Resenhas

Joe Lynn Turner no Brasil

Por Fabiano Cruz | Em 06/08/2009 - 17:09
Fonte: Alquimia Rock Club

Com a extensa turnê do Joe Lynn Turner, ex-vocalistas de algumas das maiores bandas do Hard Rock (Deep Purple e Rainbow) e de inúmeros excelentes projetos musicais, o Alquimia Rock Club acompanhou a banda pela sua passagem pelo estado de São Paulo, o que ocorreu em três cidades: Jundiaí, São Paulo e Novo Horizonte.

 


30/07/09 – San Remo – Jundiaí

 


Em seu primeiro show em São Paulo, a banda faria sua apresentação na casa San Remo, em Jundiaí – o qual vem aos poucos se destacando como uma boa casa de show alternativa no estado, onde já teve shows de grandes bandas, como o Krisiun e terá uma apresentação da turnê conjunta do Sepultura e Angra, porém a casa receberia seu primeiro show internacional. A casa, apesar de uma ótima acústica e espaço, se mostrou um tanto desprevenida para um evento internacional, o que causou um atraso razoável na programação que culminou em alguns problemas, e mostrou também um pouco perdida na divulgação do evento. Uma pena, pois as poucas pessoas que lá estavam (cerca de 300 num espaço que cabe em torno de 2.000) eram de todas as cidades dessa região do interior paulista,; pessoas vindo de Campinas, Atibaia e outras cidades da região. Com certeza, com uma divulgação maior, a casa teria pelo menos 3x mais de púbico presente.

 


Bem, contado três bandas de abertura, o evento se atrasa consideravelmente por causa dos problemas técnicos que a casa apresentou. Com as portas abertas ás 20:00, a banda do Joe Lynn Turner ainda passava o som... Começando bem tarde do previsto, a primeira banda foi um cover do Iron Maiden. Como a casa foi responsável pelas bandas de abertura, aqui também já se mostrava outra pequena falha deles. Sem desmerecer os caras - pelo contrário, apesar de mínimas falhas, achei a banda muito fiel ao som do Iron – não seria apropriada a ser uma banda de abertura; poderia ter colocado alguma banda ligada ao Hard Rock e sons próprios, o que tem várias bandas na região. Mas os rapazes mandaram muito bem com clássicos do Maiden, como Wasted Years, The Number of the Beast e 2 Minutes to Midnight.

 


Já quase 1:00 da madrugada – lembrando que era uma quinta feira, ou seja, muitos ainda trabalhariam na sexta... – sobre o Tenebrário no palco. Uma banda muito boa, com seu Heavy Metal ora beirando o Thrash (juro que alguns riffs lembram o Testament), ora Stoner! Uma sonoridade única, porém a banda tocou somente três sons, pois não poderiam esticar mais seu tempo. Bem, uma coisa aqui anotada, achei desnecessário a atitude do baixista e vocalista, reclamando inconformado. Sei que é chatíssimo ser cortado do palco (eu, como músico já fui algumas vezes), mas realmente os problemas da casa afetaram a todos e não somente a eles, e se não tivessem seu set encurtado, acabaria já amanhecendo as apresentações.

 


Duas horas da manhã, após alguns reajustes de equipamento. Sobe no palco a banda que acompanha Joe Lynn Turner nessa turnê: Andy Robbins (baixo), Garry King (bateria), Beto Peres (guitarra), Marssal (teclados) e Andres Montoya (guitarra), começando o show com a clássica absoluta Highway Star (sim, a mesma que tu pensou). Logo de início percebemos o tanto que o Lynn Turner está em forma, emendando com outro clássico absoluto do Hard Rock, I Surrender, de seu tempo como vocalista do Rainbow e tocando logo em seguida mais uma do Purple, pores esse som sendo de seu disco gravado Slave and Masters, a King of Dreams.

 


O Lynn Turner é um verdadeiro frontman e showman, sempre com o público em suas mãos e, pasmem! Rebolando como nunca! Acho que em 15 anos acompanhando o Rock ‘n ‘Roll em vida nunca ninguém rebolar e fazer tantos gestos, hummm, digamos “afeminados” assim no palco! Após a excelente Blood Red Sky de seu trabalho solo Second Hand LIfe, ele toca mais uma do Rainbow, a fantástica Streets of Dreams. Promovendo seu mais novo trabalho solo, Sunstorm, vemos a banda tocar Divided segida de mais um clássico absoluto do Rainbow, a Stone Cold. A banda que acompanha o Lynn Turner é perfeita, principalmente o guitarrista brasileiro Beto, que aqui toma a frente das seis cordas e do extraordinário baterista Garry. Com o time que Lynn Turner juntou, a musica já poderosa Devil’s Door ficou mais forte ainda, como o “hardão” do Rainbow Death Alley Driver. A parte romântica fica com a balada Love Conquers All, também se seu álbum gravado como Purple. Hush, uma das músicas mais coverizadas do mundo (não, muita gente acha mas ela não é do Purple, e que entre outras inúmeras bandas que coverizou esse som também temos o Gotthard), que esta em seu álbum tributo a suas influências. Uma surpresa, a banda manda Burn, outro clássico do Purple, que foi cantada perfeitamente pelo Lynn Turner e o guitarrista Andres fazendo as vozes que no original o Gleen Hughes fazia. Como não tinha grades e seguranças separando público e banda, na Burn começou alguns fãs subirem ao palco para agitar, porém com respeito ao Lynn Turner e banda não atrapalhando em nada a apresentação, e a banda deixando os fãs bem livres.

