Vinte anos atrás o mundo do Heavy Metal ficou impactado ao ouvir sons extremamentes agressivos e complexos num trabalho fulminante de pouco mais de meia hora de surpreender até hoje os menos desavisados. O Death já vinha tomando respeito no cenário Heavy, principalmente por seu líder Chuck Schuldiner ter colocado as bases fundamentais para o que seria o Death Metal, mas com Human a banda tomou o topo – se é que não esteve em algum momento – para si. Acompanhado de monstros do nível de Paul Masvidal, Steve DiGiorgio  e Sean Reinert, Schuldiner criou essa pequena obra prima, onde o mais extremo e visceral Heavy Metal se confrontas com harmonias nunca antes vistas no estilo,  conduções rítmicas jazzísticas e complexidades que moldaram o som da banda mais tarde perto do que seria o Prog Metal. Na época foi totalmente aclamado, deixando uma legião de seguidores e influências para bandas posteriores, tornando assim um disco essencial para se compreender o Heavy Metal e sua história. Impossível destacar uma faixa sequer: Flattening of Emotions, Suicide Machine, Together As One, Lack of Comprehension e See Through Dreams são, ao meu ver, as peças chaves desse trabalho.


Hoje, ele volta ainda mais impactante. Para comemorar seus vinte anos, foi lançado uma edição especial Deluxe com três CD. O trabalho volta remixado pelo Jim Morris, que tomou conta do trabalho na época em seu lendário estúdio Morrisound Studios, e remasterizado por Alan Douches. Volta mais impactante, como disse, pois as músicas em questão estão soando mais cristalinas e limpas, onde percebemos detalhes de arranjos que antes eram quase imperceptíveis, mostrando assim como Schuldiner sempre esteve à frente de seu tempo. Os riffs de guitarras são fulminantes e o trabalho de DiGiorgio e Reinert ficaram mais destacados e sonoros, onde as linhas fenomenais de baixo e bateria em seus mínimos detalhes passavam desapercebidos. O cover de God of Thunder, do Kiss, antes somente em versão japonesa, agora integra o trabalho.


O “ouro” está nos discos bônus. São faixas e mais faixas que mostram a evolução do trabalho do disco, desde demos de 1990, mostrando os primeiros caminhos com Schuldiner criando os riffs em cima de uma bateria eletrônica até a finalização em faixas instrumentais sem voz. O destaque fica por conta de outros os mínimos detalhes de riffs de guitarra, as demos ao vivo e faixas somente com o baixo e bateria, mostrando a complexidade e virtuosidade que a “cozinha” de uma banda de Death Metal pode chegar. A edição especial fecha com a arte renovada e várias notas sobre o trabalho, num luxuoso case. Por ser um dos discos mais importantes da história do Heavy Metal, é o mínimo que poderiam fazer, e resta, nós fãs e amantes de boa música, ouvir e ouvir novamente esse trabalho e agradecer ao Chuck Schuldiner, onde quer que ele esteja, por ter concebido esse maravilhoso disco...
 

Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.