Resenhas

Ava Inferi - 2011 - Onyx

Por Fabiano Cruz | Em 04/04/2011 - 22:13
Fonte: Alquimia Rock Club

A principio, esse que voz escreve nunca foi muito fã do Gothic Metal – salva raríssimas exceções em músicas, e não em bandas -, mas como fã do Black Metal, adquiri esse trabalho que conta com Rune Eriksen, guitarrista que já foi parte do Mayhem, e tenho que admitir que foi uma agradável surpresa esse novo trabalho do Ava Inferi. A banda oriunda de Portugal faz um Gothic Metal de extremo bom gosto, de uma sonoridade sombria e melancólica, mas sem soar aquela “choradeira” das bandas do estilo. A vocalista Carmen Susana Simões é um brilho à parte, pois suas vocalizações vão a um lugar bem diferente das vocalizações operísticas que vemos nessas bandas; sua voz é bem melódica, mas em um meio termo entre a maciez e a fala. Talvez pelo fato dela ter começado sua carreira como fadista, e não numa banda de Metal, e isso fez uma puta diferença.


O disco não tem um peso característico em sua totalidade, porém as músicas são recheadas de atmosferas e ambientes góticos perfeitos. A guitarra de Eriksen com a voz de Susana formou uma dupla perfeita. E além dessas qualidades que a diferenciam das demais do estilo, ainda não tiveram medo de enfiar nas composições experimentos interessantes; não radicais ao extremo para serem vanguardistas, porém que deram certas características que vão além do gótico. Assim, cada canção tem sua característica própria, dando um enorme diferencial no trabalho, mas sem deixar ele ficar sem sentido. A abertura com Onyx tem belas melodias feitas por Eriksen que deixou com um ar mais Doom; a lenta e etérea (((Ghostlights))) deixa qualquer um paralisado com seu clima atmosférico; The Living End tem um pequeno dueto entre Eriksen e Susana em um trabalho de vozes perfeito; A Portal é a faixa que tem mais peso, perfeita para ser executada ao vivo. A meu ver, The Heathen Island se saiu a melhor, pois é a mais experimental e um trabalho harmônico que sai dos moldes do estilo musical que a banda faz; e as falas intercaladas pela música deram um clima sombrio que chega a incomodar.


A produção ficou a cargo de um dos magos do Heavy Metal, Dan Swanö. Ele conseguiu captar muito bem o estilo da banda. Os pontos negativos ficam, talvez, pela falta de um pouco mais de peso – ou não, pois a intenção da banda é justamente criar atmosferas e harmonias, e não tocar com blast beats ou afinações estranhas -, e uma canção em nossa língua, pois em seus primeiros discos tiveram pelo menos uma. Um trabalho que vale a pena escutar, pois se for escutar sem preconceitos, é um disco realmente excelente e com músicas cativantes e viciantes.
 


http://www.myspace.com/avainferi



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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