Resenhas

Tyr - 30.07.2011 - Estudio Emme, SP

Por Fabiano Cruz | Em 02/08/2011 - 16:49
Fonte: Alquimia Rock Club

Quando anunciado a turnê do Týr pelo Brasil, os fãs ficaram ansiosos, pois uma das mais cultuadas bandas do Folk Metal – apesar dos integrantes insistirem em entrevistas que fazem o puro Heavy Metal, é impossível negarem as raízes folk nas melodias e temas – no Brasil tocaria em nossas terras, principalmente por discos como By the Light of the Northen Star terem feito um certo sucesso por aqui. E não era de se esperar que só estivessem fãs mesmo, pois a enxurrada de shows que nos últimos tempos vem aparecendo no Brasil com valores que não condizem com a realidade de nossos queridos e pequeninos salários e muitas datas coincidindo (na mesma noite o Nuclear Assalt se apresentou no Carioca Club e, mesmo que estilos totalmente diferentes, muito gostariam de ter visto as duas bandas, eu inclusive), teria um público bem selecionado; talvez por isso a produção tenha escolhido o Estúdio Emme, uma casa até que simpática, porém com uma acústica que eu não me senti bem presenciando as bandas da noite (mas abriu espaço para mais um local para shows de pequeno/médio porte)


O Týr teve dois suportes na noite. Primeiro a banda de Jundiaí, interior paulista, Skaldic Soul. Eles não trazem nada de novo, mas as músicas são contagiantes – inclusive poucas vezes eu vi um público agitando e respeitando uma banda de abertura. Interessante o trabalho de guitarras (que foi um pouco prejudicado pelo abafamento que estava em uma delas, talvez uma má equalização juntou com a acústica do local mal deu pra ouvir seus riffs) e o uso de vários tipos de flautas e um tambor típico da música folk nórdica nas composições, coisas que chamou a atenção de alguns para a banda; o ponto alto foi com dois covers que fizeram do Ensiferum. Outra atração foram simulações de batalhas medievais que causou furor nos presentes, só aumentando ainda mais a vontade de ver o Týr; armados com espadas, machados, escudos e vestidos com cotas de malha e roupas típicas, o grupo se apresentou duas vezes em curtas lutas, mas bem simuladas.


Já com o público animado, uma Intro com toques nórdico fez a banda das Ilhas Faroe entrar timidamente em palco, mas mandando Flames of the Free, um petardo que também abre o novo trabalho The Lay of Thrym, seguida de Sinklars Vísa, uma das mais esperadas que teve seu começo cantado em coro entoado por todos que estavam presentes (ou enrolado, já que a letra é em dinamarquês...). Ponto que fez Heri Joensen soltar um sorrisão e o primeiro “thank you”, como se não acreditasse no que estava vendo. Outra clássica, Northen Gate, foi tocada e na sequência Wing of Time; bastou somente essas quartos para que a energia entre público e banda fosse trocada com perfeição. Joensen tem uma postura forte em palco, comanda muito bem banda e fãs e é bem comunicativo, sempre conversando com o público; por outro lado, Terji Skibenæs já é mais na dele, sempre do lado direito do palco e poucas vezes saindo do lugar, mas a interação dos dois na guitarra é perfeita, tanto que driblaram muito bem alguns problemas do som, como o abafo – que ocorreu na banda de abertura e não melhorou muito no Týr, pelo menos no começo – e os chiados e falhas dos retornos. A bela Ragnarok abriu caminho para dois petardos quase insanos do último trabalho: Shadows of the Swastika e Hall of Freedom, que impressionou pelo público já terem elas na ponta da língua, mesmo recém lançado.


O entrosamento dos guitarristas foi bem mostrado na curta e “solística” The Rage of the Skullgaffer, onde solam juntos numa melodia insana, tanto que o baixista Gunnar Thomsen fez uma das cenas mais engraçadas do show, ficando com uma lata de cerveja na mão olhando com cara de espanto para os dois; hilário! Aliás, Thomsen em muitos momentos tomou a cena para si: o cara correu de um lado para o outro, agitou sem parar, brincou com o público toda hora e ainda achou tempo para “tirar uma” com os companheiros de banda, mostrando uma simpatia inigualável e nos proporcionando algumas risadas na noite. Tróndur Í Gøtu, outro clássico muito aguardado, fez os presentes levantarem os punhos ao ar e a banda fechou essa parte com a única (infelizmente, pois esperava mais desse trabalho) do primeiro disco, Hail to the Hammer. Uma curta pausa e o Týr volta com Regin Smiður e Dreams; os mais extasiados já estavam com a roda aberta na pista, onde foi preenchida com metade da casa agitando com as fortes Hold the Heathen Hammer High e By the Sword in My Hand, onde teve espadas e escudos empunhados ao ar. Não tinha outra forma de terminar o show que não fosse essa, totalmente épica!


Um show perfeito, mesmo com os problemas de som citados e com a simples iluminação. E tenho que terminar falando da humildade e simpatia desses caras... Ficaram no palco e perto dos fãs cumprimentado um por um, atendendo a fotos e autógrafos e, se não bastasse isso, antes da apresentação, muitos dos preparativos em palco – como montagem e afinação dos instrumentos – foi feito pela própria banda! E a simpatia fica no palco onde claramente a banda se mostra realmente feliz em tocar. Joensen prometeu em voltar, que voltem, pois é uma banda que veria facilmente ao vivo de novo.


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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