeiros mestres no palco; a energia que emanam ao público não tem como descrever em palavras. Howe ainda agita em momentos do show, White – mesmo em algumas partes do show ter errado algumas coisinhas mas que não comprometeu a banda – tem uma pegada forte e precisa e Squire é uma figuraça em palco. As vezes tomando as honras da banda, a apresentava e conversava com o público; agitava seu baixo e ainda teve o luxo de colocar um ventilado à sua frente, o que ainda penso se era por causa do calor ou se era puramente estética de ter seus cabelos grisalhos esvoaçados pelo vento.


Tempus Fugit mostrou porque o Yes é considerado uma das bandas mais técnicas que existe e Astral Traveler foi tocada de forma precisa e com um solo de Alan White no meio. And You And I chegou para arrancar lágrimas de muitos presentes, a música já é forte emocionalmente e ao vivo se tornou mais poderosa ainda, um dos pontos mais altos da apresentação que fez o público aplaudir em pé. Oliver Wakeman, filho “do homem”, não fez feio. Preciso, tocou as partes de teclado sem nenhuma dificuldade aparente, mostrando um excelente músico e à altura de substituir o Rick Wakeman na banda (até porque os mesmos cacoetes em palco pegou do pai, como as poses e as jogadas de cabelo).


Já terminando, não tem como negar que  Benoit David substituto de Jon Anderson, foi o cara perfeito para o posto. Timbre extremamente parecido, não falhou em nenhum momento e ainda por cima tem uma presença de palco razoavelmente forte. Mas nenhum deles apagou o brilho de Steve Howe com seu solo. Denominado Mood For A Day / Intersection Blues, misturou trechos do violão nacional tocando partes da Bachioana n. 05 - de Villa-Lobos -, trechos de blues clássicos e a famosa Mood For a Day, e foi emendada com a mais “nova” tocada na noite, Ower of a Lonely Heart – numa versão que Howe simplesmente estraçalhou na guitarra. Perto do fim, o que tivemos nas seguintes músicas foi algo extraordinário. The Heart of Sunrise foi o momento de Squire com um peso absurdo no em seu baixo e com ele brincando com a platéia, e  com a mais que clássica Roundabout com o público cantando junto à banda. Após uma pequena pausa para o bis, a verdadeira viajem musical Starship Troopers, num final com improvisos de todos. Não tenho palavras pra descrever o que eu vi e ouvi nesse momento.


O show pode não ter sido perfeito, mas a força das músicas do Yes banda em palco, principalmente o foco nos primeiros discos, é imensa. Os deslizes ficaram já pelo atraso do show e pequenas falhas de White, mas nada que comprometesse o show, e pelo set. Um pouco curto, uma hora e quarenta e cinco minutos, mas talvez diminuíram pelo atraso, pois encostado ao palco vi o set e tinha duas músicas cortadas – o que não deu para ver quais eram. Esse tempo curto faltou muito som que muitos esperavam (eu particularmente, esperava Magnification ou In Presence of do último trabalho de estúdio ou outros clássicos como Sound Chaser, Long Distace Runaround ou até mesmo a Close to the Edge, aliás, essa muito pedida pelos fãs). Mas nada disso estragou a apresentação de uma das maiores bandas da história do Rock.


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 













 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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