Warshipper - 2020 - Barren...

Resenhas

Por André BG | Em 21/12/2020 - 02:25

Fonte: Alquimia Rock Club

A arte de “Barren...” por Brenda Cassimiro (@brendacassimirotattoo)

Quando o assunto é Death Metal, a brutalidade, o peso, e a velocidade do som são alguns dos termos que sempre surgem na cabeça do público apreciador desse estilo. Sim, a técnica das composições também é algo essencial em um bom disco do gênero, bem como o conceito das letras, que normalmente tendem para alguns clichês é verdade, como morte, destruição, criticas a religiões, etc., na maioria das vezes de forma bem simplória, o que não é exatamente algo ruim ou negativo, já que esses são temas que sempre casaram bem com o gênero. Mas de tempos em tempos, algumas bandas aparecem com a proposta de tentar mostrar conceitos diferentes em seu trabalho, e os paulistanos do Warshipper dão um bom exemplo disso em seu terceiro álbum “Barren...”.

A banda formada em 2011 e atualmente contando com Renan Roveran (guitarra/vocal), Rodolfo Nekathor (baixo/vocal), Rafael Oliveira (guitarra) e Roger Costa (bateria), não necessariamente reinventa a roda aqui, longe disso, mas certamente mostra uma perspectiva diferente para o estilo nesse que é primeiro álbum conceitual do grupo, tratando de temas como os padrões predefinidos e impostos pela sociedade no que diz respeito a varios temas, como questões de gênero, raça, orientação sexual, dependência química ou mesmo condição emocional/mental, com o quarteto definitivamente se posicionando contra tais imposições. O resultado disso é um trabalho rico em detalhes e em alguns momentos podendo até ser considerado um pouco complexo para os padrões do estilo,

Com uma hora e quatro minutos de duração gravados no Casanegra Studio em São Paulo/SP sob a ótima produção de Rafael Augusto Lopes (Crypta, Zumbis do Espaço, Living Metal), a banda mostra diferentes facetas que vão muito além da brutalidade e peso do Death Metal, mas sim, esses ingredientes típicos estão presentes aqui também e logo de cara com a faixa de abertura “Barren Black”, uma porrada pra ninguém botar defeito, já a sequencia com “Axiom” e suas mesclas de partes mais pesadas e melódicas tanto no instrumental como nos vocais, que em alguns momentos são guturais e em outros são limpos, nos remetendo a trabalhos do Testament, mestres em fazer esse tipo de mescla. Mas é em “Respect!”, terceira faixa, que temos um dos melhores momentos do trabalho, além de ser uma composição implacável, a música com participação especial da vocalista Fernanda Lira (Crypta, ex-Nervosa) tem em sua letra uma boa amostra no conceito do trabalho como um todo, fechando essa trinca inicial, literalmente de respeito.

“Numb - Pleasures of Possession” e “Licking The Wounds” são mais alguns dos destaques em termos de peso e brutalidade sonora, com um trabalho louvável na parte das guitarras, com riffs e solos totalmente insanos. Já “Anagrams Of Sorrow” surpreende pelos arranjas melódicos e partes ao violão e com letra inspirada em um poema de Letícia Grécio, a música da um leve toque de sutileza em meio à brutalidade sonora do álbum, encerrado em grande estilo com a épica “Knowing Just As I (Detachment)” e seus quase 10 minutos de duração e um pé no progressivo, certamente a mais inusitada do trabalho.

Outro detalhe interessante é o fato das iniciais de cada uma das 11 músicas do tracklist formarem um anagrama da palavra "Barren Black", nome da primeira música do álbum, como pode ser visto abaixo:

Resumindo, “Barren...” é o tipo de álbum que merece ser ouvido acompanhando as letras, seja com o encarte em mãos ou pelas plataformas digitais onde existe esse recurso, para assim melhor absorver seu conceito. Certamente esse é o melhor e mais completo trabalho do Warshipper, podendo ser considerado um divisor de águas na carreira da banda.

Faixas:

1- Barren Black

2- Axiom

3- Respect!

4- Rabbit Hole

5- Embryo

6- Numb – Pleasures of Possession

7- Beneath The Burden

8- Licking The Wounds

9- Anagrams Of Sorrow

10- Compulsive Trip

11- Knowing Just As I (Detachment)