Resenhas

Watain e Mortuary Drape - 11.12.2010 - Inferno Club - SP

Por Fabiano Cruz | Em 14/12/2010 - 17:35
Fonte: Alquimia Rock Club

Sábado de sol na capital e apresentações de bandas extremas fim de tarde não combinam nem um pouco, mas a produção da Tumba Produções para o evento chamado The Lords of the Black Magik, que trouxe ao Brasil a cultuada banda italiana Mortuary Drape e o mais forte nome do Black Metal atual, os suecos do Watain, foi marcado para começar as 19:00 no tradicional clube Inferno, na capital paulista. Talvez pelo horário ou pela “tradição” do próprio público brasileiro não fazer a mínima questão de prestigiar os nomes de nossa cena metálica – ou ate mesmo pelos dois fatores em conjunto -, muitas pessoas não compareceram para prestigiar os nomes nacionais que abriram o evento. A primeira banda foi Delicta Carnis e a segunda a Eternal Darkness DCLXVI; ambas mostraram garra e vontade nas curtíssimas apresentações, em torno de meia hora cada. O som ainda estava meio embolado em suas apresentações que foi melhorando um pouco, mas percebi que os músicos driblavam com ate mesmo uma certa experiência algumas falhas no som.


Em curto espaço de tempo, o placo foi preparado para o Mortuary Drape. Com a banda entrando num verdadeiro ritual segurando velas e vestidos como sacerdotes, a banda começa os acordes infernais de Primordial e a entrada do vocalista Wildness Pervesion foi aclamada por muitos, já com a casa num “milagre da multiplicação” quase cheia, inclusive muitos fãs ali indo prestigiar a banda. Mas o começo arrasador foi interrompido pelos problemas mostrados nas bandas de abertura, o que se agravou justamente na apresentação dos italianos. O baterista estava sem monitor de retorno e devido à dificuldade técnica dos sons do Mortuary Drape, era difícil para ele dar continuidade. Com a banda em palco e uma leve irritação de Perversion, o problema demorou um pouco a ser resolvido e a banda retoma o show com Mortuary Drape seguida de Cycle of Horror. Mesmo com esse problema, a banda conseguiu administrar o defeito e não deixou o show esfriar, que esquentou de vez com os sons Mother - Crepuscular Whisper, Zombie e na cantada em uníssono Tregenda. A qualidade técnica da banda é extrema, principalmente o trabalho da cozinha, mesmo um pouco prejudicado pelo problema com o retorno da bateria. Após uma pequena pausa, a banda toca Beyond the Veil, que o clima mórbido foi perfeito para tocarem a pesada Ectoplasm. E a banda termina sua apresentação com Vengance From Beyond numa pancadaria de dar inveja.


Numa pausa um pouco mais lenta para resolver o interminável problema do monitor (o que tenho que dizer aqui que certa hora o baterista Håkan Jonsson literalmente bateu no peito falando que ele tocaria sem retorno mesmo, numa atitude totalmente profissional e de respeito), o palco preparado com cruzes invertidas, tridentes e velas pretas, mais uma cerimônia é feita, dessa vez com o Watain de costas ao público reverenciando as cruzes invertidas. E já arrebentam tudo com Malfeitor, seguida sem respirar com Devil’s Blood. A performance da banda é algo que extrapola os limites. A base da banda com o vocalista Erik Danielsson, com o guitarrista Pelle Forsberg e com Håkan não para um minuto sequer em palco e seus corpse paint geral um impacto grande, com roupas parecendo podres que se esticam aos instrumentos, com um ar de ferrugem; aliás, o odor forte da banda é algo surreal, quase um cheio de corpo em decomposição. A já cultuada Sworn to the Dark foi tocada de uma forma primorosa, como os sons de Lawless Victory, Reaping Death e Total Funeral. Satan’s Hunger foi tocada numa fúria extrema e On Horns Impaled, do primeiro disco, deixou todos paralisados pelo poder da música.


O Watain deixa o palco deixando claro que não voltaria. Uma apresentação curta, que chegou a pouco menos que uma hora, estranhando a todos. Não sabemos o porquê, se foi devido aos defeitos que a casa apresentou com os monitores de retorno, ou se teria horário para entregar a casa, mas esperávamos mais tempo do Watain, como também do Mortuary Drape – o que ficou claro pelo set list dos italianos que cortaram duas músicas devido ao tempo perdido para resolver os problemas apresentados. Mas mesmo sendo curtíssimos e com problemas, as bandas mostraram um profissionalismo extremo, principalmente o Watain que foi arrasador deixando todos atordoados com sua apresentação (fiquei imaginando um show deles com uma produção completa e com mais tempo). E tenho que deixar aqui os parabéns para a Tumba Produções, pois trouxeram mais uma vez – somente nesse ano de 2010 foram três eventos, nomes importantes e cultuados do Metal extremo para o Brasil. Que 2011 continuem esse trabalho!


 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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