Nervosa - 2021 - Perpetual Chaos
A arte do álbum Perpetual Chaos por Abrar Ajmal
É sempre uma situação delicada quando uma banda passa por mudanças na formação, principalmente quando essa mudança é no vocal, posição normalmente de muito destaque em um grupo, essa mudança pode vir a ser ainda mais difícil quando já se há certo tempo de atividade com vários álbuns lançados, o que cria uma identidade ainda mais forte com o público, exemplos dentro do Metal nacional e internacional não faltam. Mas o fato é que a Nervosa não perdeu apenas sua vocalista Fernanda Lira, mas também sua baixista, (função também ocupada pela mesma) e sua baterista Luana Dametto, que no dia 25 de abril anunciaram suas respectivas saídas por motivos pessoais do então trio, restando a guitarrista e fundadora Prika Amaral a dura missão de reformular a formação, anunciando no dia 06 de maio as novas integrantes, sendo elas; a espanhola Diva Satanica (vocal, Bloodhunter), a italiana Mia Wallace (baixo, ex-The True Endless, Abbath e Triumph of Death) e a grega Eleni Nota (bateria, ex-Lightfold e Mask of Prospero), formando o agora quarteto, valendo lembrar que tudo isso aconteceu já em meio a pandemia.
Bem, com a formação restaurada, as moças trataram de entrar Artesonao Casa de Grabación Studio em Málaga na Espanha para gravar o sucessor do elogiado “Downfall Of Mankind” de 2018, outra duríssima missão, já que para muitos, esse trabalho marcou o ápice criativo da banda até então. As comparações com a formação anterior são inevitáveis e totalmente compreensíveis, principalmente com relação aos vocais, afinal, a Nervosa já possui uma boa base de fãs que se acostumaram com a voz marcante de Fernada Lira nos três álbuns anteriores, o mesmo podendo ser dito do som de seu baixo, e sim, o fã vai estranhar no início e precisará ser paciente e ao mesmo tempo estar pronto para algo novo, pois se trata de uma nova voz, com estilo e propostas diferentes, porém, com suas diversas qualidades. O baixo é outro ponto que também deve chamar atenção pela diferença no estilo, entrando na mesma questão do vocal, valendo ressaltar que neste caso nem se trata de ser melhor ou pior, mas sim diferente, já que a italiana Mia Wallace possui vasta experiência e um currículo respeitável. Já a bateria a princípio parece ter sido a mudança menos impactante, a exemplo de Luana, Eleni Nota também é uma baterista jovem e promissora.
Passando por todas essas questões de aceitar ou não o novo e partindo para a música, que é de fato o mais importante, a Nervosa nos presenteia com “Perpetual Chaos”, um senhor álbum de Thrash Metal com as tradicionais pitadas de Death Metal que sempre estiveram na veia da banda, bem como as letras que continuam abordando questões sociais, políticas e o capitalismo como um todo. São 13 porradas viscerais que certamente irão cair no gosto dos fãs e agitar o público nos shows pelo mundo afora. A abertura impactante com a violenta “Venomous” seguida de “Guided By Evil” com seu início tenebroso já são um belo cartão de visitas, essa última inclusive foi o primeiro single lançado antes do álbum com seu respectivo vídeo clipe. Já “People Of The Abyss” pode ser considerada um dos temas mais pesados já feitos pela banda, destaque aqui para a bateria, extremamente brutal.
O álbum também conta com algumas participações especiais, a primeira delas é a do guitarrista Guilherme Miranda (Entombed A.D. e Krow) em “Until The Very End”, em se tratando de riffs e solos essa é uma das mais legais do trabalho. E já que o assunto é a guitarra, não se pode deixar de observar a nítida evolução de Prika a cada álbum ao longo de sua trajetória frente a banda, e aqui não é diferente, a guitarrista se superou mais uma vez em riffs e solos impecáveis. Já a segunda participação é de ninguém menos que o mestre Schirmer do Destruction, que divide os vocais com Diva Satanica na porrada “Genocidal Command”, em um contraste simplesmente perfeito entre as duas vozes. Outra figura conhecida do meio a fazer sua contribuição foi o vocalista do Eric “A.K.” Knutson do Flotsam and Jetsam em “Rebel Soul”, essa com uma levada mais na linha do Motörhead ficou muito interessante com os vocais característicos de Eric “A.K.” Knutson.
“Time To Fight” com sua pegada mais old school e o desfecho com “Pursued By Judgement” e “Under Ruins” são mais algumas que grudam na cabeça e merecem destaque, essa última dando origem ao segundo vídeo clipe da nova formação.
A produção do trabalho repetindo a parceria com o produtor Martin Furia, que também mixou e produziu álbum com a coprodução da própria Prika Amaral e a masterização a cargo de Yarne Heylen, certamente também contribuíram e muito para o ótimo resultado final de “Perpetual Chaos” nesse momento delicado na carreira da Nervosa, mas podendo ser considerado um renascimento da banda e não será surpresa alguma se figurar nas listas dos melhores de 2021 pelo mundo afora em seu estilo.
Faixas:
1. Venomous
2. Guided By Evil
3. People Of The Abyss
4. Perpetual Chaos
5. Until The Very End
6. Genocidal Command
7. Kings Of Domination
8. Time To Fight
9. Godless Prisoner
10. Blood Eagle
11. Rebel Soul
12. Pursued By Judgement
13. Under Ruins
14. Exija (faixa bônus exclusiva para o Brasil)
Perpetual Chaos está disponível no Spotify:
Assista “Guided By Evil”: https://www.youtube.com/watch?v=9xs2YGGrbZA&feature=youtu.be
Assista “Under Ruins”: https://www.youtube.com/watch?v=AKUgsbP7PXE&feature=youtu.be
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Foto: Barbara Ciravegna (@babiciravegna)
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