Além dos Cogumelos

King Crimson e o Palm Beach Festival

Por Fabiano Cruz | Em 24/01/2012 - 20:33
Fonte: Alquimia Rock Club

Década de sessenta foi uma das mais importantes para a história da música, principalmente nos EUA, onde a filosofia de liberdade e paz se misturava às hoje eternas canções psicodélicas e essas, por sua vez, lutavam contras as mudanças negras em que o mundo passava se refletindo no Rock’ n’ Roll, e esse aos poucos se tornava em tons mais escuro e experimentais. O ápice foi no festival Woodstock em 1969, um dos maiores festivais da história, mas poucos sabem que três meses depois, no Oeste norte-americano, na Califórnia, aconteceu o Palm Beach Pop Festival que, mesmo sendo menos falado, foi tão importante quanto...


Três dias de eventos e mais de 50.000 pessoas, o Palm Beach Pop Festival reuniu nomes hoje imortais, como Rolling Stones, Jimi Hendrix, Grand Funk Railroad, Janis Joplin, entre outros, incluindo o nome que ilustra a matéria, King Crimson. No meio de chuva, frio e lama, o King Crimson fez uma apresentação em que chocou os presentes com suas canções. Com somente um disco na bagagem, In the Court of Crimson King, os presentes não estavam preparados para tamanha inovação que Robert Fripp, Greg Lake, Ian McDonald e Michael Giles traziam em seu som. David Jacques, então na época com 13 anos, pelo fórum Music Player (forums.musicplayer.com), nos relatou o show do King Crimson e o impacto que a banda deixou no festival...


“Eu já lhes contei sobre a minha experiência com o King Crimson? Tinha 13 anos de idade e fui para meu primeiro festival de Rock, em West Palm Beach... Sentado na lama e na chuva na noite de sexta-feira, depois de assistir aos alucinantes shows de Janis Joplin, Johnny Winter e Vanilla Fudge, essa nova banda da Inglaterra entra em palco. Nome estranho, King Crimson... Bem...


Não sei dizer se foi efeito das drogas, ou a euforia por causa da grande música, ou sei lá o que... Mas eu comecei a ouvir esse som incrível.... Eles abriram com Pictures of a City... E esse som... Tão completo para um quarteto... O som poderoso dos metais. A voz de Lake... E guitarra de Fripp. Completamente me hipnotizaram. Em seguida, Epitaph... ‘Onde está a Orquestra?’ Eu vejo um grande órgão no palco, mas como eles estão fazendo esse som? Mais quatro ou cinco músicas, e o setlist acaba. A platéia aplaudiu em pé... Exigimos mais uma. Todos paralisados pelo ‘super grupo’ que atingiu as costas da América. Eles voltaram com Mars... Ian esmagando unidade de reverberação em cima do Mellotron.... Explosões de som através dos alto-falantes. Em seguida, foi acabando...


Todos voltaram para suas barracas falando somente sobre o que acabara de acontecer. No sábado, eles fizeram isso novamente.... A multidão foi ainda mais intensa...


Eles foram programados para tocar também no Domingo, mas a apresentação foi cancelada devido a limitações de tempo. Então, esperamos duas horas para o show dos Stones. Isso me irritou. Mas foi um incrível festival de artistas... Com todos os ‘superstars’ no festival, duas bandas novas foram as surpresas... King Crimson e Grand Funk... “



O som inovador de Fripp e seu King Crimson continua deixando qualquer um abismado, até nos dias de hoje, fazendo com que a banda seja considerada uma das mais importantes do Rock Progressivo, quiçá da história do Rock’ n’ Roll.


(O Alquimia Rock Club agradece ao próprio David Jacques por permitir traduzir e publicar seu relato e ao amigo Mitch Carvalho por fazer os contatos entre nós!)


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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