Resenhas

Amorphis - 2011 - The Beginning of Times

Por Fabiano Cruz | Em 16/07/2011 - 15:38
Fonte: Alquimia Rock Club

As marcas do Amorphis são impressionantes em tempos que uma banda leva três a quatro anos para produzir um disco de qualidade: são, desde Eclipse em 2006, cinco anos de trabalho ininterrupto com 4 discos de estúdio e um DVD ao vivo. Mais impressionante ainda: os discos são uma clara evolução musical, moldando seu estilo que não tem como definir com suas influências Death, Progressivas, Góticas e folclóricas, culminando nesse matador The Beginning of Times. Baseado novamente na lenda de Kalevala, épico folclórico finlandês, a banda compôs mais 13 maravilhosas canções que prendem o ouvinte de um jeito que é difícil sair da “viagem” que a banda propõe.


Musicalmente, o Amorphis chegou a um patamar difícil de alcançar. A mistura dos mais diversos sons e estilos que foram mesclando ao Death Metal no começo de carreira tornou o som desses finlandeses único. Os momentos de agressividade com os momentos mais soturnos são amparados por uma rede de melodias folclóricas e passagens progressivas nunca antes imaginadas e compostas dentro do Heavy Metal. A abertura com a belíssima Battle For the Light já mostra todos esses componentes. Os momentos onde a banda não esquece suas raízes são mostrados nas pesadas My Enemy e Escape, enquanto os momentos mais progressivos estão em Song of the Sage, Three Words e Crack in the Stone. As belas construções melódicas e  harmônicas tomam contra de Mermaid e Beginning of Time, mostrando toda a evolução da banda.


Os sons são extremamentes complexos, com um arranjo muito detalhados, onde mínimos detalhes so serão percebidos depois de duas ou três escutadas no disco, mas mesmo assim é recheado de melodias que grudam na mente. A dupla de guitarras Esa Holopainen e Tomi Koivusaari são os grandes responsáveis por isso; os riffs e conduções que criaram saem muito do padrão que o Heavy Metal impõe, em acordes criados em camadas harmônicas – uma das maiores sacadas dos dois – e melodias claramente inspiradas no folclore finlandês. O clima é imposto pelo teclado de Santeri Kallio, onde ele cria passagens soturnas que criam uma cama atmosférica perfeita ao som. A “cozinha” do baixista Niclas Etelävuori e do baterista Jan Rechberger são os responsáveis pelo peso e dinâmica das composições, e novamente os instrumentos saem muito da “rotina”: as linhas de baixo são fenomenais! E o grande destaque fica com o vocalista Tomi Joutsen. Desde que o Amorphis foi moldando seu som com a estréia dele em Eclipse, é claro que a banda calca muito o trabalho em sua voz, sendo o principal responsável pela mudança e evolução da banda. E como canta! A naturalidade em que passa dos vocais limpos aos guturais, à agressividade para a calmaria, dos mais variados timbres que consegue tirar de sua voz chega a ser impressionante... (interessante afirmar que ele teve orientador Marco Hietala, do Nightwish)


Apesar de longo, o disco não cansa em nenhum momento, pelo contrário, a cada audição aparecer novas surpresas sonoras, como já dito. Juntando a excelente produção – cristalina, sem embolo nos instrumentos – e com a belíssima arte, pode ser considerado um dos melhores trabalhos da banda e do ano. E me desculpem fãs mais “xiitas” do começo extremo do Amorphis, mas a banda está muito bem assim...
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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