Apesar de estar na estrada a anos e ser parte da “primeira escola” de Thrash que a Alemanha teve, o Tankard nunca teve o devido respeito da mídia e do bangers, pois deveria estar no patamar de bandas como Destruction e Kreator hoje em dia. Os caras ligam pra isso? Pelo jeito não, pois em seu 14º trabalho, Vol(l)ume 14, a banda continua despejando riffs e mais riffs poderosos com uma cozinha “foderaça”, tudo capitaneado pela voz típica de um “thrasher” de Andreas “Gerre” Geremia e suas letras hilárias e cômicas.


Musicalmente já deu pra perceber que a banda não mudou em nada. E nem precisa. O Tankard já entrou pro seleto time de bandas de Heavy Metal que seguem a ordem “se ta funcionando, para que mudar”; mas isso não soa ruim, pois mesmo assim, percebemos grandes arranjos nos riffs de Andreas Gutjahr, numa clara evolução desde o último trabalho em 2008, Thirst. A cozinha do baixista Frank Thorwarth e do baterista Olaf Zissel é precisa, afinal já são mais de 10 anos que tocam juntos; inclusive algumas viradas de Zissel são fantásticas! Instrumentalmente, tem como destaque Rules for Fool com seu riff nervoso (que ganhou um vídeo oficial, que vocês podem ver abaixo), Condemnation (que talvez seja amais melódica de todas e um refrão magistral) e Weekend Warrior (com um trabalho de voz de Gerre memorável e belíssimos solos de Gutjahr).


E o ponto forte da banda, as letras, há! Continuam hilárias e engraçadas! Atacando com um humor ácido e escrachado a tudo e a todos. Esqueçam as letras fantasiosas ou as letras cheias de ira de 90% das bandas de Heavy Metal: aqui o nosso mundo é retratado de uma maneira séria, mas com humor. Fat Snatchers (The Hippo Effect) trata da obesidade de uma maneira engraçada de um ponto de vista de Gerre – que já foi obeso, hoje por causa de tratamento e operação perdeu seu visual idolatrado pelos fãs -, só ver pelo refrão “My name is Chunk and I’m a real fat ass / No diet plan could ever help me / My friends are laughing about my plump mass / Where is my dick? Long time no see”. Beck’s In The City conta uma história de “amor” no meio Headbanger; hilário! Não falta ironia até para a crise do petróleo que teve no Oriente Médio na Black Plague; mesmo com um tema mais “sério”, a banda não economiza na acidez.

A proposta da banda sempre foi essa, gostem ou não (as vezes eu penso se eles mesmos se levam a sério). E essa identidade que faz do Tankard uma das mais divertidas bandas da história do Heavy Metal – quiçá do Rock’n’Roll como um todo! – e que merece com respeito mais espaço entre os Headbangers. Com esse disco – que arrisco com cabeça erguida em dizer que é um dos melhores discos de Heavy Metal do ano de 2010 - espero por um novo show no Brasil, pois foi alucinante o que fizeram aqui a alguns anos atrás. Como a arte da capa sugere, pegue algumas cervejas e escute mais esse petardo do Tankard!

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.