Resenhas

Machine Head e Sepultura - 14.10.2011 - Via Funchal, SP

Por André BG | Em 20/10/2011 - 20:25
Fonte: Alquimia Rock Club

O Machine Head é mais um caso de uma banda que inexplicavelmente demorou muito para descobrir que vale muito a pena tocar no Brasil, apesar de não venderem tanto aqui como nos Estados Unidos. Mas a espera valeu para os fãs que compareceram na Via Funchal em São Paulo nessa Sexta Feira chuvosa, para o inicio da turnê Sulamericana; e o que é melhor, tendo ninguém menos que o Sepultura ao seu lado, uma grande influência na carreira do Machine Head. Em São Paulo, a abertura ficou por conta dos paulistanos do Threat, que acaba de lançar o single Revolution, que vai estar presente no seu próximo álbum de inéditas. A banda entrou no palco por volta das 20:20 com o Via Funchal ainda com um pequeno publico e com o som bem longe do ideal (tendo menos de 40 minutos para mostrar seu trabalho), infelizmente algo comum em se tratando de bandas de abertura. O que é uma pena, pois o Threat é uma banda competente e entrosada.


Após exatamente uma hora de espera, era vez do Sepultura entrar em cena, dando continuidade a turnê de divulgação do álbum Kairos lançado esse ano, onde já passaram por diversos países da Europa e mais recentemente no Rock in Rio. Diferentemente das turnês de divulgação dos últimos álbuns, os caras vem optando em abrir seu show com a clássica Arise (ao invés de uma musica nova), acompanhada da mesma Intro dos shows da época desse álbum; o que é ótimo, ainda mais emendando mais um clássico na seqüência, como Refuse/Resist - isso é pra deixar qualquer fã maluco. Kairos, faixa título do novo álbum, e Just One Fix (Ministry cover) são muito bem recebidas pelos fãs, seguidas de mais um clássico do álbum Arise, dessa vez Dead Embryonic Cells. Não tem como negar que as músicas mais antigas agradam mais, mas pauladas do nível de Convicted in Life do álbum Dante XXI caíram como uma luva no set list, sendo presença garantida em todos os shows; e o mesmo pode ser dito da seqüência Choke, What I Do!, Relentless e Firestarter  (The Prodigy cover), todas gravadas com Derrick Green nos vocais e que mantém o clima intenso dos show, mostrando que o sepultura respeita seu passado, mas sempre de olho no futuro,  para a tristeza das viuvinhas de Max Cavalera.


E esse clima intenso dos shows se deve muito também a performance da banda, principalmente Andreas Kisser, que vestia um colete repleto de paties (total anos 80') emprestado pelo presidente do Fã club oficial do Sepultura no Brasil, Toninho Iron. O cara simplesmente toca sua guitarra sempre como se fosse o ultimo show de sua vida. Para a alegria dos saudosistas, uma trinca de clássicos das antigas, Troops of Doom, Septic Schizo - emendada com Escape to the Void - e Meaningless Movements, seguida de Seethe, pedrada do novo álbum Kairos. O show se aproximava do final, e dali pra frente só clássicos: Polícia (Titãs cover), Territory e Inner Self. O bis veio com Roots Bloody Roots, como sempre fechando um set list energético de aproximadamente 1 hora e 25 minutos de duração, sendo o normal em um show do Sepultura, apesar de não serem os Headliners da noite (algo meio estranho para alguns, já que a banda brasileira possui muito mais bagagem e uma carreira mais rica, apesar de problemas na formação, sendo uma influencia direta para o próprio Machine Head, que simplesmente vende mais no momento, mas nessa noite o numero de camisetas das duas bandas por exemplo estava bem dividido.


Exatamente as 23:15 era a hora da “atração principal” entrar no palco. O Machine Head acaba de lançar seu mais novo álbum Unto the Locust, que vem sendo considerado por muitos como um dos principais lançamentos de 2011; a banda americana liderada pelo carismático Rob Flynn (guitarra/vocal) procurou mandar um set list bem variado, não esquecendo nenhum álbum, levando em consideração que possui 7 álbuns de estúdio e nunca havia tocado no Brasil antes. Foi uma atitude bem consciente, começando com Imperium do álbum Through The Ashes Of Empires (2004) seguida de Beautiful Morning do grande The Blackening (2007) e The Blood, The Sweat, The Tears do fraquíssimo The Burning Red (1999); é impressionante como a ótima performance ao vivo da banda transforma essa musica. Locust foi a primeira do novo álbum a ser tocada, seguida da também nova I Am Hell (Sonata in C#) - as duas foram muito bem recebidas e cantadas pelos fãs, apesar de em certos momentos darem uma esfriada no show pelo fato de serem muito longas. Aesthetics of Hatedeu deu mais gás ao show. Vale destacar mais uma vez o entrosamento e qualidade técnica da banda, pois Adam Duce (baixo) e Dave McClain (bateria) formam uma cosinha impecavel, e Phil Dammel forma uma das melhores duplas de guitarristas da atualidade com o lider guitarrista e vocalista Rob Flynn, que despensa comentarios... O cara simplesmete tem o publico na mão, embora em certos momentos enrole demais agitando e falando palavrões, deixando ótimas musicas de fora do setlist como A Thousand Lies do classico Burn My Eyes.


E por falar em classico do Burn My Eyes, os caras mandam a primeira do seu maior álbum, Old, para levar o público ao delirio, seguida de Bulldozere Ten Ton Hammer do segundo trabalho The More Things Change. A essa altura do show já haviam tocado músicas de todos os seus discos, e antes de deixar o palco para o tradicional bis mandam mais uma do novo, Darkness Within, música bem legal, mas ao vivo simplesmente esfriou o show. Na volta da banda com Halo não mudou muito - não que seja uma música ruim, muito pelo contrario, mas é obvio que musicas muito demoradas como essa com seus mais de 9 minutos, quando tocadas ao vivo podem se tornar cansativas (claro que tem quem goste disso, mas bem que poderiam ter tocado outras duas musicas). O carismatico Rob Flynn agita com o público antes de mandar a última da noite: Davidian, seu maior sucesso, surprendentemente cedo para os fãs que queriam e esperavam um pouco mais, de uma banda que demorou quase vinte anos para fazer seu primeiro show por aqui... Náo foi decepcionante, mas poderiam ter sido melhor. O Headliner também poderia ter sido outro...


Sepultura (21:20 as 22:45)
Intro
Arise
Refuse/Resist
Kairos
Just One Fix (Ministry cover)
Dead Embryonic Cells
Convicted in Life
Attitude
Choke
What I Do!
Relentless
Firestarter (The Prodigy cover)
Troops of Doom
Septic Schizo / Escape to the Void
Meaningless Movements
Seethe
Policia (Titãs cover)
Territory
Inner Self
Encore:
Roots Bloody Roots


Machine Head (23:10 as 12:40)
Imperium
Beautiful Morning
The Blood, The Sweat, The Tears                                   
Locust
I am hell (sonata in c)
Aesthetics of Hate
Old
Bulldozer
Ten Ton Hammer
Darkness Within
Encore:
Halo
Davidian


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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André BG



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