Resenhas

Pain of Salvation - 05.06.2011 - Carioca Club, SP

Por Fabiano Cruz | Em 08/06/2011 - 22:08
Fonte: Alquimia Rock Club

Um Domingo congelante e após um bizarro empate do Timão no RJ contra o Flamengo, rumei para o Carioca Club presenciar a apresentação do Pain os Salvation no Brasil, promovendo o disco Road Salt One. Como Sábado teve Symphony X na capital paulista e pelo fato de Road Salt One ter dividido os fãs nas mais diversas opiniões, não achava que o Carioca Club estaria cheio, o que calou minha boca vendo a enorme fila do lado de fora e dentro da casa com poucos espaços livres para circulação (somente nas laterais bem próximas à parede e bem no fundo da pista), inclusive com os camarotes bem cheios – dos shows que o Alquimia Rock Club presenciou na casa, somente o do Halford foi mais lotado que esse; isso até causou um atraso  na apresentação, pois marcado para começar as 20:00, a casa foi aberta somente uma hora antes, o que não deu tempo para todos entrarem. Ruim? Nem tanto... além de aquecer um pouco o corpo com alguns drinks, ainda deu para dar algumas risadas com o time do América Mineiro, cujo jogo contra o Internacional passava no telão, tradição do Carioca Club passar jogos no telão antes dos shows (comentários futebolísticos a parte, o que um time desse faz na primeira divisão, heim?), a poucas mais de duas horas de show mostrou todo o potencial do Pain of Salvation em palco.


Sem banda de abertura, o Pain of Salvation sobe ao palco iniciando o show já com um de seus maiores clássicos: Remedy Lane, causando já um certo furor entre o público. A sequência com Of the Two Beginnings e Ending Theme mostra toda a capacidade e criatividade da banda em mesclar sons pesados e sons mais atmosféricos. Daniel Gildenlöw, aniversariante do dia, até parecia meio nervosa no começo da apresentação, mas se acalmou um pouco depois dos fãs cantar os parabéns, logo no início da apresentação. Talvez o nervosismo tenha se dado um pouco pelos problemas que teve em sua guitarra, onde em vários momentos ele teve que “se virar” em palco, mostrando uma faceta de improvisos que talvez nunca antes a banda tenha mostrado, como vimos em America, som que teve que ser parado no meio e o baterista Léo Margarit solar enquanto os técnicos e roadies arrumavam o problema na guitarra de Daniel; tudo foi feito tão espontâneo e rápido que talvez poucos perceberam isso.


A sequência com Handful of Nothing, Of Dust e Kingdom of Loss mostrou o lado mais progressivo da banda, principalmente a última citada, onde a complexidade dela foi tocada perfeitamente como gravada no disco Scarsick. Aliás, a banda é simplesmente perfeita ao vivo. A cozinha com Margarit e o baixista Per Schelander foi uma das mais entrosadas que eu já vi ao vivo, fora a técnica perfeita que ambos tem, sabendo ser agressivos e calmos, virtuosos e práticos, conforme cada música pede. Fredrik Hermansson comandou muito bem o teclado, muitas vezes sendo a base para as viagens musicais que o Pain of Salvation tem. Mas fora Daniel, com um carisma inigualável que tem em suas mãos o público e a banda, o que mais chamou a atenção foi o guitarrista Johan Hallgren: solos perfeitos, riffs magistrais, um peso absurdo no timbre e só parava umpouco de agitar nas baladas; chegava bem perto do público encostado ao palco – lembrando que não teve grades de proteção - muitas vezes até roubava a cena de Daniel em palco.


O momento a seguir foi comemorados por todos. A parte “pesada” da apresentação se deu com duas músicas nunca antes tocadas ao vivo: Black Hills e Idioglossia, onde até a banda se empolgou um pouco mais em palco. As inéditas ao vivo seguiu com Her Voices, seguida da cultuada Second Love; baladas bem intimistas onde Daniel mostrou uma excelente interpretação vocal nos dois calmos e belíssimos momentos do show, mas o peso absurdo e característico da banda volta com Diffidentia.  Daí até o fim do set normal, a banda somente tocou músicas clássicas do aclamado Perfect Element e do Road Salt One: a buesy No Way, a tradicional Ashes, a progressiva Linoleum e a calma Road Salt; todas com o público cantando e se emocionando na variedade de tibres e sons que a banda sabe muito bem fazer. Antes do que talvez seje o maior clássico da banda, The Perfect Element, Daniel arrancou lágrimas de fãs no camarote, pois em um curto solo ele foi até perto das pessoas presentes, solando bem próximo a eles. E voltando ao palco, a matadora The Perfect Element.


Voltado sem muita demora para o bis, a banda tocou a parte “festiva” do show: Tell Me You Don’t Know, com sua aura Blues/Rocker já fez com que algumas pessoas começassem a dançar e pular na pista, o que culminou num quase frenesi com Daniel falando “let’s disco” e começando a divertida Disco Queen, e quase sem pausa a banda termina a apresentação com Nightmist e suas partes reggae. A festa so termina com um bolo no palco para o aniversariante com todos cantando, mais uma vez, os parabéns; e a banda saudando o público, cumprimentado um por um que estava à frente do palco, num grande ato de humildade e simpatia.


Foi a primeira vez que vi a banda em palco e vi que, mesmo com os problemas na guitarra já citados causando uns improvisos aqui e ali, o Pain of Salvation faz com perfeição ao vivo as mirabolantes, complexas e diversificadas músicas que tem ao longo da carreira. O set, apesar de ter sido bem calcado no Perfect Element e no Road Salt One, foi bem escolhido e equilibrado, mostrando ao mesmo tempo bem o último trabalho e a carreira da banda, tanto que mesmo um pouco mais de duas horas de show, ficou ainda aquele gostinho de “quero mais” (duro mesmo foi sair de Pinheiros num frio lascado às onze horas da noite literalmente correndo com risco de perder o trem de volta pra casa na Barra Funda e dormir na rua...)


Set:
01.  Remedy Lane
02.  Of Two Beginnings
03.  Ending Theme
04.  America
05.  Handful of Nothing
06.  Of Dust
07.  Kingdom of Loss
08.  Black Hills
09.  Idioglossia
10.  Her Voices
11.  Second Love
12.  Diffidentia
13.  No Way
14.  Ashes
15.  Linoleum
16.  Road Salt
17.  Falling
18.  The Perfect Element
Encore:
19.  Tell Me You Don't Know
20.  Disco Queen
21.  Nightmist


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


  

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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