Resenhas

Carro Bomba e Baranga - 16.07.2011 - Centro Cultural São Paulo

Por Fabiano Cruz | Em 18/07/2011 - 22:20
Fonte: Alquimia Rock Club

O CCSP sempre abriu as portas para as bandas de Rock, e nesse mês de Junho em comemoração ao Dia Mundial do Rock, a maior parte de sua programação foi voltada às mais diversas bandas, e não poderiam ficar de fora nomes que incorporam e fazem a história do Rock’ n’ Roll de São Paulo. O fim de semana dos dias 16 e 17 foram reservados a elas, e no Sábado o palco foi dividido entre o Carro Bomba e a Baranga em dois shows cheios de energia que agitou todos os fãs presentes em uma casa lotada – o que é um tanto difícil de se ver e mostra que as bandas vem tomando espaço cada vez mais.
 

O Carro Bomba fez o show de lançamento de seu quarto trabalho, Carcaça e logo de cara já mandaram a violenta Bala Perdida, do novo trabalho, seguida da pancadaria Válvula. O Carro Bomba está cada vez mais voltado ao Heavy Metal extremamente pesado: o baixo distorcido de Fabrizio come solto pelos sons levanto junto as porradas e o bumbo duplo de Heitor Shewchenko – um cara que as vezes me pergunto como que os ouvintes e revistas especializadas em Rock/ Heavy Metal não o coloca no meio dos melhores bateristas nacionais. A faixa título do novo disco foi tocada numa energia e peso absurdo, como a já clássica Sangue de Barata, cantada pela maioria dos presentes. Rogério é um bom frontman e vendo o público cantando e agitando ele foi levando eles à lateral do palco timidamente; Combustível, também no novo trabalho, foi bem recebida, mas foi com Overdrive Rock’ n’ Roll que o povo começou a “bangear” de vez, tomando até o espaço na frente do palco, fazendo com que quem estivesse sentado fossem obrigados a levantar para ver o show. Reclamações? Nenhuma! Pois até os que estavam ao fundo começaram a agitar ao som pesado do Carro Bomba. O Foda-se, com seus nervosos riffs, deu espaço a Mondo Plastico, mais uma nova sendo toca, essa em homenagem ao Dio – inclusive a homenagem se estende até ao som, pois é totalmente arrastada e bem “sabbathica”. E em falando em riffs, Schevano está tocando cada vez mais: riffs poderosos ele tira de sua guitarra que soam quase como um soco na cara; a cada vez que vejo ele ao vivo, mais pesado ele está soando. O show curto foi terminado com as pancadarias de Ritmo de Fúria e a pedida desde o começo do show Punhos de Aço, onde o animo do público foi elevado a décima potência! O único fator negativo foi pela ausência de sons do primeiro disco, mas um fator até relevante pelo tempo que cada banda teve em palco.


Em uma rápida troca de palco, sobe o que hoje é a mais divertida banda – incrivelmente não reconhecida – do Rock nacional, a Baranga. Com divertidos gemidos no P.A., a banda, que tem Paulão, um cara que carrega muito da história do Rock/Heavy Metal nas costas, entra com tudo mandando O Céu é o Hell, faixa título do novo trabalho lançado nesse ano. Com Tudo Que Eu Tenho na Vida, literalmente a sala Adoniran Barbosa veio abaixo! Não teve (pelo menos não vi) uma única alma que não se rendeu ao Rock’ n’ Roll da Baranga! Mesmo que Paulão toque de uma maneira forte e seja uma figura importante em palco, Xande comanda muito bem a banda e o público: carismático, conversa, brinca, chama o povo pra cantar, coisa que Na Madrugada o povo todo cantou junto com ele – algo surpreendente, pois é um som no último disco e não me lembro de uma banda nacional ter trabalho novo na ponta da língua de quem vê seu show. A divertida homenagem a São Paulo Piratas do Tietê e a homenagem às mulheres no público Garota Rocker são canções que funcionam muito bem ao vivo, onde nelas começou a performance ensandecida do guitarrista Deca. Ele pula, agita, corre pra lá e pra cá, brinca com o público, se joga no meio da roda, toca a guitarra de maneiras diversas (inclui ai nas costas e esfregando ela no retorno); mais Rocker impossível! Contando a performance da banda e sons como Blues das Seis, Aplica Mais Uma Dose e Vai Se Dar Mal, o show da Baranga posso afirmar que foi um dos mais “sem fôlegos” que já vi, inclusive a essa hora nem eu resisti à ela, me enfiando no meio da “zona” toda. Depois de Filho Bastardo, Paulão sai da bateria com uma máscara de diabo: mote para mandarem Whiskey do Diabo, e com um discurso do próprio a favor do Rock nacional, a banda fecha com Meu Mal, numa das coisas mais divertidas que vi uma banda fazer: chamando o povo pro palco agitando enquanto a banda toca! Paulão deixando a bateria a cargo de um roadie, sai com um dos pratos na mão se metendo no meio do pessoal e arremessando o prato para quem catasse. Uma verdadeira festa Rocker no CCSP!


Já vi vários shows das duas bandas, mas o peso do Carro Bomba e a loucura da Baranga foi algo surreal nessa noite de Sábado. O povo, já dito que lotou a sala, compareceu de uma maneira legal, pois além de terem agitado e cantado pra valer, ainda se via muitas famílias, casais com filhos e namorados, num ambiente, mesmo bem agitado, muito familiar, coisa que muita mídia que ainda nos tacham como “marginais e drogados” deveriam prestar muito mais atenção a quem freqüenta os shows de Rock. E também, a mídia no geral e produtores, dar mais atenção as bandas: em tempos que tem “superlotação” de shows internacionais, as produtoras – até mesmo o publico, pois gastam mais de R$300,00 em shows de fora, mas não dão R$12,00 numa apresentação dessa - mal dão a devida atenção às bandas nacionais... Desabafos a parte, a noite terminou com banda e fãs tomando aquela gelada!


 

 

 

 

 

 



 

 

 

 

 

 



 

 

 

 

 

 



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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