Resenhas

Yes - 2011 - Fly From Here

Por Fabiano Cruz | Em 05/07/2011 - 21:00
Fonte: Alquimia Rock Club

Depois de onze anos de Magnification, último trabalho de estúdio, a considerada maior banda da história do Rock Progressivo volta com um disco de inéditas. O Yes nos últimos anos vem falando de “renovações”, principalmente pela saída de Jon Anderson e a entrada do vocalista Benoît David, o que causou uma verdadeira ira em muitos fãs da banda, mas ao vivo David foi mostrando todo seu potencial. Mas o fato que de renovação mesmo so teve essa, pois a formação do disco é – tirando David – a mesma do disco Drama: Chris Squire, Steve Howe, Alan White, Geoff Downes e, na produção, considerado como um integrante, Trevor Horn. Então o que esperar de um disco novo com esses caras? Quem espera algo na linha de discos imortais como Fragile ou Close to the Edge, ou o caminho orquestral que tomaram no Magnification, vai ficar totalmente desapontado, pois o que temos aqui são músicas bem na linha mais “pop” do Yes. Claro que todos os elementos estão no disco: as harmonias belas e os solos cheios de alma na guitarra, o baixo distorcido e cheio de efeitos, os teclados e sintetizadores tomando conta do ambiente musical, mas não podemos negar que o Yes resolveu resgatar um pouco dos sons da fase do Drama, Tormato, 90125 entre outros discos que foram mais para esse lado.


A própria faixa Fly From Here foi composta para ter sido inclusa no Drama, porém ficou de fora e resgataram dando uma roupagem mis atual a ela; anunciada como um som que resgata os tempos antigos que a banda fazia longas e complexas composições, ficou um pouco disfarçada dividida em partes; realmente é longa, com seis partes, e muito bem composta a partir de um tema melódico, mas as partes podem ser dividas independentes uma das outras, como se a banda pensasse “então, vamos compor uma música longa como nos velhos tempos mas pensando na comercialização dela em rádios e afins, ok?”. Mas não deixa de ser o(s) melhor(es) momento(s) do disco, principalmente de David, onde mostra que realmente sua escolha como substituto do “imortal” Jon Anderson foi muito bem acertada. Algumas canções como The Man You Always Wanted Me To Be e Hour of Need soam “calmas” demais pro padrão da banda, faltando algo nelas… Não são ruins, longe disso, mas mais parecem uma banda comum de Pop Rock do que a lenda do Progressivo tocando. O disco ganha um pouco de força mais pro final, onde Howe dá mais uma aula em Solitaire, que a conduz sozinho, e na última faixa Into the Storm, que é a mais progressiva do disco pela condução de White e o baixo com bastante efeito de Squire.


Ficou claro que quem manda aqui não é Squire nem Howe, e sim Horn. Os timbres escolhidos e a produção muito limpa são marcas claras dele como produtor e, fora isso, muitas partes foi composta por ele (inclusive ajuda David em alguns arranjos vocais, em momentos até tomando eles para si); o que pode explicar um pouco esse pé no acelerador da banda (ainda mais de com parar com Magnification, último de estúdio, onde a banda fez um trabalho perfeito resgatando muito da sonoridade de sua época de ouro com arranjos orquestrais de cair o queixo). Não é um trabalho ruim, pelo contrário, bem prazeroso de se escutar, principalmente em momentos bem relaxantes, porém um pouco abaixo se pensarmos na história da banda, pois soa tudo muito simples... Alguns fãs ficarão decepcionados, outros talvez nem escutarão, mas o Yes deixa mais um registro na história do Rock Progressivo, ainda mais numa fase um pouco conturbada onde saiu o vocalista que deixou seu trabalho como marca registrada da banda.


Para terminar, dois detalhes. Primeiro a capa extraordinária que lembra muito os trabalhos gráficos dos anos setenta. Segundo, para os mais seguidores fiéis, o disco saiu no Japão com uma faixa bônus, uma versão estendida para Hour of Need (o que caberia muito bem no disco normal...)
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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