Resenhas

Braia e Tuatha de Dannan - CCSP - 12/07/09

Por Fabiano Cruz | Em 14/07/2009 - 22:57
Fonte: Alquimia Rock Club

Como músico, ainda vou beber da água que tem em Minas Gerais. Terra que sempre deu excelentes músicos, desde o mestre da MPB Milton Nascimento ao compositores barrocos da antiga Vila Rica, e muitos outros nomes de vários estilos musicais que a lista seria imensa pra colocar aqui e não é essa a proposta. Mas mais um nome vou citar: Bruno Maia e o Tuatha de Dannan.

Bruno Maia trouxe a São Paulo o show de seu primeiro trabalho fora do Tuatha de Dannan, a banda Braia. Ao entrar na Sala Adoniran Barbosa, pelos instrumentos dispostos – violões, violas, banjos, violino, flautas entre outros instrumentos - e palco montado, já percebemos que seria uma apresentação única e mágica. Divulgando o primeiro trabalho, E o Mundo de Lá, e sabendo que o Tuatha de Dannan tocaria depois alguns sons – essa banda que lá fora é um dos maiores representantes de nosso Heavy Metal, ao lado de Sepultura, Angra, Krisiun e Torture Squad – mais uma vez me iludo com o público brasileiro... Achando que também lotaria o CCSP, tinha por volta de 300 pessoas. Ainda eu quero entender, pois o preço era acessível e não estava nem um pouco chovendo. Será que o frio espanta tanto assim as pessoas de prestigiar um show? Azar que quem não foi, pois num clima bem próximo entre banda e fãs, a apresentação do Braia começa com Irish Theme, tocado com um bagpipe! Tocando uma melodia típica celta, Bruno Maia e banda entram ao palco tocando Sláinte a La Brasilis, uma das melhores composições que Maia já fez, mostrando toda a sua versatilidade como compositor, misturando música celta e música típica nacional. E a música alegre e contagiante de Braia se segue com Tempos Idos e Dança do Abismo. Acompanhado de instrumentistas de alto nível, como o baixista Giovanni (que também faz parte do Tuatha de Dannan), o violinista Roger Vaz e Julio Cesar no bandolin, a que mais se destaca em palco, talvez até mais que o próprio Bruno Maia (!), é a linda e graciosa vocalista Fernanda Ohara. Como canta essa menina! Roubou a cena na música Falalafada (um dos pontos altos da apresentação).

Após Ranna Monna e a mais celta de todas tocada na noite, Brunebriante Papoula Dançante, novamente vemos todo o talento de Fernanda na música Juras Promesas – uma das mais aguardada pelo público. Tenho que resaltar também a tamanha facilidade de Bruno Maia com os instrumentos musicais, tocando bandolin, violão, viola e flautas; um multinstrumentista de alto gabarito! Após Lua, Maia e banda saem de palco deixando somente teclado e a Fernanda no palco para um solo dela... num clima meio oriental, ela faz um dos mais belos solos que já vi no meio da música popular. Sinceramente, não tenho palavras pelo encanto e beleza pelo que vi e ouvi... Ela sai e é a vez do baterista Anderson fazer seu curto, porém certeiro solo, seguido e terminando essa parte de solos com as melodias do violino de Roger. Apesar de Bruno ter cedido espaço para três pessoas fazerem suas partes solos, não foi nada enfadonho, pois foram curtos e diretos, sem enrolações. Com todos em palco novamente, a banda toca a melhor canção do disco de estréia de Braia: Pinga do Duende Maluco, numa excecução perfeita, onde nem a pequena falha do microfone do Giovanni atrapalhou o desempenho do grupo!

Depois de executar as músicas do álbum de estréia do Braia, Giovanni e Bruno ficam no palco e chamam os companheiros do Tuatha de Dannan. Mas... e os instrumentos? Sem pausa entre uma banda e outra – tá, teve uma pequena pausa ounde o guitarrista Berne demorou um pouco a entrar no palco, mas que mal foi sentida por causa das piadas e conversas que o Bruno teve com o público – Já senti que seria especial e mágico o show meio acústico deles. E foi! Com Rodrigo Berne, o tecladista Edgard Britto e o baterista original Rodrigo Abreu se juntando aos que já estavam em palco, Giovanni, Bruno e Roger, a banda coeça com um dos seus maiores clássicos, a Dance of the Little Ones, seguida de Believe It’s True!.

Nesse tempo a magia e a alegria das músicas do Tuatha de Dannan, muito mais acentuadas pela forma semi-acústica que foram tocadas, já contagiava a todos presentes. Desde Us do primeiro registro da banda, a The Last Words, música composta para o projeto brasileiro Hamlet, eles se mostram bem entrosados, fruto de anos juntos, principalmente pelo fato do Giovanni, Berne e Bruno fazem vocais principais e backing vocal. Não tinha como não se emocionar em ouvir a bela melodia de Behold the Horn of King, em não cantar junto com Bella Natura ou não começar a arriscar uns passos de dança celta com Tir Na Nog. A lenta e melódica Tan Pinga Ran Tan é emendada com a divertidíssima Finganfor, levando todos a cantar jusntos com eles, finalizando assim de uma forma bem alegre a apresentação.

Em fim, uma apresentação bem íntima e descontraída entre banda e público, com a banda deixando todos contentes com que viram. A banda anunciou o lançamento de um DVD futuramente com as imagens desses shows (se apresentaram também na Sábado, dia 11), e esperamos que lancem um álbum de inéditas logo, pois o último, Trova di Danu, foi lançado já a 5 anos atrás...

E como diz uma das melhores composições da banda: BELIEVE, IT'S TRUE!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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