Resenhas

Van Der Graaf Generator - 2011 - A Grounding in Numbers

Por Fabiano Cruz | Em 07/04/2011 - 14:48
Fonte: Alquimia Rock Club

O Van Der Graaf Generator é considero uma das maiores forças do Rock Progressivo, principalmente pelos seus trabalhos nos anos 70. A banda passou um tempo sem gravar um disco de inéditas desde o fim dos anos 70 e com a saída do saxofonista David Jackson em 2006, lançaram arriscadamente Trisector em 2008. Arriscadamente porque Peter Hammil, Hugh Banton e Guy Evans se arriscaram com um trio. O resultado não ficou ruim, porém com esse lançamento A Grounding in Numbers, a banda ficou mais a vontade como um trio, fazendo esse um trabalho bem mais consistente.


Conceitual, o disco vai além das composições para mostrar a visão da mente criativa de Hammil sobre a ciência da matemática. A data de lançamento, 14 de Março - ou seja, na notação da língua inglesa, 03/14 – faz alusão ao número PI - e a capa mostra pequenos detalhes bem sutis ao assunto. Musicalmente, apesar de não ter os consagrados épicos megalomaníacos dos anos 70, as composições são complexas, tudo milimetricamente calculado – não entrarei em detalhes composicionais, pois sairia de uma simples resenha a algo mais técnico, mas quem estuda, ou estudou, composição e tem um mínimo de conhecimento, preste atenção nas mais variadas formas rítmicas, harmônicas e melodiosas que a banda compôs e nas inteligentes soluções e resoluções musicais.


Apesar de começar um pouco truncado com a balada Your Time Starts Now e na intrigante Mathematics, o disco vai ganhando força ate seu final e, como já disse acima bem adaptados ao formato de trio, o VDGG destila inúmeros conhecimentos musicais. A bem “rocker” Highly Strung e a bem voltada à guitarra Bunsho fazem um contraste perfeito a composições que moldam o tempo de uma forma inigualável, como nas jazzísticas Embarassing Kid e Medusa. Splink é a mais “torta” das composições, onde tem um teclado totalmente dissonante e atonal. All The Over Place encerra o disco de uma forma maravilhosa, com suas intrigantes passagens.


A produção do disco foi feita de uma forma que a banda se aproxime bastante de produções das bandas de Progressivo mais atuais (leia-se: Pendragon, Spock’s Beard, entre outras), mas sem deixar seu passado para trás; isso é bem mostrado nos tempos das faixas – não passam de 7 minutos como já dito - e mantendo muito dos timbres usados em outros trabalhos. E em tempos que os “dinossauros” do Progressivo estão lançando discos, mostra cada vez mais que eles ainda tem muito a ensinar às bandas mais novas. Um trabalho imperdível.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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