Resenhas

X Setembro Negro - 11.09.2011 - Carioca Club, SP

Por Fabiano Cruz | Em 20/09/2011 - 22:22
Fonte: Alquimia Rock Club

Domingo de Sol fortíssimo em São Paulo, o Carioca Club foi mais uma vez palco do já tradicional evento Setembro Negro, sempre realizado pela Tumba Produções. Em sua décima edição, a casa lotou para o público brasileiro receber um dos maiores nomes do Death Metal, Morbid Angel. Para a abertura, foi escalado a banda nacional Hellsakura, Ragnarok e Belphegor. Por problemas pessoais, o Alquimia Rock Club não presenciou as primeiras apresentações, mas que foram muito bem comentadas para quem viu. Aliás, poucas pessoas viram, pois o público brasileiro talvez ainda não esteja acostumado com horários muito cedo; marcado para começar ás 16:00, a fila para entrar estava muito grande perto dos principais shows. Tem seus prós e contras horários assim, mas sendo um Domingo e uma casa que abriga diversos outros tipos de som, é até apropriado esses horários no Carioca Club (mas que é estranho um show de Metal extremo começar as 16:00, há.. isso é!)

 

Voltando aos shows, entramos faltando poucos minutos da apresentação do Belphegor e em 40 minutos a banda conseguiu deixar um rastro de destruição no local. Comandados pela figura forte do vocalista/guitarrista Helmuth, o Belphegor já começou com I'm Blood – Devour This Sanctity e Belphegor – Hell’s Ambassador; a banda em palco é agressiva em tudo, seja no som, na postura de palco, nos Coprse Paints. O público presente ficou entre o encantamento e a obediência: enquanto uns nem piscavam tamanha qualidade sonora e performática da banda – eu era um desses – outros levantavam punhos, urravam e abriam mosh-pit somente com simples sinalizações de Helmuth. Veneratio Diaboli e Impaled Upon the Tongue of Satan foram clássicos tocados a perfeição; a cadenciada Rise And Fall and Fall to Rise, do último trabalho abriu caminho para a pancadaria desenfreada de Bondage Goat Zombie. Curto, porém certeiro; já é a segunda vez que o Belphegor vem ao Brasil como coadjuvantes, ta na hora de vermos um show completo dos caras!
 

Ficou aquele ar de “e ai?” Juntado a matadora apresentação do Belphegor junto com a decepção geral com Illud Divinum Insanus, como que o Morbid Angel sairia em palco? A resposta veio com o começo do show: Immortal Rites, Fall From Grace, Rapture, Pain Divine e Maze of Torment, tocadas seguidas, sem sequer uma pausa para conversa entre banda e público. Jogo ganho. A banda claramente entrou pra arregaçar e conseguiu, pois foram tocados seguidos cinco dos mais violentos clássicos da história do Death Metal. A banda ao vivo é algo meio surreal. David Vicent conversa pouco com o público, mas quando faz é carismático – principalmente pelo seu vozeirão de ator hollywoodiano – e tem uma postura em palco que mistura insanidade e agressividade, e uma técnica no baixo que pouquíssimos tem (falando um pouco tecnicamente como baixista, seu pizzicato de três dedos foi um dos mais rápidos e precisos que vi até hoje, somente rivalizando dentro do Heavy Metal com Steve DiGiorgio). Trey Azaghtoth é um fenômeno das seis cordas, não dá pra descrever em palavras os sons e timbres que tira de sua guitarra; chega até ao ponto do guitarrista Thor Destructhor passar desapercebido em palco. E Tim Young... Claro que substituir Pete Sandoval não é pra qualquer um, mas o cara parece que tem uns oito braços! Preciso e técnico, segurou perfeitamente o show todo, e ainda arranjou “tempo” para brincadeiras, como viradas nos tons cruzando os braços...
 

Sworn to the Black abriu caminho para o momento que todos queriam ver como a banda se sairia. Existo Vulgore foi a primeira do último trabalho e claramente abaixou o ânimo dos presentes que, mesmo alguns cantando, não teve a euforia presenciada como nas primeiras canções; e assim seguiu o show com Nevermore e I Am Morbid, mostrando que funcionam bem ao vivo, mas realmente não tem a força como canções antigas do grupo, como Angel of Disease e Lord of All Fevers and Plague, que levantaram novamente o ânimo dos presentes. Chapel of Ghouls foi intercalada por um solo matador de Trey, mostrando toda sua perfeita técnica; e daí pra frente foi um assalto sonoro que a casa quase veio abaixo: Dawn of the Angry, Where the Slime Live, Blood on My Hands e Bil Ur-Sag – única da fase sem Vicent no baixo e voz, e que ficou perfeita em sua voz. Após mais algumas palavras, a banda termina sua apresentação com God of Emptiness e World of Shit (The Promised Land), não deixando pedra sobre pedra, finalizando uma apresentação de um pouco mais de uma hora e quarenta minutos.
 

O Mobid Angel mostrou que, mesmo com um recém fraco trabalho na bagagem, ainda é uma das bandas mais extremas e técnicas do Heavy Metal; a sensação depois do show foi aquela meio atordoante, que passa alguns minutos até retomarmos a consciência de onde estamos e do que vimos. E o Belphegor não fica nada atrás; se tivessem tocado mais tempo, seria difícil dizer qual teria sido a mais matadora... E mais uma vez a Tumba Produções fez um trabalho perfeito; bandas no horário sem atraso, som muito bem regulado e alto, sem soar embolado – essencial em shows extremos. Aguardamos mais uma edição do Setembro Negro ano que vem!
 

(As fotos dessa matéria foram tiradas e gentilmente cedias a nós por Edi Fortini - http://www.flickr.com/photos/efortini/ )
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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