Resenhas

The Ocean - 2010 - Anthropocentric

Por Fabiano Cruz | Em 14/12/2010 - 17:39
Fonte: Alquimia Rock Club

The Ocean Collective – ou simplesmente The Ocean – lançou o Segundo álbum no ano, coisa raríssima hoje em dia, porém comum pelos idos dos anos 60/70, o Anthropocentric, uma continuação musical e filosófica do Heliocentric, lançado começo do ano. Contando com vários músicos, mas o centro da banda formado por Luc Hess (bateria), Louis Jucker (baixo), Loïc Rossetti (vocais), Jonathan Nido (guitarras), Robin Staps (guitarras e elementos eletrônicos), a banda faz uma verdadeira viagem musical nesse disco. Apesar de ser uma continuação do Heliocentric, onde a banda compôs musicais mais voltadas a um estilo orquestral, aqui a coisa é mais pesada e direta, mas sem deixar a sua característica de colocar no meio de seu Hardcore elementos Progressivos e experimentais, criando uma sonoridade única.


A abertura com a faixa título já mostra os caminhos tortuosos na música e na letra. Hora pesado. Hora climático, o tema da melodia é desconstruído a cada segundo da música tornado uma das melhores composições da banda. Impossível prever os caminhos que a banda faz em quase 10 minutos de som; o que também acontece na She Was The Universe – que tem uma exótica e estranha melodia vocal no refrão. Sewers of the Soul é uma composição “off-time”, daquelas que faz o ouvinte ficar totalmente perdido em sua audição, e somada ao peso absurdo, faz uma das melhores do trabalho. Wille Zum Untergang é uma belíssima peça instrumental que a banda explora todo seu potencial melódico.


O peso adquirido faz as letras, baseadas no conceito do antropocentrismo, ou seja, o Homem como centro do Universo, soarem mais densas ainda; criando uma verdadeira crítica-filosófica ao pensamento cristão (vale muito a pena prestar atenção nas letras da banda). E a base dessa “guerra” musical e filosófica está as quatro partes de The Grand Inquisitor, baseado na parte do livro Irmãos Karamazóv, do grande escritor russo Dostoiévsky (um capítulo onde um irmão ateu debate os problemas humanos e filosóficos da humanidade com seu irmão padre);  The Grand Inquisitor I: Karamazov Baseness é lenta e muito densa, chegando a certos momentos incomodar com a melodia dissonante; The Grand Inquisitor II: Roots & Locusts é mais pesada e direta, com intrigantes passagens de baixo e bateria; The Grand Inquisitor III: A Tiny Grain Of Faith é uma peça curta totalmente progressiva, uma estranha textura entre sintetizadores, violino e voz feminina e The Grand Inquisitor IV: Exclusion From Redemption  fecha as partes com primor, uma grande composição, porém ela está somente em versões especiais do disco (em vinil e na versão européia do CD)


O disco incomoda bastante pela sua sonoridade em conjunto com as letras. Como já foi dito, algumas partes são bem tortuosas, porém muito bem compostas, não diminuindo em nada a qualidade do trabalho. O The Ocean é uma banda que vem tendo destaque pelas suas composições que enxergam além dos “muros composicionais” do Heavy Metal, uma tendência em bandas novas, como o Baroness, o Mastondon e o Intronaut, que juntas, se continuarem na pegada e criatividade, tem tudo para se tornarem grandes. Um disco indispensável para quem procura novas sonoridades!

 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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