Resenhas

Symphony X - 2011 - Iconoclast

Por Fabiano Cruz | Em 10/07/2011 - 21:29
Fonte: Alquimia Rock Club

Sempre, particularmente, acompanhei a carreira do Symphony X, e depois de obras como The Oddisey e Paradise Lost, eu pensei “dificilmente a banda vai evoluir mais musicalmente”. Ledo engano. Iconoclast é o ápice que a banda chegou em todos os sentidos. As músicas estão mais pesadas, mais complexas, mais melódicas e tudo isso calcado em perfeitas performances de cada músico. A temática mudou: saiu as letras fantasiosas sobre mitologias e deram entrada para letras mais atuais; um risco do Symphony X, mas que acertou em cheio, pois o clima denso e pesado das músicas casaram perfeitamente com as letras melancólicas e escuras retratando um embate entre religião x tecnologia, numa verdadeira ousadia em falar sobre um tema bem pontual que poucos ainda compreendem.


O trabalho é realmente impressionante. A faixa título, que abre o trabalho, é épica e forte, com mortais riffs de Michael Romeo, linhas quase orquestrais de Michael Pinella nos teclados, uma cozinha “rolo-compressor” de Micael LePond e Jason Rullo e uma atuação de Russel Allen de cair o queixo. E Iconoclast é assim em toda sua duração. Mesmo em momentos a banda ainda abusando de alguns clichês, as composições são bem diferentes entre si e muitas vezes o Symphony X usa recursos que surpreende a audição. Alguns sons são pancadarias puras, como Light Up The Night e Heretic, outros aproximam muito do Progressivo, como Prometheus (I Am Alive), equilibrando bastante o disco. Mas algumas, num trabalho desse nível, ainda conseguem se destacar. Dehumanized tem um “quê” sabbathiano – inclusive no trabalho de mesmo nome do Black Sabbath -, o refrão chega a ser quase uma homenagem de Allen ao Dio, principalmente pela interpretação. Children of Faceless God é uma composição quase hipnótica onde a melodia, quando menos percebemos, estamos cantarolando junto – fora que, ao meu ver, pode ser considerada a melhor letra do disco, daquelas que paramos a pensar a respeito. When All Lost posso arriscar a dizer que é a melhor composição da banda; uma semi-balada que nos traz belos e intensos momentos. O trabalho conjunto de Romeo e Pinnella nessa música – não somente nela, no disco todo, mas aqui se destaca mais – nos solos e arranjos é maravilhoso; realmente de se emocionar e arrancar lágrimas.
 

Os integrantes do Symphony X são instrumentistas de mão cheia. A guitarra de Romeo está soando mais agressiva e escura que o normal; fora a complexidade que ele alcançou, principalmente se tratando de arranjos nos riffs. E sobre Russel Allen... Como canta esse cara! As variações de timbres que ele conseguiu no trabalho são impressionante, hora agressivo, hora bem melódico, com uma tessitura vocal de dar inveja. E se não bastasse, ainda ele fez o que muitos vocalistas esquecem de fazer: interpretação. Talvez esse seja o ponto (ou um dos) principal do disco ser tão magnífico, pois as emoções que Allen coloca em cada música são perfeitamentes transmitidas, prendendo muito a atenção do ouvinte. Não é a toa que ele vem sendo considerado um dos melhores vocalistas do Heavy Metal atual.


Junte tudo isso com a produção limpa e cristalina de Iconoclast e temos em mãos um dos melhores trabalhos do ano de 2011. O disco vem em duas versões, uma simples e uma deluxe, onde nessa versão temos o trabalho completo num CD duplo, fazendo o disco ter por volta de 90 minutos. O Symphony X vem a cada ano e lançamento chamando mais a atenção e conquistando mais e mais fãs, e depois desse trabalho com certeza já podem ser colocados com um dos maiores nomes estadunidenses do Heavy Metal.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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