Resenhas

Deathspell Omega - 2010 - Paracletus

Por Fabiano Cruz | Em 09/01/2011 - 20:25
Fonte: Alquimia Rock Club

Impressionante. Não consigo ter outra palavra para descrever Paracletus, o novo trabalho do Deathspell Omega. O que o mentor Mikko Aspa conseguiu nesse trabalho é algo não menos que extraordinário. O Deathspell Omega vem numa evolução musical que poucas bandas têm ou tiveram em carreira; começaram com um Black Metal cru e visceral e até o EP de 2008, Veritas Diaboli Manet In Aeternum Chaining The Katechon, moldaram seu som a um meio termo entre o Black Metal, o Progressivo e a música de Vanguarda, o que culmina em seu ponto ápice nesse novo trabalho.


Paracletus, apesar de constar 10 faixas, é uma grande composição; não tem uma folga sequer entre a mudança das músicas e a melodia apresentada em Epiklesis I é trabalhada da forma mais visceral e complexa possível por toda a duração do disco. A banda “desconstrói” qualquer forma musical e harmonia que estamos acostumados a ouvir mesmo na música extrema. Os riffs fora do tempo e compasso, o baixo pesado e melodioso e a bateria com viradas e conduções insanas, deixa qualquer ouvinte fora do tempo e espaço. Aqui a Arte é trabalhada para que o ouvinte se integre totalmente à Arte, mas por causa das concepções musicais da banda, pode ser que, de primeiro momento, seja meio difícil compreender e digerir o trabalho.


Falar em faixas separadas, depois de explicado como o disco é em sua totalidade, é difícil. Mas alguns momentos são primorosos. Abscission nos traz uma harmonia meio xamânica, nos levando a algum lugar distante fora dos padrões de espaço. Phosphene é uma pancadaria desenfreada com complexas passagens e variações musicais, talvez o ponto alto do trabalho. Malconfort deixa a mente de quem ouve intrigada e inquieta, principalmente pelos riffs dissonantes e soltos livremente pela composição, sem se preocupar com tempo. Apokatastasis Pantôn fecha o trabalho de uma forma contagiante, épica e triunfante. Particularmente, fiquei uns 10 minutos estático após a audição desse disco.


E se não bastasse o trabalho instrumental, as letras são perfeitas, filosóficas; abordam um lado mais oculto do homem. O próprio título etimológicamente tem raízes gregas e significa "Consolador", e é usualmente ligado a idéia de "Espírito Santo (uma base de como os Gregos antigos viam a Alma humana), e versa sobre o homem nesse interim; outro ponto de maestria do grupo, inclusive pela facilidade que mudam do inglês para o francês – mais um fator que deixa o trabalho soberbo. E tudo numa produção e gravação cristalina. Pelos seus trabalhos, já está na hora dos franceses do Deathspell Omega ter seu nome no alto escalão da música extrema. Um disco simplesmente imperdível; mesmo que você não goste do Black Metal, vale à pena ouvir e – pelo menos – tentar compreender a Arte que a banda faz.



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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