Resenhas

Black Country Communion - 2011 - Black Country Communion 2

Por Fabiano Cruz | Em 09/06/2011 - 11:49
Fonte: Alquimia Rock Club

Não tem como negar que de todas as “super-bandas” que apareceram nos últimos anos o Black Country Communion é a mais forte de todas as formações, afinal, temos aqui um extraordinário guitarrista com suas bases fincadas no Blues, um tecladista experiente que passou desde bandas de Heavy Metal ao Progressivo, um baterista que é filho de um dos maiores que a história do Rock já viu e um cara que expele pelas veias Funk e Hard Rock, e que tem um singelo apelido de “a voz do “rock”. Nesse segundo trabalho, simplesmente nomeado de Black Country Communion 2, a banda mostra que realmente veio para ficar, deixando de lado a alma de projeto e nos brindando com um disco acima do normal em deliciosas 11 faixas.


A proposta continua a mesma: resgatar o Hard Rock setentista com uma pegada bem atual, sem deixar as influências que cada um tem de lado. E uma evolução imensa de compararmos com o primeiro trabalho. Hughes está cantando como nunca, cada vez mais colocando fortes cargas emocionais e Jason Bohan e Bonamassa estão mais soltos e mais seguros, sentando literalmente a mão em seus instrumentos, tornando algumas das faixas com uma agressividade supreendente: bastam escutar como a abertura com The Outsider e a grooveada Man in the Middle soam como um soco no estômago. Mas de todos o que mais chama a atenção é Derek Sherinian; quase que apagado no primeiro trabalho, aqui suas linhas de teclado e arranjos harmônicos estão muito mais presentes, algumas vezes sendo o pilar se sustentação nas composições.


Algumas faixas se destacam por ousarem em caminhos que no primeiro disco foram somente “citados” em pequenas partes, como o Blues magistral de Little Secret, remetendo bastante aos trabalhos solos de Bonamassa. Aliás, o guitarrista também canta bem legal, como em sua voz na triste Na Ordinary Son. Algumas faixas mais pro lado folk são as que chamam mais a atenção. A acústica The Battle For Hadrian’s Wall é uma das melhores faixas criada pela banda (outra com magistral interpretação de Bonamassa) e Save Me arrancará lágrimas dos fãs de Led Zepellin; a faixa foi composta com base em jams antes do lendário show de reunião que fizeram em 2007 com Jason na bateria e como o Led não voltou a gravar, coube ao Jason trazer a composição ao Black Country Communion... E que música! Bonamassa soube perfeitamente pegar a “alma” de Page nos riffs, Derek honrou com primazia os arranjos de John Paul Jones e Hughes tocou seu baixo de uma maneira que remeteu ao seus melhores tempos como instrumentista (se é que ele teve algum tempo ruim nesse quesito em sua carreira...)


Mais uma vez a produção ficou a cargo de Kevin Shirley, que conseguiu pegar as belas interpretações vocais de Hughes e Bonamassa como ninguém e talvez certos pontos na agressividade e melancolia do disco seja a cargo dele (realmente faixas como Faithless são bem melancólicas), equilibrando bem esses dois lados; tornado o produtor um “quinto membro” da banda, sendo essencial para o som deles. E outro fator, além da carga emocional, o disco dá mais um passos à frente do primeiro trabalho por conta das melodias muito bem construídas, onde algumas realmente ficam na cabeça após a audição do trabalho. A banda não traz nada de novo; pelo contrário, a proposta é resgatar e trabalhar o Hard Rock de antes nos dias de hoje. Mas soa ruim? Claro que não, um trabalho excepcional que todos deveriam conferir. Afinal, os caras são mestres...




Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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