Resenhas

Armored Saint e Hellish War - 03.06.2018 - Fabrique Club, São Paulo, SP

Por Fabiano Cruz | Em 06/06/2018 - 00:02
Fonte: Alquimia Rock Club

Fotos: Daniel Ferreira Rocha

 

Primeiro domingo de junho foi típico da capital paulista, um tanto frio e nublado, e com vários shows pela cidade para o povo do Heavy Metal e suas diversas vertentes. Mas um seria o Heavy Metal em sua essência: Armored Saint. Confesso que por mais que a banda seja uma das mais respeitadas, (afinal, desde os anos 80 lançam trabalhos) não pensaria que teria um bom público e de fato, poucos minutos antes de começar tinham poucas pessoas na casa. Esse fato talvez tenha prejudicado a banda de abertura, a excelente Hellish War, com seu Heavy tradicionalíssimo. Mas a banda do interior paulista não se intimidou e fez uma bela apresentação, mesmo com detalhes que a banda poderia ter sido muito mais produtiva em palco, o primeiro a questão do som; absurdamente alto, o som pareceu muito embolado no começo, e quando a mesa de som equalizou tudo, já estava nos finais do curtíssimo set. Em segundo, justamente o set curto; com um set maior a banda tocaria sons já bem aquecida em palco aumentando a adrenalina do show. E em terceiro, a falta do guitarrista Daniel Job (não tenho maiores informações do motivo) acarretando na apresentação de Vulcano sozinho nas seis cordas. Mesmo assim, driblaram tudo isso com maestria e canções como a abertura com “Keep It Hellish”, “Destroyer” e “Defenders of Metal” soaram um arregaço ao vivo! A banda também foi coesa no palco, com Vulcano mandando muito bem sem uma segunda guitarra e JR segurando com precisão a harmonia das canções. O fechamento com “We Are Living For Metal” deixou uma sensação de algo faltando, claramente mostrando que a banda poderia ter tido uns minutos a mais do que os pouco mais de 30 minutos no palco... 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Após poucos minutos de intervalo, inclusive muitos foram pegos de surpresa na área externa da casa, (inclusive esse que vos escreve) e o Armored Saint entra sem rodeios no palco com “Win Hands Doom” (faixa título de seu último trabalho) e logo em seguida já na cara um clássico do Heavy Metal: “March of the Saints”. Preciso dizer que já foi jogo ganho? O Armored Saint nunca tinha vindo ao Brasil até então, e era nítida a alegria contagiante deles no palco; a energia da banda é imensa e não caiu em nenhum momento da apresentação. A turnê divulga seu mais novo disco, mas o que vimos foi uma seleção de clássicos e mais clássicos do Heavy Metal norte-americano, como “Tribal Dance”, “Nervous Man” e “Last Train Home”; do último trabalho mesmo somente duas, a já citada de abertura e “Mess”.

 

O show da banda é contagiante, com seu Heavy Metal calcado um pezinho no Thrash; e a conversa com o público se dá pela música em si: fãs cantando refrãos, “jogos” com o vocalista Bush, coro aqui e ali pelas canções. Bush manda escolher entre “Chemical Euphoria” e “Raising Fear”, e o público brasileiro escolhe a segunda opção, participando, mesmo que pouco, do set list. Aliás, Bush é o carisma em pessoa, puta presença de palco! Fora uma técnica vocal inquestionável... O ápice da apresentação foi em “The Aftermath” quando o mesmo sobiu no balcão do bar da casa para cantar e desceu junto ao público, sendo rodeado pelos fãs em uma roda, numa atitude humilde por parte do vocalista e respeitosa por parte dos fãs; mágico!b

 

Outro destaque é o baixista Joey Vera, mostro! O que toca ao vivo é impressionante, em muitos momentos com os arranjos do contrabaixo se sobressaindo as duas guitarras!!! E igualmente a Bush, que agita sem parar, utilizando todo o palco e fazendo caras e bocas aos fãs. Claro, a banda em si é coesa e afinada, uma perfeição no som, de uma qualidade imensa, apesar de ter ficado absurdamente alto, sendo esse um ponto negativo, porém não atrapalhou em absolutamente nada a apresentação... Após Bush voltar ao placo depois de cantar entre os fãs e rumando ao final, foi porrada atrás de porrada: “Left Hook From Right Field”, “Reign of Fire” e “Can U Deliver”, para delírio dos fãs, verdadeiras joias da história do Heavy estadunidense perdido no tempo; aliás, o público que me preocupou no começo, triplicou no Armord Saint, me surpreendendo, vendo como a banda é um tanto cultuada no Brasil. E finalizam a apresentação sem rodeios com “Mad House”!

 

Devido às proporções, uma apresentação do Armored Saint não fica nada, nada, nada atrás de medalhões do Heavy Metal, em questão de energia e qualidade sonora; aliás, não teve palco e nem iluminação estrondosa, bastou eles ali, com garra, profissionalismo e principalmente alegria de estar em palco para que essa apresentação figure entre uma das melhores que já vi no estilo. Uma belíssima estreia (ainda que demorada) do Armored Saint em terra brasileira, e que retornem mais vezes!

 
 
 
 
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




blog comments powered by Disqus