Resenhas

Virgin Steele -2010- The Black Light Bacchanalia

Por Fabiano Cruz | Em 26/01/2011 - 20:13
Fonte: Alquimia Rock Club

Pessoalmente sempre achei o Virgin Steele uma das mais criativas bandas do Heavy Metal. As comparações com qualquer outra banda do cenário norte-americano – inclusive com o Manowar – é coisa de quem nunca ouviu sequer um disco completo da banda, pois as sacadas geniais nas composições e as letras inteligentíssimas fazem da banda do DeFeis única. Já estava sentindo falta de um novo trabalho quando quase sem anúncios ou notícias no fim de 2010 a banda solta The Black Light Bacchanalia, continuação de Visions of the Eden, um conto baseado na mitologia cristã, que põe toda a criação de Deus – e ele mesmo – em jogo perante seus atos à Humanidade; uma verdadeira fábula moderna filosofada às luzes do cristianismo (só o conceito lírico desses dois discos seria ata de uma matéria inteira, tamanha riqueza e detalhes que DeFeis coloca nas canções).


Musicalmente, a banda evolui a cada trabalho apresentado. DeFeis aqui toma conta de quase tudo - voz (e,convenhamos, que voz!), teclados e baixo, além da produção – e, ao seu lado, temos Frank Gilchriest na bateria e de Josh Block e o já eterno parceiro musical Edward Pursino nas guitarras. By The Hammer Of Zeus (And The Wrecking Ball Of Thor) já abre com o som tradicional e épico do Virgin Steele, e pelas vocalizações de DeFeis nesse som, um tom mais baixo que o normal e quase falado, vemos novas influências da banda, caindo mais pro lado progressivo. Pagan Heart e The Bread Of Wickedness vão no mesmo pique da faixa de abertura, enquanto algumas musicas ganham um pouco mais de peso nas guitarras, resgatando um pouco de trabalhos anteriores da banda, como podemos ouvir em The Black Light Bacchanalia (The Age That Is To Come) e Necropolis (He Answers Them With Death). Três canções chamam mais atenção que as outras: To Crown Them With Halos (Parts 1 And 2) são de uma complexidade instrumental magnífica, fazendo de DeFeis um dos maiores compositores do Heavy Metal; The Orpheus Taboo pode ser a mais “progressiva” do grupo em toda a sua carreira, e mais uma vez DeFeis mostra toda sua criatividade no canto; Eternal Regret  é épica, com um começo no piano que vai ganhando corpo conforme passam os minutos.


Também tem que ressaltar as influências clássicas que o Virgin Steele tem; instrumentações aqui e acolá e harmonias no piano clássico fazem todo o diferencial no trabalho, e acima de tudo, são arranjadas de uma maneira que soe enfadonho ou que caia em algo mais sinfônico. Os únicos pontos negativos do trabalho ficam por conta da produção (pela sobrecarga de DeFeis , ele poderia pelo menos dividir a produção com alguém; em algumas passagens um peso maior nas guitarras ou uma harmonia mais “na cara” daria um tom ainda mais especial ) e da duração das músicas (metade tem mais de 7 minutos de duração; não que seja realmente um ponto negativo, mas para quem não acompanha a banda ou não gosta do estilo, pode soar um pouco enfadonho).


O trabalho também foi lançado em versão digipack que contém dois interessantes bônus (mais “suaves” que os sons do disco) e uma faixa onde DeFeis narra a história da banda, onde tem todo um clima épico. Um excelente trabalho do Virgin Steele, que sempre está comprovando que é uma das bandas mais injustiçadas da história do Metal norte-americano
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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