 


Após uma pequena pausa, a banda volta ao bis tocando mais Deep Purple: Smoke and the Water e fechando com Perfect Strangers, sendo que nessa última, como estavam os fãs subindo ao palco sem que ninguém barrasse, subiram duas “Hard Woman” que, com todo o respeito à palavra, gostosas pra cacete, que dançaram e abusaram de danças sensuais conforme o ritmo do som; é óbvio que o titio Lynn Turner adorou a performance das moças, que durou a música inteira!

 


Após o show, o camarim foi aberto para que os fãs pegassem autógrafos da banda, mas depois de um tempo, eles, e o próprio Lynn Turner, já estavam fora do camarim com o público numa confraternização entre artista e fãs bem legal e com todo o respeito de ambas as partes. Contando que o show começou bem atrasado, isso já eram 4:30 da matina....

 


01/08/09 – Juiz de Fora – MG

 


A banda seguiu sem perder tempo para Juiz de Fora, única apresentação em Minas Gerais. O show foi perfeito também, sem alteração no set list e com a banda mostrando um profissionalismo extremo, pois não é fácil tocar atrasado e encarar uma viagem numa van pra MG para tocar no dia seguinte...

 


02/08/09 – Blackmore Rock Bar

 


Bem, finalmente o que talvez fosse o principal show dessa turnê nacional, e pela segunda vez Joe tovando na casa, pois já tinha se apresentado lá anos antes em um show com o Tony Martin.

 


Para a banda de abertura, foram chamados os rapazes do King Bird. Eu já conhecia o som típico Hard Rock, bem anos 70’s dessa banda, mas falar da atuação do vocalista João Luiz e banda... putz! Como os caras tocam ao vivo! Numa apresentação contagiante (que não tinha como ficar parado), a banda desfilou grandes canções de seus dois álbuns de estúdio. A abertura do show ficou com a paulada Road to Ruin, seguida da rocker Let the Rock Roll. E não faltou a já clássica Sunshine, a divertida Old Jack, a bela Mother Nature, a “zepelliana’ Here Comes the Zepellin e o cover de Highway to Hell (desnecessário falar de quem é....). A banda toca todos seus sons com muito profissionalismo e entusiasmo, o que faz ela soar única no palco. Principalmente também pelos inúmeros timbres de guitarra que Silvio Lopes faz, com o baixo gorduroso e potente do fábio César e com a matadora bateria do Marcelo Ladwig, sem contar os já citados vocais do João, que, ao meu ver, é um dos melhores vocalistas que temos hoje no Brasil. Eles fecham com a Cross the Muddy

 


Num intervalo de tempo médio, sobe o Joe Lynn Turner e banda. O set ficou quase o mesmo das apresentações anteriores, com a surpresa do acréscimo da música Jealous Lover, um som pouco conhecido (mas não menos foda que as outras músicas) do Rainbow que so saiu na coletânia Finyl Vinyl. Bem eu falando isso, vocês devem se perguntar “e não teve nada de diferente?”. Sim teve. E as diferenças que fizeram essa apresentação do Joe Lynn Turner a melhor nos solos brasileiros.

 


Primeiro, por ter sido aniversário do Joe no dia! Não teria certeza de afirmar se foi por causa disso, mas que a banda estava afinadíssima, isso estava, e a alegria tomava conta do Joe. Nem as pequenas falhas de equipamento, como microfonias, que nas outras apresentações ele ficou puto, nesse ele soltaram um “fuck, let’s rock”; e agitou mais que nunca em palco.

 


Segundo, após o show normal (também fechada com a Perfect Strangers), é anunciada uma Jam session! Ao palco com o Lynn Turner, volta o Beto, mas no contra-baixo, o João Luiz pra cantar junto com o Joe, Paulo Zinner, um dos mais conceituados bateristas do rock nacional e mais alguns amigos. E a Jam começa com Black Night do Purple, mas quem pensava que seria so uma ou duas músicas, se enganaram... Num espírito bem Hard Rock setentista, a Jam durou pelo menos meia hora de solos de guitarra e vozes passando por vários clássicos, como Lazy, Voodoo Child, Hey Joe, Long Live to Rock ‘n ‘Roll e Strange Kind of Woman, terminando ela com a própria Black Night que começou! E fora os duetos com o João Luiz, o Joe também deu uma aula de improvisos na guitarra, surpreendendo muita gente!

 


Após a festa no palco, ela se estendeu no camarote com muitos fãs autografando suas relíquias do Lynn Turner e cantando parabéns, com direito a bolo de aniversário e tudo mais!

 


03/08/09 – Novo Horizonte – SP

 


Por alguns probleminhas, o Alquimia Rock Club infelizmente não pode acompanhar a banda em Novo Horizonte, mas sabemos que foi outra apresentação impecável, mesmo que com a banda cansada (pois foram quatro apresentações seguidas). Logo a banda seguiu para um curto descanso e rumaria para as apresentações no sul do Brasil

 


Considerações finais.

 


Bem, foram ótimos shows de puro Hard Rock, mesmo com alguns probleminhas técnicos e pessoais que não é o caso que postar aqui e meter o pau em ninguém, e sim mostrar o quanto, mesmo com as dificuldades, as cidades do Brasil tem sim como fazer eventos internacionais de grande duração. Isso já foi mostrado na turnê brasileira do Blaze Bailey e agora foi mostrada com o Joe Lynn Turner. Que aconteça mais vezes isso em território nacional!

 


- O Alquimia Rock Club agradece as produtoras Satisfaction Shows e Garnier Produções por ter convidado o Alquimia a estar esses dias ao lado acompanhando a banda e produção

 

- As fotos foram tiradas do site Rock on Line, pois infelizmente tivemos problemas com os arquivos pessoais do Alquimia. Desculpamos-nos pela falha.

 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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