Resenhas

Adriane Grott - 2010 - Adriane Grott

Por Fabiano Cruz | Em 23/03/2011 - 19:56
Fonte: Alquimia Rock Club

Muitas modelos e apresentadoras, sabe-se por que raios, sempre se aventuram nos meios musicais (muitas pessoas pensam que música é somente compor umas melodias com uma base de instrumentos e pronto, já se acham “o” musico, mas isso é um debate que não se enquadra aqui...), quase sempre amparadas por emissoras de TV e programas em que visam seus corpos. Mas a modelo Adriane Grott vai um pouco afastada desse ponto. Primeiro porque ela teve aulas de canto e sabe o que estava fazendo quando começou a fazer seu disco – diferente de muitas ai que pagam compositores e arranjadores para serem bem produzidas musicalmente e mal sabem o que estão fazendo. Segundo, um time até respeitável musicalmente; a banda Velhos Magos é formada pelo guitarrista (aqui também produtor ao lado de Adriane) Titi Barros, pelo baixista  André Nisgoski, músico já bem conhecido, principalmente pelo seu forte estilo e timbre e pelo baterista Ruy Feuerschuette, músico que já gravou em estúdio desde o punk ao jazz, e já tocou na banda de nada mais nada mesmo do Hermeto Pascoal.


Com esses caras ao lado, não seria um tiro no escuro; o disco é muito bem produzido e bem gravado, mas escorrega em alguns pontos. Primeiro, falando como compositor e arranjador, faltou um trabalho a mais nas melodias e em algumas rítmicas, o que faz o disco soar um tanto repetitivo em certas faixas. Segundo, um trabalho maior no timbre de Adriane – o que não chega a ser uma certa escorregada, pois sua voz analasada realmente é um tanto difícil de gravar e ter variações no timbre. Essas duas coisas parecem atrapalhar um pouco no som que tem um meio termo entre o hardcore e o punk, em uma linguagem mais pop. Mas tem momentos bons. A abertura com Mafalda tem um certo quê de um Rock mais pro lado alternativo e talvez seja a faixa mais bem trabalhada melodiosamente; Aflição tem uma pegada instrumental na linha de Rage Agaist the Machine, inclusive com um peso absurdo na guitarra; À Noite tem um trabalho de guitarra que lembra bastante o Heavy Metal mais tradicional; Fada Madrinha pode agradar quem gosta de um som mais punk mais “pop”.


Como disse, Adriane sabe onde esta se metendo, porém claramente falta mais experiência musicalmente, principalmente na parte de como trabalhar sua própria voz, e isso somente se conserta com anos de estrada e muito, mas muito trabalho. A sim, e uma melhoradinha nas letras, pois algumas soam um tanto quanto “adolescentes” demais. Vale como um registro onde uma modelo expande seus conhecimentos em áreas não muito costumeiras.



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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