Tem bandas nacionais que sua história se confunde com a história do Rock’ n’ Roll de nosso país, com discos clássicos e cultuados que passam de geração a geração. A Patrulha do Espaço pode ser consideradas uma delas, com seus maravilhosos discos que mesclam uma linguagem Rock/ Hard Rock que agrada a todos, influenciando muitas bandas novas que temos Brasil afora. E sempre é bom demais ver Rolando Jr., um dos maiores bateristas que temos nesse país com qualquer pessoa que esteja ao seu lado, sendo que hoje a Patrulha é formada por Danilo Zanite na guitarra e voz, Marta Benévolo na voz e Pedro Carvalho no baixo. Não acredita no que estou dizendo? Pois na sala Adoniran Barbosa quase cheia estavam uma legião de fãs que acompanham a banda, muitos pais levando seus filhos, bandas que fizeram a história do Rock brazuca junto com a Patrulha e bandas novas que carregam seu legado, todos para prestigiar mais um show matador.


Com um set baseado em seus maiores clássicos, a banda simplesmente detonou em palco. Começando com a trinca Deus Devorador, Olho Animal e OVNIS, vimos o quanto essa formação está tocando perfeitamente: Danilo Zanite toca muito! A última vez em que vi a Patrulha ele so tomava conta da guitarra, agora sendo uma das vozes principais ao lado de Marta Benévolo, tomando o lugar de Percy; e, além de desejar riffs e mais riffs, mandou muito bem também nas vozes, fora que não para um minuto em palco. O baixista Paulo Carvalho literalmente “come” o baixo em linhas e conduções que aumentaram ainda mais o potencial dos sons. Arrepiado, Festa do Rock e Bomba fez algumas pessoas irem à lateral do palco, que aos poucos foi sendo timidamente preenchida; um ponto que talvez tenha ficado a desejar, pois o público em sua maioria, apesar da sala cheia e a banda sendo ovacionada após cada música, muitos preferiram ficar sentados nas cadeiras...


A sequência do show foi surreal, uma das melhores performances da banda. Cão Vadio teve a participação de Xando Zuppo, do (infelizmente) recém desmanchado Pedra, na guitarra; claramente mostrado que foi no improviso, o peso que Zuppo colocou no show foi maravilhoso, ficando a música ainda mais animal do que já é, fora o duelo entre Zuppo e Rolando que não teve quem ficasse de queixo caído! O anúncio que tocariam um som da banda argentina Aeroblus – banda do falecido guitarrista Pappo, um dos melhores discos de Hard Rock que já escutei, gravado pelo Rolando – deixou os mais fervorosos fãs do Rock sulamericano (inclusive eu) com um sorriso de ponta a ponta na cara; Vamos Buscar La Luz foi apresentada com muita garra e força, com Danilo despejando os riff blues como ninguém. Aproveitando o Blues Rock do Aeroblus, foi tocada numa paulada só Depois das Onze, onde o final com a pancadaria desenfreada foi tocada com muito peso.


Num pique impressionante que mostrou como Rolando está revigorado com essa formação da Patrulha, foi tocado a homenagem à cidade natal da banda, São Paulo City (o que tava estampado na cara do baterista o quanto estava contende de retornar à São Paulo e ao CCSP, lugar importante pra banda onde até já gravaram um disco ao vivo), Simples Toque com seu final viajante e quase progressivo (Danilo literalmente viajou nos efeitos no solo final) e Vou Rolar, uma homenagem às bandas e amigos que estavam presentes. Perto do fim, tocaram um som novo, nomeado Rolando Rock, onde vai estar no anunciado novo trabalho que será lançado ainda esse ano, sete anos depois do último trabalho de estúdio da banda; muito bom que mesmo sendo tocada pela primeira vez em São Paulo, agitou bastante o público. A banda fecha com 26 Anos e o maior clássico de sua história, Columbia, cantada em uníssono por todos! No bis, fecham com a divertida Não Tenha Medo, num verdadeiro clima de festa.

Marta ta cantando muito, e ainda segura as bases vocais para Danilo quando ele na voz principal, e Rolando... Bem, já disse no começo, é um dos maiores bateristas que temos no país, infelizmente tanto ele como seu trabalho injustamente são muito mal reconhecidos, principalmente em saber o que ele já fez pelo Rock’ n’ Roll nacional; e sua performance é matadora: une técnica, peso e garra, dando uma verdadeira aula de bateria! Fora o carisma da banda que filmou os fãs na maior parte do show e atendeu a todos depois da apresentação com fotos, autógrafos ou uma simples conversa. Sabendo que tem disco novo vindo aí, so posso repetir as palavras de Zuppo: “vida longa à Patrulha!”

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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.