Resenhas

Marenna-Meister - 2020 - Out Of Reach

Por Vagner Mastropaulo | Em 29/01/2021 - 00:36
Fonte: Alquimia Rock Club

 

Arte por: Tiago Medeiros (@xtiagombx

 

Parceiras entre guitarristas e cantores de grupos distintos não são novidade na história do rock, mas costumam render bons frutos, como Coverdale-Page (93), por exemplo, filho único da voz do Whitesnake com a lenda do Led Zeppelin. Em algumas colaborações, o “casamento” rende até mais de um trabalho, como é (ou foi?) o caso do Demons & Wizards, de Hansi Kürsch, frontman do Blind Guardian, e Jon Schaffer – quando o interesse do líder do Iced Earth era maior por música, antes de se tornar um aspirante a agitador político sem-noção...

 

União semelhante teve 50% de DNA nacional no momento em que Andre Matos se aliou a Sascha Peath e ambos criaram Virgo (01). Dobrando a porcentagem, agora temos Out Of Reach, projeto desenvolvido por Rod Marenna e Alex Meister, respectivamente, o vocalista do conjunto que leva seu sobrenome e o antigo dono das seis cordas do Pleaure Maker, atualmente em carreira solo. Só não reduza a empreitada aos dois apenas, uma vez que ela é completada pelo baixista Cris Gavioli e o batera da Silent, L.A. Tilly – que, apesar do nome, é brasileiro.

 

Quem acompanha as trajetórias isoladas da dupla Rod e Alex já tem na cabeça o escopo musical esperado desta junção de talentos: material bastante interessante na linha hard rock, certo? Certíssimo, porém com uma ressalva aos que apreciam a vertente AOR do cantor: ela não está tão latente aqui e tudo certo quanto a isso – que fique guardada para sua banda principal. Simplificando, o álbum possui onze canções (dez e uma bônus track, para os preciosistas), todas entre 3’36” e 4’27”, durações de “Sleeping With The Enemy” e “It Ain’t So Easy (Loving You)”.

 

Curiosamente não há uma faixa-título, sendo a inaugural a que mais se assemelha a isso, com a bem sacada troca do “Reach” por “Touch”, gerando “Out Of Touch” (embora surja um “out of reach” em seus versos) e provocando a agradável sensação de viagem aos anos oitenta, além do desejo de pegar a estrada e sentir o vento no rosto com o som alto, embora nada disso tenha a ver com a letra (confira aqui).

 

Primeiro lyric vídeo disponibilizado, “The Price Of Love” mantém o sentimento de “túnel do tempo”, enquanto “Gimme All You’ve Got” traz riffs marcantes e é difícil não sair cantando seu refrão, de tão bom – não seria exagero imaginá-la na trilha sonora de algum filme da Sessão da Tarde de antigamente, no melhor sentido da comparação. Começando mais sóbria, “I Don’t Wanna Lose You” muda, de certa forma, o tom da conversa, apresenta um quê de Kiss e seu clipe, lançado no final de outubro, já supera quarenta e cinco mil views.

 

“(There’s So) Many Things” é o outro clipe, com belas imagens na Praia de São Conrado (RJ), e tem participações especiais em estúdio: C. Marshall (ex-vocalista do Pleasure Maker); e, nos teclados, Sidney Sohn, que também assina a gravação, mixagem e masterização do play. Com riff e um longo “Oh, yeeeaaahhhh” iniciais muito legais, “Sleeping With The Enemy” “chega chegando”, contagia e desperta a vontade em saber como funcionaria ao vivo, especialmente pelos backing vocals super característicos.

 

Entrando com um fade in, a linda balada “It Ain’t So Easy (Loving You)” acalma a alma, numa mistura do que seria o instrumental do Def Leppard com vocal de Alter Bridge, e diminui um tanto o andamento das coisas, até tudo voltar a acelerar novamente em... “Ride, Ride, Ride” – teria como esperar algo diferente dela?

 

Voando para o fim, pois o que é bom dura pouco, “Dangerous Minds” mantém o padrão de qualidade, assim como “Feel The Hunger”, saideira oficial do full length que deixa o título no refrão grudado no cérebro feito chiclete na sola do All Star branco de cano alto que todo fã de hard que se preze tem, já teve ou deveria ter! Para alegria geral, ainda há a bonus track e primeiro single, “Follow Me Up”, de novo a contar com C. Marshall – esta sim a fechar o álbum causando um problema imediato: quando vem a “segunda dose” dessa vacina?

 

Em suma, Out Of Reach é coeso, de excelente bom gosto e vai satisfazer em cheio os fãs de hard rock, hair metal, geração Stranger Things viciada nos anos oitenta e quem curte os demais estilos dentro do rock e metal, se for cabeça aberta. Informações adicionais? A produção ficou a cargo do próprio Alex Meister; a arte da capa é conceito elaborado por Tiago Medeiros; o design do encarte é de Gustavo Sazes; e as fotografias são de Eduardo Amayo e Roger Clots. E, sério mesmo... quando vem a parte dois?

 

 

Out Of Reach – Tracklist (45’07”): 

 

01) Out Of Touch – 4’06”

02) The Price Of Love – 4’20”

03) Gimme All You’ve Got – 4’07”

04) I Don’tnhy Wanna Lose You – 4’03”

05) (There’s So) Many Things – 4’17”

06) Sleeping With The Enemy – 3’36”

07) It Ain’t So Easy (Loving You) – 4’27”

08) Ride, Ride, Ride – 4’04”

09) Dangerous Minds – 3’45”

10) Feel The Hunger – 4’04”

11) Follow Me Up [bonus track] – 4’18”

 

 

Out Of Reach está disponível no Spotify:

  

 
 
Confira o lyric vídeo de “The Price Of Love”: https://www.youtube.com/watch?v=DeQwcZ39Syg
  

 
 
Confira o clipe de “I Don’t Wanna Lose You”: https://www.youtube.com/watch?v=OHyU6Pu3xjA
  

 

 

Confira o clipe de “(There’s So) Many Things”: https://www.youtube.com/watch?v=q9ZNjPiE-hk
  

 
 
 

 



Vagner Mastropaulo

Bacharel em inglês/português formado pela USP em 2003; pós-graduado em Jornalismo pela Cásper Líbero em 2013; professor de inglês desde 1997; eventualmente atua como tradutor, embora não seja seu forte. Fã de música desde 1989 e contando... começou a colaborar com o site comoas melhores coisas que acontecem na vida: sem planejamento algum! :)




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