Resenhas

Faust - 2011 - Something Dirty

Por Fabiano Cruz | Em 14/02/2011 - 22:26
Fonte: Alquimia Rock Club

Os mestres do Krautrock lançaram mais uma “loucura” musical. Something Dirty, lançado nesse começo de ano, traz o Faust mais uma vez com seu som recheado de experimentalismos progressivos, jazzísticos e avant-guard, no mais puro sentido das palavras que vocês podem ter. Contando somente com dois membros fundadores, o baixista Jean-Hervé Peron (que aqui também toma conta da voz, do trompete, do vibrafone de brinquedo (?), do cavaquinho (???), entre outras coisas malucas) e o baterista Zappi W. Diermaier, ambos contam desde 2007 com Geraldine Swayne (piano, sintetizadores, percussão, órgão, voz e outras maluquices) e James Johnston (guitarra, sintetizador, órgão, piano, theremin), que vem resgatando muito do pensamento da banda nos anos 70 e vem a cada disco ficando cada vez mais fortes.


Falar do disco é difícil, pois é extremamente complexo. Não acho que é um tipo de som que vai agradar logo aos primeiras escutadas, principalmente porque dessa vez abusaram demais de sintetizadores, o conceito de “livre” do Free Jazz e de ruídos brancos, tudo jogado a vários conceitos e citações musicais. Basta ouvir  Herbststimmung, que começa com um órgão com ecos na música barroca que vai crescendo até tomar forma num som cheio de efeitos e ruídos; ou a faixa título construída a partir de ruídos e efeitos no sintetizador com a base meio tribal na bateria. A pouca utilizada voz dá texturas nunca antes imaginadas, como a voz meio “vampírica” de Swayne em Lost the Signal (aliás, é quase hipnotizante a condução desse som). Algumas vezes o trabalho cai desenfreadamente numa Jam de improvisos quase sem fim, como nas duas partes de Dampfauslass.


É um bom trabalho, mas aquém do que a banda já fez nos anos 70 (talvez porque quando criada, chocou muita gente com seu som experimental, hoje em dia não choca mais). Como já disse, de começo, é difícil escutar um trabalho inteiro do Faust e esse não é diferente; para quem nunca ouviu, tem que degustar bem aos poucos, até acostumar com a proposta e a sonoridade dos alemães. Para já quem conhece, pode adquirir sem medo, pois é um trabalho bom; não chega a ser um clássico, mas também não é ruim, uma cacofonia se sentido. Apesar das características vanguardistas e experimentais, percebemos que aqui é tudo muito bem calculado.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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