Resenhas

Festa Udigrudi com as bandas Mud Shark,Baratas Organoloides e Cosmo Drah - 25/09/09

Por Fabiano Cruz | Em 29/09/2009 - 13:02
Fonte: Alquimia Rock Club

No dia 25/09/09, o Alquimia Rock Club foi ate o espaço Centro Cultural da Consolação para prestigiar Festa Udigrudi, organizada pelos colegas do Coletivo sÓ (um zine que também luta para mostrar o que tem de melhor no underground sonoro). A festa foi feita como uma “prévia” do que será o Festival Psicodália a ser realizado na virada desse ano, já que duas das bandas presentes já estão confirmadas no evento; e muitas outras bandas do cenário paulistano foram prestigiar a festa, como o pessoal do Massahara e do Soul Barbeccue.

 


Chegando ao local, pensei que o som não sairia muito legal, pois o local, mesmo sendo bem underground, carece de mais cuidados de quem administra a casa. Olhando os panfletos colados á parede, percebi que eles não dão atenção somente ao Rock, e sim a vários estilos, como a MPB e o Jazz, que as bandas que estão começando precisam de espaço como esse para mostrar seus trabalhos. Apesar de ficar cismado quando entrei, o som rolou perfeito na casa, dando pra ouvir instrumento por instrumento sem embolo nenhum! Méritos para o rapaz da mesa de som, que equalizou muito bem as bandas.

 


Bem, a primeira a subir no palco foi o Mud Shark. Um rock’ n’ roll baseado nos anos setenta brasileiro, com influências que vão do Hard Rock à MBP e guitarras cheio de wha-wha, a banda começa com tudo com sua versão da Hey Amigo do Terço. Duas músicas já bem conhecidas da banda a quem acompanha ela, Gato de Botas e Não Vendi Minha Alma Para a MTV dão espaço para mais um cover, a inusitada versão de Dê Um Role de Gal Costa! O som lisérgico cheio de improvisos pra lá de interessantes são bem casados pela performance louca do baixista/vocalista Erich Jones... Como o cara agita! Ele no palco lembra muito as bandas antigas, onde o prazer de estar no palco é visto na sua pegada no baixo e no seu movimento pelo palco... A anunciada como primeira vez tocando Queimando por Dentro é seguida da psicodélica Cantos Lisérgicos. A já clássica no underground paulistano (todos que estavam já conheciam essa música) Da Lama aos Céus abre espaço para a saideira com um medley do Secos & Molhados (o que continha O Vira, Amor, Assim Assado entre outras). Um ótimo show que agitou bastante o pessoal (onde alguns até arriscaram uns Stage Dive!)

 


Sem perder muito tempo, Os Baratas Organolóides subiram ao palco. Ao contrário das outras bandas, eles eu não conhecia, e foi um verdadeiro choque ouvir o complexo som dos caras! Apesar de falarem que fazem Rock’n’Roll, a arte dessa banda não tem nenhuma definição! No meio do caldeirão que misturam Rock, MPB, Jazz e Progressivo, a massa sonora faz a banda ter identidade única! Músicas como Cheirinho de Mato Verde, Feijão Mágico, Ventania, Sapato Branco Brilhantina e Farofa mostram todo o potencial criativo da banda. Os músicos são excepcionais, principalmente o baixista Jabba Jabba, o qual seu baixo fretless (um instrumento raríssimo dentro do rock – se for falar em algum instrumentista que toca baixo fretless no rock vem dois na cabeça: Bill Wyman do Rolling Stones e Steve DiGiorgio que mostrou o fretless no Metal no Death) comeu solto em linhas totalmente jazzísticas dando aquele tempero especial nas músicas. Baratas Organolóides e Neurônio da Terra abrem espaço para o último som, o contagiante Rock de Bolha de Rock.

 


Fechando o evento, a noite terminaria com o Hard/Blues do Cosmo Drah. Abrindo com Bem Vindos e com Nova Estação, o peso do Hard Rock toma conta do CCPC. A cozinha espetacular dos irmãos Renato e Elton Amorin é a base da sonoridade contagiante da banda. Não tinha como ficar parado ouvindo sons como Hospício, Eterno e O Poder. A guitarra de Ziemmer e a voz de Ruben Yanelli ficam bem soltas, com os músicos fazendo o que querem nas músicas Subversão e Mágica do Tempo. A faixa que leva o nome da banda Cosmo Drah (para mim, a melhor composição do quarteto) leva ao encerramento da apresentação deles com a versão de Bicho do Mato do Som Nosso de Cada Dia (apesar de que ficou um pouco vazia pela falta de teclados – importante na música – Ziemmer segurou muito bem na guitarra) e um medley com clássicos do rock como Fire do Jimmi Hendrix e Come Togheter dos Beatles. O último som é o lado B do começo de carreira do Sabbath: Wicked World, deixando todos de boca aberta, tanto pela surpresa como pela execusão dela (bandas que tocam Sabbath em seu repertório aprendam: não existe somente Paranoid e War Pigs, ok?)

 


Três excelentes apresentações onde vimos que muitas bandas merecem (e precisam!) de espaço para mostrar seus trabalhos, pois o profissionalismo e a criatividade delas estão cada vez maiores. E que o Coletivo sÓ faça mais eventos como esse e o CCPC continue abrindo o espaço para as bandas que lutam por um lugar ao Sol!


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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