Resenhas

Mastodon - 2011 - Live at the Aragon

Por Fabiano Cruz | Em 30/03/2011 - 12:47
Fonte: Alquimia Rock Club

Com o lançamento do excelente Crack the Skye, o Mastodon entrol na seleta lista de bandas criativas que saem da “forma” do Heavy Metal, resgatando elementos antes perdidos pelas bandas novas – como a psicodelia ou as complexidades das bandas de Progressivo – sem deixar de ver o que acontece ao seu redor, numa identidade única que o novo e o antigo se gladiam em sons que soam grandiosos. E numa discografia que a banda de Atlanta foi moldando seu som ao ápice do disco citado, faltava um ao vivo, o que corrigiram ao lançar esse Live at the Aragon, num pacote que inclui o áudio do show e um DVD.


Gravado em meados de 2009, na casa Aragon Ballroon, em Chicago, a banda faz um bom show, mas com dois detalhes que deixaram a desejar... Primeiro por ter gravado o disco Crack the Skye na íntegra. Tudo bem que é o maior disco da banda e passagens complexas como The Czar, Ghost of Karelia e The Last Baron, tocadas ao vivo, são de deixar qualquer um de boca aberta, mas por se tratar de seu primeiro registro ao vivo, a banda pecou – e muito! – em deixar seus outros trabalhos, tão bons quanto Crack the Skey, mesmo que ainda estavam moldando seu som, meio de lado. Peças como Circle of Cysquatch e Where Strides the Behemoth estão ai, mas fica aquele ar de que ficou faltando algo mais.  Abanda deixou de lado um grande momento de mostrar o trabalho desde seu primeiro disco; lançar um ao vivo com um disco na íntegra é coisa de gigantes, de bandas que tem em seu currículo três, quatro discos clássicos.


Segundo ponto, o trabalho de vozes. O instrumental está impecável: riff por riff complexos estão lá, em toda as suas magnitudes, inclusive a precisão do baterista Brann Dailor e do baixista Troy Sanders é algo no mínimo impressionante. Mas o jogo de vozes, gravados de uma forma bem experimental em Crack the Skye, ai vivo fica meio fragilizado, meio instável. Normal, pois o Mastodon nunca teve o trabalho de vozes como um de seus pontos fortes ao vivo, mas especificamente aqui, comparando as músicas ao vivo com suas versões gravadas, mostra claramente que em estúdio, com a tecnologia de hoje, faz verdadeiros milagres; a banda deveria repensar mais num próximo disco de estúdio e não experimentar ou trabalhar tanto as vozes de uma forma que ao vivo tenham dificuldades de fazer. (Um parêntese, coincidentemente antes de escrever essa resenha, li uma matéria num jornal sobre o trabalho erudito de um gigante músico nacional, que fala exatamente disso: gravado, as músicas são perfeitas, mas ao vivo são totalmente instáveis. Porai, vemos que o problema citado do Mastodon não é exclusivo da banda e/ou do Heavy Metal...)


Mesmo assim, com cruciais pontos como esses, é um disco muito bem gravado. As imagens no DVD são perfeitas, com um interessante jogo entre as câmeras. Mas particularmente acho que é um lançamento que chamará mais a atenção de fãs do que quem não conhece a banda - para essas pessoas, é mais fácil ir atrás de uma coletânea ou os sites da banda para conhecê-la melhor.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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