Resenhas

Inocentes 30 Anos de Punk - 08.07.2011 - Chopperia SESC Pompéia

Por Fabiano Cruz | Em 10/07/2011 - 21:22
Fonte: Alquimia Rock Club

Não foi por acaso que os Inocentes resolveram fazer essa apresentação especial de 30 anos de história no SESC Pompéia. Primeiro, nesse mês de comemorações ao Rock’ n’ Roll, vários lugares estão com programações especiais, e o SESC Pompéia não ficou de fora com shows em sua programação durante o mês. Segundo, a história do SESC Pompéia se funde, nos anos oitenta, com a própria história do Punk Rock nacional, quando foi palco do Festival O Começo do Fim do Mundo, um dos mais importantes que ocorreu nesse país para a história de nosso Rock’ n’ Roll, que teve participação de bandas punk, entre eles os Inocentes. Então o palco não teia ido outro para que a banda apresentasse um show especial, com quase duas horas de duração e inúmeras participações de músicos que fizeram história na banda e no Punk Rock nacional. Terceiro, na ocasião de 20 anos de banda, em 2001, os Inocentes gravaram um disco ao vivo no mesmo palco


O show aconteceu na chopperia da unidade, um ótimo lugar para show, pois o local é bem confortável com uma boa pista e mesas, e um palco que dá para ver o show sem problemas nenhum onde você estiver lá dentro. Com um pouquinho de atraso, os Inocentes sobem ao palco e sem muitas firulas, a banda começa o show com Nada de Novo no Front, Miséria e Fome e a clássica A Cidade Não Para. O público bem diversificado – afinal, apesar de serem a maioria, não estava lá somente Punks, como também Headbangers e amantes do puro e simples Rock’ n’ Roll, mostrando como os Inocentes são respeitados na cena nacional – acompanhou e cantou junto à banda, mas no começo estava um pouco morno, vindo a se soltar mais pro meio da apresentação ao final. Mas no palco a banda fez uma performance perfeita, não parando um minuto sequer, como nas agitadas Restos de Nada e Vermes. Clemente, além de um seguro “front man”, se comunicou bastante com o público, sempre conversando e fazendo piadinhas (“olha, apesar de não parecer, nós afinamos as guitarras”).


Medo de Morrer, uma das mais comemoradas do público, teve a primeira participação especial, com Maurício, vocalista da primeira formação dos Inocentes, na época que Clemente ainda tomava conta somente do contra-baixo. A alegria de Maurício estar em palco era contagiante, que passou bastante a energia gerada para o público, e na Garotos do Subúrbio se juntou a eles o guitarrista Calegari, fazendo uma massa sonora com três guitarras. Aliás, a produção da banda e da casa foi nota 10, pois, mesmo com um problema no baixo do Anselmo em certo momento que prejudicou um pouco (mas a banda soube levar com bom humor e improviso), não teve falhas maiores e o som estava muito bem equalizado, ouvindo todos os instrumentos sem soar nada embolado – mesmo quando com três guitarras em palco – e num nível nem muito alto e nem muito baixo.


Falar de uma banda que toca com a mesma formação a bastane é besteira, pois são muito bem entrosados e se comunicam perfeitamente entre si, principalmente a cozinha com Anselmo e Nonô. 4 Segundos, Aprendi a Odiar e Franzino Costela foram tocadas antes de mais uma participação, dessa vez do baixista André Parlato, que participou da banda em sua segunda formação, tocando Ele Disse Não e Não é Permitido. Intolerância foi tocada depois de um pequeno discurso de Clemente sobre os neo-nazistas que vem fazendo – desculpem o palavreado – merda novamente em São Paulo, o que foi muito ovacionado. Rotina, que vinha sendo pedida desde o começo da apresentação, abriu caminho mais dois clássicos do Punk nacional: Expresso Oriente e Não Acordem a Cidade.


Clemente anuncia mais uma participação, dessa vez da baixista Sandra Coutinho das Mercenárias, uma banda de mulheres que foram claramente inspiradas nos Inocentes. Somos Milhões e Desequilíbrio – um clássico do cancioneiro Punk brasileiro – foram tocadas com o toque feminino de Sandra, que além do baixo ainda arriscou cantar alguns versos e backings. Após Face de Deus – uma das letras mais geniais do rock nacional -, os Inocentes preparam para as últimas participações. Primeiro o guitarrista do 365, Ari Baltazar, onde tocaram a “classuda” São Paulo (que caiu perfeita, pois sexta tava um dia típico de inverno paulista, com um frio gostoso e o tempo bem úmido), que foi cantada por todos os presentes, e a Grandola, Vila Morena, uma canção portuguesa que serviu de senha para a Revolução de 25 de Abril, onde ganhou uma roupagem nova. A essa hora a Chopperia já estava quase abaixo com o público agitando os sons, mas veio mesmo com a entrada do lendário ex-vocalista dos Replicantes Wander Wildner. O carisma de Wander chegou a roubar a cena dos Inocentes e com Ari ainda em palco, mandam Milagres e Surfista Calhorda. Sem mais participações e numa paulada só, os Inocentes tocam Cala a Boca e Pátria Amada. Após uma mínima pausa, uma enorme roda foi aberta na pista ao som a música mais clássica dos Inocentes: Pânico em SP e, em clima de festa, todos os participantes sobem ao palco para tocar e agitar junto com o público e banda.


Não é fácil uma banda do cenário Rock no Brasil chegar a 30 anos de estrada, poucas tiveram força e garra o suficiente para chegar a essa idade; e os Inocentes chegaram a esse pequeno e seleto rol de bandas nacionais!


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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