Resenhas

Massahara - 2011 - Massahara

Por Fabiano Cruz | Em 13/04/2011 - 21:46
Fonte: Alquimia Rock Club

É incrível a quantidade de excelentes bandas Brasil afora dentro do vasto Rock’n’Roll que lutam a cada dia para ter pelo menos um registro. Algumas (pouquíssimas) conseguem contratos, outras (mais pouquíssimas ainda) conseguem fundos por meio de incentivos culturais e a maioria (quase na totalidade) se arriscam pro difícil caminho independente; difícil, pois uma banda a ir por esse caminho tem que saber o que realmente quer, que som fazer, ter fundos do próprio bolso para as gravações e para dar um descuido é so dar um único passo errado. E esse caminho às vezes leva anos, mas a experiência acumulada em bares e mais bares e horas e mais horas de ensaios pode gerar um “debut” perfeito e contagiante. E é o caso desse primeiro disco oficial do Massahara.


Já a algum tempo venho acompanhando essa banda de São Paulo, e vi muitas vezes de perto o honesto trabalho deles – tanto que antes de oficializarem o Renato Amorin como baterista oficial, tanto ele como o Júnior Muelas dividiram as gravações da bateria no disco, pois o Douglas Oliveira, antigo baterista, saiu da banda justamente por incompatibilidade de pensamentos -, sempre lutando no “underground” paulista e melhorando cada vez mais as canções. Quando me passaram o disco finalizado para escutar, ao término so saiu de minha boca um “uau!”.


O que temos aqui é um verdadeiro “assalto” Hard Rock setentista sem deixar de lado as técnicas de gravações mais atuais e, junto a instrumentos “Vintage”, o Massahara gerou um som totalmente poderoso. fábio Gracia (guitarras), Allan Ribeiro (baixo), Ronaldo Rodrigues (teclados) e o já citado Renato, regravaram o CD-demo que já circulava pelos shows e fãs da banda e músicas como Cabeça Boa, Zóio d’Cobra e Lugar ao Sol, com suas roupagens novas, ficaram mais potentes ainda. A guitarra de Fábio ficou com um “punch”, um timbre que posso arriscar dizer quase Heavy Metal; Alan estraçalha em linhas de baixo fenomenais e complexas com um timbre bem “roncador” – não é a toa que recentemente o Roalndo Júnior o chamou para integrar o Patrulha do espaço em alguns shows, coisa que não é para poucos; Ronaldo Rodrigues – colunista do Alquimia Rock Club – abre todo seu arsenal de teclados “vintage”, inclusive gravando em equipamentos como Hammond, Mini Moog e Fender Rhodes originais, sem nada de simuladores, e os bateristas literalmente soltam a mão nas faixas.


As inéditas ficam por conta da “arrasa-quarteirão” Contramão, que abre o trabalho, da “abrasileirada” Mandacaru e da viagem instrumental quase prog que encerra o disco Massahara; faixas que já vinham sendo tocadas em shows da banda, mas ainda não tinham sido gravadas. Dois outros pontos favorecem o trabalho: as letras, algumas delas com uma forte preocupação moral da Humanidade, com a banda deixando bem seu recado (prestem atenção na letra de Contramão, entre outras) e a belíssima arte do CD, desenhada pelo Fabio – que além de guitarrista é um ótimo artista gráfico, sempre fazendo os cartazes e ilustrações da banda. O disco é um dos melhores “debut” de uma banda nacional. Gravação límpida (ouve-se instrumento por instrumento sem nada embolado), produção acima da média e carregada de energia. Exagero? Escute Já Nem Ligo Mais e sinta a sensação de “what’a fuck is this?” que o trabalho proporciona.


http://www.myspace.com/massahara/



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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