Resenhas

Morbid Angel - 2011 - Illud Divinum Insanus

Por Fabiano Cruz | Em 15/06/2011 - 12:45
Fonte: Alquimia Rock Club

Tinha tudo pra ser um grande retorno. A volta de um dos caras mais cruéis da história do Death Metal, o vocalista e baixista David Vicent. Cinco anos de trabalho nos arranjos e composições intercalados por inúmeras apresentações ao vivo em inúmeros festivais para voltar a interação entre Vicent, o baterista Pete Sandoval e o guitarrista Azaghoth. Uma segunda guitarra nas gravações, a cargo de Destructhor. Mas os problemas foram aparecendo: gravações em inúmeros estúdios, o tempo passando e nada do disco ficar pronto, o problema de saúde do baterista mais influente na música extrema, o que fez a banda chamar para substituir ele o baterista do Hate Eternal, Tim Yeung. E quando todos estavam ansiosos para escutar o novo petardo do Morbid Angel, Illud Divinum Insanus, o que escutam é um disco totalmente estranho, caótico e, por que não usar a palavra ruim?


Não dá para entender o que escutamos nesse trabalho. A antiga escola do Death Metal dá as vezes para um som industrial sem nexo nenhum, carregado de efeitos e bateria eletrônica. O susto com To Extreme não foi o bastante... I Am Morbid parece que foi composta para preencher lacuna, sem cuidado nenhum na composição; Destructos vs. The Earth/Attack poderia estar em qualquer disco de uma banda industrial, fora a rítmica quase infantil (inaceitável para uma banda que teve no passado linhas de bateria que influenciou toda uma escola); Radikult soa New Metal com elementos “grooveados” (poderia até falar funkeados, mas acho que vocês não acreditariam à primeira leitura); Profundis/Mea Culpa é um amontoado de sons sem sentido algum.


O Morbid Angel até que tenta em algumas faixas soar como se deve, vide Blades of Baal (talvez a melhor do disco), Nevermore e Existo Vulgoré, mas no meio de tanta coisa “anormal” para a banda, até elas soam abaixo da média. A produção, talvez devido ao vários estúdios gravados, também é abaixo da média, com a voz de Vicent um pouco alta, bateria parecendo muito eletrônica (mesmo quando não é), e péssimos efeitos e timbres escolhidos. Para quem acompanha o Alquimia Rock Club em minhas resenhas sabem que eu, particularmente, gosto de bandas partem para outros caminhos composicionais visando uma evolução da banda, inclusive usando vários efeitos que o Morbid Angel usa aqui, mas não de uma forma caótica e visivelmente sem um pré-estudo (o pior, que acho que aqui nem posso falar isso, devido ao tempo que a banda trabalhou nesse disco), afundando um dos maiores nomes da história do Heavy Metal na lama; pra não falar que o disco é totalmente "fail", a capa é uma das melhores em sua discografia (pelo menos isso...) .Quase todas as bandas passam por isso; torço para que o Morbid Angel enxergue o que fez e retome sua carreira dignamente num próximo trabalho...
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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